... e que se chama Maria João Baptista Neto
Comecemos por um excerto escolhido num artigo: "Better homes: Can housebuilders and architects ever see eye to eye?" , 17 July, 2015 | By James Pallister, Will Hurst
“…So, oversimplifying a little, could a better partnership be forged between the serial dreamers (the architects) and the market-driven pragmatists (the housebuilders)?
Could this help us solve the housing crisis in the long-term? And what do volume housebuilders actually look for in an architect?...”
Pois é, há dias recolhemos o excerto anterior (cujos autores são referidos) numa das Newsletters que vamos recebendo: concretamente num AJ News.
Quem nos conhece melhor sabe da influência que desde cerca de 1975 esse Journal foi tendo na nossa formação.
Por essa altura sim, o tema que mais nos interessaria seria mesmo o Housing, e já agora também “Homes and Dwelling”.
Mas hoje que a nossa cabeça está tão mudada, mais por dentro Thanks God e a Maria João Baptista Neto (+ uns pozinhos vindos negativamente, mas úteis, do lado do IADE); hoje ficamo-nos pela ideia dos arquitectos como “Serial Dreamers”.
Mais, ficamos com a consciência de que se não fosse a nossa profissão (e portanto é uma grata e grande deformação profissional) alguém diria que tanta instabilidade - e sobretudo essa constante do Sonho - poderia ser vista por outros como uma doença:
Gravíssima!!!
Muitos dirão que é Bipolar, mas outros - esperem pelo nome que há versões para isto «em estrangeiro» - dirão dos mesmos sintomas que se trata da Doença de Asperger.
Seja lá o que for damo-nos muito bem com a dita, e se, sendo aspies, afinal esses são bons ingredientes, muito úteis para o mundo das Artes.
Leiam então: “Os «aspies» são, por isso, muitas vezes apelidados de estranhos, excêntricos, diferentes, extravagantes ou esquisitos.”*
Já os “non-ASPIES”, que como se pode ver é uma pragmaticíssima Maria João Baptista Neto - alguém muito terrestre (talvez telúrica, como os construtores civis, muito agarradinha à sua «bolsinha pragmática», ao solo e ao chão que pisa?); esses que terão outras doenças - também do foro comportamental, e lembre-se portanto a cleptomania?... Será que já lá vai o tempo em que as proporções de cimento e areia eram substancialmente alteradas? Se houver um sismo sério não se vai ficar a saber de todo o ferro e de todo o cimento que não terão desviado os pragmáticos e telúricos: i. e., os que se aproveitam dos sonhos que habitam as mentes dos serial dreamers?
Pois essas pessoas de mentes tão límpidas - que sabem muito bem onde querem chegar, nada maníacas, porque sempre muito preocupadas/dirigidas aos seus bolsos e bolsinhas, será que eles perceberam (honestamente e em consciência?) que o grande negócio das suas vidas é eles próprios serem mais ociosos e dilentates? Negando aos outros, claramente, o direito ao ÓCIO a que também poderiam chegar e usufruir? De terem algum direito (não fossem eles Aspies, ou, em linguagem mais nossa - demasiado trabalhadores), a gozar o tempo que passa, menos ocupados; com menos trabalho?
Pois então, nessa sua «honestidade», pelo que se vê, aqueles a que estamos a chamar telúricos, muito pragmaticamente põem os Aspies a trabalhar. E dito curto, sobretudo põem-nos a render! Claro que, para um dia os poderem espoliar, mais aos valores intelectuais que tão afanosamente – como verdadeiros Serial Dreamers - durante todo o tempo estiveram a produzir.
Apresentando-se assim – «os telúricos da bolsinha cheia» (ou dito in english - the market-driven pragmatists, também chamados "housebuilders") - como os verdadeiros e grandes vivenciadores dos maiores deleites muito «terrenos»: como as pessoas que são totalmente incapazes de por as mãos na massa (que é a matéria intelectual), mas de apenas usufruírem do seu «fermento», que outros lhe instilaram. Aquele que natural e objectivamente qualquer massa fez crescer: aquele que, qualquer serial dreamer que se preze, sabe sonhar e conceber.
Em suma, isto tudo também pode fazer lembrar a Revista à Portuguesa, ou um cheiro a Lisboa… Não à Universidade de Lisboa – que essa é em espaços abertos (e para criar mentes abertas), mas às ruelas mais fechadas dea urbe antiga.
Cheira a Bairro Lisboeta, talvez a Mouraria? Ao cheirinho a pão logo pela madrugada, vindo ali da Graça, logo abaixo do Caracol: onde os sinos ainda se ouvem tão bem, no Largo das Olarias!? Ou, seria, seria…, uma Padaria na Rua dos Lagares, mais os padeiros que se ocupam pela calada da noite? No silêncio só interrompido pelos primeiros guinchos dos eléctricos, que tentavam não «patinar» nos carris da Rua dos Cavaleiros? Ou ainda antes, num silêncio entrecortado pelos trambolhões dos caixotes virados e despejados, por solavancos mecânicos, para dentro dos carros do lixo...?
Claro que estavam a ler descrições de um Serial Dreamer (acordado), exactamente a mesma pessoa que, é fácil compreender, também cria/ensina Brainstorms. Why not? É grátis, e essencial para desencadear novas ideias...
Os ditos serial dreamers – à conta da sua «suposta maluquice», alta-bipolaridade, ou porque são eles os verdadeiros Aspies? (sobretudo no ensino, repare-se, eles têm que desenvolver ainda mais essas suas capacidades intelectuais, treinando-se no sonho e depois numa normal e muito fria recolha do melhor que conseguiram ir sonhando). Esses supostos excêntricos, muito «doentinhos», fazem (e alguns têm por missão ensinar a fazer) todos os dias, Graças a Deus, um exercício que um Historiador de Arte - por mais anos que respire - nunca nasceu treinado para saber fazer, e portanto nunca fará**:
Serial dreamers que sonham com os pés na Terra; que sonham a pensar no custo para o cliente; i. e., the value for money do sonho que, acordados se permitem (e obrigam a...) ter.
Sonhar já a pensar num Ambiente futuro (de Design Ambiental), o que irá originar: nas cores, na luz, ou também no Caderno de Encargos, daquilo que naquele momento deveria ser apenas o seu Sonho:
Sonhar a saber que quando o dito sonho – aquele que no momento estão a ter - logo que se tornar pedra e cal, ele, The Serial Dreamer (e o proponente de uma nova realidade que quer criar para o seu cliente); ele - o tal serial dreamer - há-de ser depois, por esse trabalho, avaliado publicamente. Analisada a coerência, a honestidade e o valor intrínseco do tal sonho que um dia teve…
Sonho que é também o de uma sociedade melhor - e não o do desvio de capitais, ou de materiais, sejam eles físicos ou intelectuais, como chegam a fazer os pragmatistas construtores.
Portanto sonhar pode ser um risco (de muita generosidade) a que os "...serial dreamers (the architects)..." se expõem.
Enquanto um Historiador de Arte - que nem uma mínima exegese da obra aceita fazer (leiam, Sra. Professora aprenda com Henri De Lubac autor entre outras obras, de Exégèse médiévale : les quatre sens de l'Écriture, e depois compreenda A Obra Aberta de Umberto Eco). Repete-se portanto, que enquanto um Historiador de Arte, os mais típicos que estamos a criticar, esses em geral não sabem interpretar as obras de que escrevem; e como lapas agarram-se à rocha, que é para si a litera:
Litera ou letra, a qual pisa e pisa, e volta a repisar, sem a menor criatividade. O Historiador de Arte - sem a menor capacidade de criar imagens mentais, vai para a Torre do Tombo e agarra-se à litera de que escreveu Hugues de Saint-Victor, apesar de, teoricamente, a ter posto ao lado de outras categorias de análise, e de outros níveis de entendimento (que os textos bíblicos que as obras de arte sempre quiseram ilustrar, também podem ter, em simultâneo)...***
Historiadores de Arte que, de tanto afunilarem a História se tornaram incapazes de fazerem interpretações mais soltas, como as que foram feitas milhares e milhares de vezes, e durante séculos, não só durante a IDADE MÉDIA, mas também vários séculos que a precederam. Em tempos em que uma imensa Polissemia - que é hoje tantas vezes extraordinariamente difícil de compreender, ligava tudo: mesmo o que pareceria totalmente inassociável como hoje aqui fizemos.
Tontice?
Re: Não! São treinos e brainstorms para projectar e ensinar a projectar...
É a noção e a vontade de querer de ir à raiz do pensamento
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*http://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/sindrome-de-asperger-2
**Aliás, quem dera aos ditos Historiador de Arte, que ao copiar não fizessem erros de ortografia. Quem lhes dera que ao falar soubessem pronunciar. E não nos referimos só a Ruskin que, por dá cá aquela palha, ele vira RUSKING; nem ao Hanôver que vira AINDOVER... Pois também nós fazemos muitos erros de pronúncia… Referimo-nos só àquelas frases portuguesas, em que, exemplificando - “...Q’ÁLUNA tantas vezes se arrepiou q'as calinadas da super grande doutora...".
***Hugues de Saint-Victor que também escreveu, indo buscar a frase a S. Paulo: "La lettre tue, mais l'esprit vivifie".