Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
31
Jan 15
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Por razões, muitas e variadas, normais e até (algumas vezes) «muito úteis», o Ocidente perdeu "traços distintivos": ou seja, estamos de acordo, perdeu um conhecimento que no século XIX ainda detinha. E - como aliás escrevemos nos posts mais recentes - perdeu o conhecimento das suas próprias raízes.  

 

Isto de que escrevemos, o Ocidente tem-no feito várias vezes, e até, nalgumas situações, de modo muito deliberado. Mas também, sem a percepção das consequências (idem, as boas e as más) desse mesmo facto. E isto, insiste-se, aconteceu por uma grande diversidade de razões: quer as mesmas tenham sido decididas de maneira leviana ou não (?). Como se vê, é um esquecimento inconsciente (ou a perca a que se referiu o Cardeal Ravasi) que tem tido, e está a ter, sequelas e consequências...

É que da mesma forma que nós nos perguntámos (vezes sem conta), sobre o que aconteceu há séculos atrás, que está documentado, e de que nos apercebemos por termos investigado aprofundadamente. Outros (muitos outros...) podem nunca ter deixado de o saber!? Temos aliás alguns exemplos disso...

E por isto, já se registou, a nossa descoberta do mestrado é o verdadeiro Paradoxo Científico!

Portanto, as nossas investigações que nunca foram para ter cargos académicos (nem nenhum poder - fosse onde fosse)... mas estudos que foram apenas, primeiro, para progredir normalmente na Carreira Docente: como existe concebida e preconizada no Ensino Superior em Portugal, e também na Europa. Investigações que, é sabido dos professores e orientadores, muito cedo nos deram a certeza da necessidade (para que obtivéssemos respostas), de uma necessidade de mudança de foco. De passarmos do que é considerado um universo estritamente artístico, para a área politico-religiosa que, aliás, para alguns (como é o caso de Martin Kemp) a  História da Arte Europeia tão bem demonstra.

Para obtermos respostas que, logo que começaram a surgir-nos, em 2002 na Faculdade de Letras, começaram também logo a ser «escamoteadas». Por nos termos começado a aperceber que toda a sinalética e emblemática de D. Afonso Henriques - desde os selos que punha nos documentos, às formas da arquitectura - que eram todas formas com a mesma origem: concretamente eram tudo sinais do Deus-Cristão, trabalhados em sucessivas transformações: i. e., sempre «derrogados» para acomodar esses mesmos sinais aos espaços em que deveriam ser incluídos.

Assim, os "traços distintivos" de povos e monarquias (acrescentamos nós) - de que falou o Cardeal Ravasi em entrevista recente* - estavam plenamente imbuídos, numa simbiose fortíssima, que hoje todos querem desconhecer; estavam imbuídas, repete-se, de um espírito/noções e ideias, que eram comuns ao chamado Poder Temporal, mas também àquele outro Poder (o divino) que, historicamente, todos os chefes europeus, do Ocidente, e desde o século IV, tinham respeitado.

Podemos até escrever, "traços distintivos, sinais, emblemas, arquitectura e arte", que todos veneraram e adoraram desde 325 em diante (leiam Jean-Marie Mayeur, que o Cardeal Ravasi certamente conhece).

E se o Ensino Superior contemporâneo quer ignorar isto, em suma, quer ignorar tudo!

É que não podemos andar todos a dizer, e a proclamar, que muitos dos problemas actuais do mundo se resolvem com mais Conhecimento e com mais Saber, e no momento em que (quando), exactamente se percebem, e foi por acaso o que nos aconteceu, muitos dos enganos e «logros»** - colectivos - em que as sociedades actuais têm vivido; nesse exacto momento, tal é a contradição (!), surgem os mais responsáveis (numa ladainha que tem sido vergonhosa e para nós inclassificável), a dizer: "esconda, esconda, esconda. Ponha para trás!".

Ou ainda a outra, que também tivemos que ouvir, e esta em Vila do Conde, durante o 4º Encontro de História, em Novembro de 2005, quando percebemos que na Igreja Matriz (repleta de iconografia a que todos chamam Manuelino), notámos sobre uma porta várias letras entrelaçadas, como são os Círculos Trinitários do Liber Figuraram de Joaquim de Flora.

Pois nesse dia brindaram-nos com um: "Esqueça, esqueça, esqueça!"

Naturalmente, para quem como (nós) Projectista, sempre teve que reflectir e colocar à vista (e não a esconder!!!), em trabalhos que estão acessíveis a todos, ou ao público em geral, aquilo que aprendeu. Alguém que laborou e investigou, quer nos seus trabalhos académicos, quer ainda nos seus trabalhos profissionais, para fazer obra; claro que para nós um "Esconda, esconda, esconda!", ou o "Esqueça, esqueça, esqueça!" é algo que não faz o menor sentido!

Porque é a mais absurda das contradições, do que são os objectivos e a razão de ser do Ensino Superior.

Agora, exactamente 10 anos depois de termos acabado o que foi um mestrado - e hoje é muito mais do que isso. Num tema que deveria ser para a Universidade, para palmilhar milímetro a milímetro, e portanto demoradamente. Aqui está, nas palavras de alguém - concretamente do Cardeal Gianfranco Ravasi, equivalente ao Ministro da Cultura do Vaticano -  o que em nossa opinião tão bem demonstra a importância do trabalho que fizemos. Feito, primeiro a propósito de Monserrate, e depois daquilo que uma imensa informação - da máxima qualidade - a que Monserrate nos permitiu aceder. E a partir dessa informação começar a captar e a entender.

Leiam e oiçam, talvez percebam para que serve o Conhecimento que se investiga e obtém em Doutoramentos (como nos sucedeu). Conhecimento que a Universidade tudo faz para esconder.

Pelo que captámos, achamos..., que será para tudo menos para esconder! Mas enfim, é o mundinho medíocre em que se tem que viver.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=176659

**A bibliografia de best-sellers e romances que avidamente muitos compram e lêem. Que explora o inconsciente colectivo, mas não dá uma única resposta...

A história de Santa Isabel...

 (ao contrário do habitual a imagem está extra-texto para não distrair - clic para legenda)


28
Jan 15
publicado por primaluce, às 18:00link do post | comentar

: Mas que pergunta, que disparate..., mas onde estava a minha cabeça?

 

Mas então, que redacção, seria a pensar em Nicholas de Cusa, no mestre do De Docta Ignorantia? Talvez, só poderia ser...

Ou talvez não...? E portanto, quiçá, não há erro nem disparate? Terá sido só um quase "lapsus"? Será que seria a pensar num certo Reitor? O mesmo que é Doutor em nada...? E a quem se aplica, na perfeição, a ideia de um Doutor da Igreja, que viveu no século XV? Idem aspas, seria no destruidor dos «brinquedos» que lhe puseram na mão? De quem, no que toca destrói...?

Por nós - em que muitos andamos (aliás, a Europa inteira anda, e teremos que andar todos, nas décadas futuras...) em maré de ter muito para compor, o que outros infanticidas perfeitos, chegaram e destruíram; agora é fácil esquecer que este recompor se podia ter evitado. E será que já se chegou ao pico negativo, e ao mais profundo, de tanta destruição?

É interessante, de mais, olhar para o século XX, por exemplo na área da Historiografia da Arte. Já que nesta Área Científica percebe-se como isso é notório - e ver como desde o início (e nalguns casos claro que os melhores autores ainda vêm do fim do século XIX, como por exemplo Émile Mâle); notar como se produziram trabalhos verdadeiramente excepcionais** [Aí sim era o verdadeiro Excelente, que em 2001 já enchia os discursos de alguns, mas sem nenhuma razão para tanta «Xelência»...]. 

Quanto aos estragos feitos, a devastação que se vê pela Europa (não exactamente a produzida de 2007 a 2015, mas a que já vinha a germinar e a preceder a Crise, na fase em que esta se torna mais visível), é equivalente, parece-nos, à destruição feita por uma guerra.

É por isso que dizemos/escrevemos: "Deixá-lo... Pode ser que ainda um dia alguém se entretenha a recompor tudo o que uma imensa estroinice achou por bem andar a destruir"***.

Pode ser que alguém encontre paciência, mas por aqui o rumo ficou traçado em 2002.

E o brinde que a FBAUL nos deu, não é fantástico? Só que ainda nem houve tempo para apreciar essa «linda prenda»...

Enfim, sobre o documento que está na PORBASE - à qual o link acima leva - já nada nos admira!? Que um plano de trabalho com mais de 100 pp. seja confundido com uma Tese de Doutoramento (já terminada, e defendida!) em Belas-Artes, por lá, parece ser (?) normal. 

Mas, com muito mais razão, o mesmo já se passava com o nosso estudo de Monserrate: por todos considerado um doutoramento. Enfim, tudo isto são várias provas - que estão registadas e nos são facultadas, das mais diversas maneiras - sobre os comportamentos maldosos e incompetentes (é sempre tudo isso somado) que habitam as nossas instituições de Ensino Superior: as  Privadas e as Oficias (ou do Estado), é tudo a mesma falta de qualidade...

No nosso caso a situação tornou-se especialmente sui generis, porque, com uma formação muito interdisciplinar, e imensos assuntos - de uma grande diversidade, nas origens; que, pelas mais variadas razões nunca largámos (mesmo que conhecidos só superficialmente). Na verdade, e como o ensino superior agora está, quando se é obrigado a ir fazer um mestrado, ou ainda mais um doutoramento, todas as nossas outras, as várias e muitas vidas que se tem sido obrigado a viver; então elas vêm ao de cima, e são postas - com a máxima naturalidade (e como «habitam» a nossa mente) - nas teses e nos estudos que seja preciso fazer.

DEO GRATIAS, por isto: QUE INCLUI «estranhos agradecimentos» A UM DOUTO DOUTOR  À MANEIRA DO 'DE DOCTA IGNORANTIA' PRECONIZADA POR NICHOLAS OF CUSA: A um Doutor que tudo tem feito para nos prejudicar, e há-de viver eternamente feliz, com essa sua obra. Grande Felicidade!... 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Docta Ignorantia and Coincidentia Oppositorum: "The road to Truth therefore leads beyond reason and the principle of contradiction; (...) we can discover God, the 'coincidentia oppositorum', wherein all contractions meet." Ver no Concise Dictionary of The Christian Church, Oxford University Press, p. 410.

**E durante todo o século XX, sobretudo até aos anos 60 é um movimento que continua; mas que, desde então para cá, houve uma queda acentuada, não na quantidade, mas na qualidade das obras produzidas. A maioria dos estudiosos e investigadores esqueceu-se, ou quis esquecer/esconder, a génese religiosa da quase totalidade das obras da Arte Europeia.

***Só comparável à destruição feita por uma guerra


26
Jan 15
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

... que pediu a Deus a Sabedoria para poder guiar o seu Povo.

2. Depois dos sinais «emitidos» ontem pela Grécia e os seus votantes, assim como por muitos políticos (e comentadores) felicíssimos, com todas as voltas que isso não irá gerar...

 

Aqui, a nós parece-nos que estas duas frases e os temas que contêm dariam inúmeros posts. Sobretudo para quem foi aluna de uma fantástica professora (Maria de Lurdes Sá Nogueira), que escolhia apenas um provérbio, ou uma frase muito curta, para a partir dela toda a turma fazer uma redacção.

Era uma prof. de tempos que agora parecem lendários, em especial quando comparados com os tempos de hoje. Um hoje em que se fabricam doutores, professores, catedráticos, agregados e reitores «num qualquer pufarete», ali ao virar da esquina:

Por isso eles são tão bons, mesmo, mesmo do melhor, que alguma vez já se viu à superfície da terra?

E assim, esses sábios tão bem preparados gerem pessoas a seu bel-prazer, decidindo num minuto que precisam de doutores, para já a seguir, logo, logo, apenas precisarem de tutores...

Ou, os mesmos gerem reuniões para as quais convocam pessoas, e logo no início da dita, desatam aos gritos com essas mesmas pessoas, porque não deveriam estar na reunião. Já que se esqueceram - eles próprios, os ditos sábios (como chegam afirmar) - que na véspera se esqueceram de desconvocar alguém, porque afinal se muda esse alguém para outras funções...

Como se percebe, nada disto tem a ver com a história de um rei que tinha noção da importância e do imenso valor, da Sabedoria!!!

Como nada disto se relaciona com a decisão de um país estar ou não numa comunidade económica. Ser ou não bem gerido - em cada uma das suas pessoas/cidadãos - cujas capacidades e talentos se deseja sejam devidamente aproveitados, em prol do bem comum. Nada disto se relaciona com a vontade de haver verdade; de haver leis que são cumpridas, ou que, para o caso de não o serem, de haver alguma consequência...

Nada disto se relaciona com as mentiras dos Gestores/Proprietários dos bancos, das suas falências, das empresas que criam, verdadeiras ou falsas, com objectivos úteis ou inúteis...

Nada disto se relaciona com a ganância desmedida do sistema capitalista, a que os governantes dão toda a protecção... inclusive para todas as mentiras e prejuízos praticados contra os povos que governam. 

Nada disto se relaciona com questões da sustentabilidade dos recursos que se obtêm da natureza, e que têm um fim (mais ou menos à vista); nada disto se relaciona, mais uma vez, com a educação que as pessoas tiveram, com as competências que adquiriram, com o que o podem ambicionar ser, ter ou dar.

Nada disto está relacionado com o facto de as pessoas poderem ter/obter tudo na vida (até a Lua, porque não?) com a maior das facilidades: i. e., sem esforço, e sem compreenderem que cada etapa é um passo, que correspondeu a algo, como numa proporção matemática, em que há relações directas entre o que se cria/produz e depois, merecidamente, se obtém. 

Enfim, a Sabedoria não se busca, não se deseja, nem sequer interessa a ninguém...

Que viva a opulência ignorante - qu' é o qu' está a dar!

(disse Aristóteles por outras palavras)


24
Jan 15
publicado por primaluce, às 13:00link do post | comentar

Como sabemos não basta fazer investigação, é essencial estar aberto à novidade, e ao sucesso de uma boa investigação: concretamente desejar ter bons resultados!

Como sabemos não basta proclamar - só em teoria - a criatividade e a interdisciplinaridade, é essencial praticá-las!

 

Em face do que se escreveu acima, enfim, como explicar o comportamento da direcção de uma Escola de Design - o IADE - que apesar de sucessivos apelos (ignorou-os), tudo fez e tudo tem feito, desde 2008/10, para impedir uma das suas docentes mais antigas para que conseguisse concretizar um doutoramento altamente promissor?

Não lhe dar as condições para investigar e trabalhar, a pretexto de que essa docente era muito necessária para dar aulas, como aliás, posteriormente, os últimos anos/semestres e o serviço docente que lhe foi atribuído, o demonstram na perfeição!

tira_Moebius.jpg

 (clic para legenda)

Com informações vindas de  Nuno Crato - o Matemático - há que reconhecer como a Historiografia da Arte não pode prescindir da máxima interdisciplinaridade: confirmar como a ignorância não leva a lado nenhum.

A menos que o objectivo fosse apenas tomar o poder, ser autoritário, reduzir e destruir tudo o que é conhecimento; tudo o que tinha valor?... 

 


22
Jan 15
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

O Post anterior precisava de ser tornado mais claro, e assim aconteceu, acrescentando-se: 

 

"... há o direito de ensinar História - da Arte ou da Arquitectura - assim? Claro que assim não admira que um trabalho (e uma postura como a nossa) seja escondido... Pôr em causa metodologias obsoletas, ou as evidências que entram pelos olhos dentro - como esta em que o rei vai nu - é muito complicado!"

Foi o que fizemos e continuamos a fazer, apesar de expulsos (ou eufemisticamente apenas desvinculada...) da Unidade de Investigação do IADE, que, deveria corporizar - pela nossa ligação à instituição desde 1976 - a verdadeira instituição de acolhimento: por ser aquela a que naturalmente deveríamos pertencer**.

Claro que pomos a nu esta maneira de investigar (?), em que, e exactamente por ter havido resultados muito positivos, é entendido superiormente que se devem esconder. E assim a FCT pode dizer que "esta é a geração melhor preparada": sem que aliás se saiba qual, onde começa e onde acaba essa geração (que só pode ser um imenso gerar de equívocos?). 

E assim, até outros podem querer concretizar «renovações geracionais», de modo a que não sobre, nem sequer fique o mais pequeno resquício, do que eram saberes antigos...***.

Pois como somos obrigados a ver, hoje o que vale é a ignorância, que, claro, «não dá na televisão». É que seria politicamente incorrecto, mas está óbvio, e descaradamente à vista, em instituições a que o MEC concede (grátis, sem inspecções) toda a autonomia.  

NunoCrato-p.174.jpg

NunoCrato-p.175.jpg

(clic para legenda e ver melhor)

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Por várias razões. Talvez a primeira seja a negação da transdisciplinaridade? Ou seja, o querer desconhecer os saberes e os conhecimentos contemporâneos das Obras de Arte; i. e., do tempo em que as mesmas foram realizadas. E essa nudez tem que nos lembrar a Professora Orientadora de Mestrado que repetidamente ainda nos disse - quando o trabalho já estava feito e não se ia deitar fora, para ir fazer de novo uma qualquer fantasia que agradasse aos seus superiores (o que foi dito exactamente há 10 anos, e não há 100...): "Esconda, esconda, ponha para trás"!

Lá «se escondeu» e pôs mais atrás, mas, desse modo a valorizar o conjunto sequencial de imagens - que, como já se sabia, falam por si. Tal é a evidência/existência e a força do conhecimento visual! Desse modo conseguiu-se que fosse apresentado com muito mais lógica - e a poder notar-se pelo desenho geométrico dos ornamentos (que os historiadores de arte não entendem) - a evolução, também temporal, que houve.

**Hoje é o CIEBA e o Instituto Francisco de Holanda que «nos dão guarida», e também notícias fantásticas - "deo gratias!".

Note-se enfim como a força das nossa ideias não tem sido em vão: Não exactamente pela aquisição do grau de doutor - que há muito se dispensa (que fique para os «doutoramentos combinados») -, mas sobretudo pelo reconhecimento da validade das ideias que defendemos...!  

***Que Nuno Crato, "tant bien que mal" (mas nem sempre da melhor forma) tem defendido


19
Jan 15
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

... já deste ano, têm vindo lembrar que a História é uma disciplina e são conhecimentos do passado, de que não se pode prescindir:

Porque são essenciais, lições para o presente.

 

Claro que sabemos, e têmo-lo escrito - que para o caso da História da Arte os mais simples historiadores, «desarmados», ou quiçá (?), talvez apenas preparados para definirem se uma obra é bonita ou feia. Isto é, se as proporções do espaço - e aqui «armados em arquitectos» - resultaram ou não numa "bela espacialidade"? Com estes seus comentários demasiado simplistas, e, esquecidos (ou ignorantes) de que a arquitectura é sempre junção de muita coisa; mais do que apenas a beleza das proporções.

Enfim, progredindo na exposição da nossa ideia, vê-se que os simples historiadores - e concordamos que não esqueceram os contextos temporais em que as obras nasceram (ao menos valha-lhes isso, pois por aí ainda transmitem muitos conhecimentos...); mas, concordem eles ou não (?), estes autores dos dias de hoje esqueceram-se que as obras foram como verdadeiros manifestos. Que foram marcas de um tempo e de acontecimentos que deveriam por isso ser relembrados no futuro, através das próprias obras. 

Ou ainda, que nessas mesmas produções, grandes como as edificações (mas também nas de menores dimensões, ou seja qual for o tipo de obra, mesmo à escala de objectos manuseáveis), neles foram inseridos elementos - alegorias (ou alusões mnemotécnicas) - para que, a outros níveis, esses elementos pudessem lembrar a fé daqueles que em geral frequentam os Templos, e neles meditam ou contemplam (a meditatio e a contemplatio de que escreveu Mary Carruthers*). Elementos que serviam para lembrar a fé, e elevar o espírito de cada um, ao que se «supunham» ser as realidades divinas (das crenças que professavam).

Em suma, os historiadores ensinam-nos muito daquilo que é a sua especialidade, mas, quando chegam à Arte - ou, ao que foi a habilidade de resumir e exprimir ideias nas formas dadas aos materiais. À habilidade de conseguir derrogar/deformar desenhos, para assim os conseguir acomodar em espaços concretos e limitados; isso que foram os ornamentos ou «motivos» - como lhes chamava Robert Smith - postos em espaços planos, de pequenas dimensões, ou numa imensa tridimensionalidade. Esses elementos, que os historiadores memorizam (se outros lhes ensinarem) e que desconhecem, por total impreparação, em muitos casos, essas formas arquitectónicas hoje lembram-nos S. Paulo.

Sim o mesmo da Estrada de Damasco...**! Pois em geral as formas de que estamos a escrever, os historiadores do fim do século XIX, e ainda muitos do início do século XX, tentaram, e em geral conseguiram, responder e explicar. Também é verdade que esses ainda sabiam (muito mais) e eram muito mais completos e transdisciplinares do que os actuais.

Já que - como se lê em vários autores - a Teologia, ou a Matemática e a Geometria, eram conhecimentos (não atomizados) que ainda detinham... 

Mas, os historiadores actuais, serão as circunstâncias (ou muita «presunção e arrogância» relativamente ao que vinha de trás?) que os tornaram desconhecedores: não sabemos, e nem sequer somos historiadores... Apenas vemos e lemos (o que se detecta directo das obras) que eles em geral vêem, demais, mas, teleologicamente. Isto é, para a frente, no caminho que supõem a História dos Objectos Artísticos veio a realizar...Esquecendo-se que as Artes Liberais eram os Conhecimentos de outrora, os que portanto deveriam (pela lógica) ter ficado registados nas obras. E, aliás, de facto ficaram. 

Mas hoje, lendo agora os textos dos historiadores contemporâneos, vê-se, pelo que escrevem, ou pelo que se perguntam e exigem aos autores de há 200 ou 500, o que lhes exigem que tivessem cumprido. Por exemplo, exigem que tivessem sido «progressistas» - «pontas-de-lança» de uma qualquer ideia que posteriormente se tivesse concretizado ou reforçado.

Não lhes admitindo, em geral (aos autores de há séculos atrás), algumas das variedades de opções e de escolhas que fizeram nas soluções que tomaram; e, claro, também nas obras que construíram. 

Em suma, transpõem (sem qualquer direito para o fazerem, como a nós nos parece?) o que eles próprios - os historiadores nossos contemporâneos - consideram terem sido de facto os avanços históricos, nas configurações da arquitectura. 

Depois disto, e de acordo com estas suas perspectivas, chegam a escrever que os autores de há 500 anos retrocederam a soluções e a modelos mais antigos! Que não foram modernos!***

Mas há o direito de ensinar História - da Arte ou da Arquitectura - assim? Claro que assim não admira que um trabalho (e uma postura como a nossa) seja escondido... Pôr em causa metodologias obsoletas, ou as evidências que entram pelos olhos dentro - como esta em que o rei vai nu - é muito complicado  

Por nós, e ainda antes de terminar como se começou, perguntamos se têm esse direito: o de interpretar, como fazem, abusiva e muito erroneamente o passado?  

Sobretudo porque muitos factos recentes mostram a capacidade de falar e explicar o passado a partir de imagens (constantes) e largamente empregues nas obras de Arte e da Arquitectura:

Porém, que haja quem as entenda e valorize! 

~~~~~~~~~~~~

*Mary Carruthers - que historiadores de arte portugueses conhecem e valorizam esta autora, e os seus estudos? E estaremos nós a ficar como J.-A. França: ao dizer que os autores-historiadores não conhecem, não sabem, não viram, não viajaram...? Que por extravasarem competências, têm dito/escrito/produzido muito material erróneo, e indutor, ainda por cima, de muitos mais erros...?

**O S. Paulo da Estrada de Damasco, o que era Saulo, e um evento inesperado deitou por terra. O S. Paulo dito filósofo popular, de quem Mary Carruthers dá informações preciosas em Machina Memorialis (ver op. cit. p. 34): Ainsi, que Paul l’a souligné, et c’est la une affaire non de simple salut, mais de beauté et de bénéfice, d’‘ornementum’ compris au sens classique, c’est à dire comme le lieu ou l’ «utilité» se fond avec la «délectation». Informação preciosa, porque mostra como a edificação (a Edícula) foi um tropo. Fazendo com que na construção se inserissem, e a construção informasse, o carácter, o qualificar ou adjectivar, das pessoas, das entidades e das suas ideias... Como no caso do Arco de Triunfo que nasceu como moldura para alguém. Ou ainda um nicho (encimado pela concha) sinal de que aquele que continha foi baptizado, era cristão.

***Leiam-se alguns comentários sobre a Igreja do Santo Spirito de Brunelleschi que alguns dizem ser um retrocesso na obra do autor. Esquecendo que foi chamado para resolver um problema de design da cúpula do Duomo (de Florença); e esquecendo ainda o Ideograma espantoso que é a planta do Santo Spirito: um desenho que é aliás bastante mais fácil de compreender como obra de Ourivesaria; ou no de uma cruz de suspender (ao peito) do que em Arquitectura!?


15
Jan 15
publicado por primaluce, às 22:00link do post | comentar

É o que vai e assim continuará por muito tempo em:

http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/


11
Jan 15
publicado por primaluce, às 17:00link do post | comentar

... ou o tempo de pensar com calma?

 

O tempo necessário para começar a compreender a «longuíssima viagem» que se fez desde o mundo natural - no qual o Homem surgiu, e estava completamente inserido -, viagem feita até ao mundo abstracto das ideias, em que toda a Humanidade se eleva (ou, em geral, se pretende elevar)?

O Mundo das IDEIAS-4.jpg

(clic na imagem para legenda)

Viagem que agora é só um recuo a um tempo em que, seguindo a concepção aristotélica, se diferenciam as criaturas infra-lunares, das supra-lunares: assunto que já se tratou num outro post, visto que muitas das imagens e os pequenos emblemas colocados acima, eram alusões a esses supostos seres/entidades supra-lunares: consideradas divinas, vistas como deus, e ao longo de milénios com diferentes designações: Maât, Amon-Rá, Iahweh, Jeová, o Demiurgo platónico (arquitecto do mundo), o Deus-Cristão... 

Enfim, isto são temas que, como é sabido, pouco interessam a escolas ou a universidades onde continua a reinar (intocável) a mais reles das censuras*!

http://primaluce.blogs.sapo.pt/164414.html

http://primaluce.blogs.sapo.pt/145173.html

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Em temas que, estando ontem (11.01.2015) a ouvir a SIC Notícias em directo de Paris, e os comentários de alguns (comentadores e jornalistas - Henrique Monteiro, Martim Cabral), quando cerca das 15h 30m, e numa espécie de brainstorm (?) começaram a dizer em simultâneo que não conheciam o suficiente de certas questões, mas em que, e ao mesmo tempo, eles iam adiantando interpretações pessoais, em questões para as quais era possível/desejável, terem muito mais informação... Não que estivessem a dizer algo excessivamente errado, mas a mostrarem como precisam de progredir em certos/vários assuntos.

Por nós concluímos que a Universidade e a sua «tão badalada investigação» serve para muito pouco, em matérias que obriga cada um a fazer o seu caminho, e em que as instituições não se comprometem: pois não divulgam e escondem alguns progressos que entretanto estão a ser feitos.

Depois, aquilo a que o Ensino Superior, chama simpaticamente «acolhimento», então o mesmo vira bullying. Por nós lembramo-nos muito da história, e dos imensos esforços que fez, uma autora como foi Frances Yates...Alguém que tinha a idade da minha avó.

Será que as nossas sociedades não podem progredir?Deixando-se assim uma imensidade de curiosos - os que vivem nessas sociedades (e que, felizmente, querem saber mais!) ao sabor da literatura romanceada, e dos chamados best-sellers. Que, é verdade, vendem muito, mas respondem nada às questões essenciais que cada um sente (ou identifica e conhece) dentro de si! É altura do inconsciente colectivo das sociedades ocidentais deixar de ser o "pot-pourri" que se desenhou acima:

Imagens que vemos por toda a parte (nas nossas cidades, na arquitectura, nos nossos livros e nas fotografias que se fazem), mas cuja origem em geral não se compreende, nem se destrinça!


06
Jan 15
publicado por primaluce, às 12:50link do post | comentar

e até pode ser...

Mas não fomos nós que inventámos este objectivo, definido desta maneira. Para nós, ao lê-lo, passámos a ver muito mais: Thanks God!

 

E um obrigada também ao Professor Doutor Fernando António Baptista Pereira, pelo que acrescentou aos nossos estudos e pesquisas*; e pelo imenso que assim nos ensinou:

 "Main Goals of Research for the 2007-2010 period:

(…) Origins, Meaning and Evolution of Artistic Styles (...)"

~~~~~~~~

*Ver aqui


03
Jan 15
publicado por primaluce, às 00:25link do post | comentar

É verdade, foi um dos acontecimentos mais simpáticos que vivi no IADE, talvez em 1977 (ou 1978?), quando o Mestre Lapa fez 64 anos.

 

Os alunos fizeram-lhe uma festa muito gira, da qual sobraram alguns testemunhos.

Entre eles lembro uma fotografia extremamente bonita - a P & B feita pela professora Mónica Freitas. Ao lado de Mestre Lapa julgo que estava a Julieta? Uma das alunas mais velhas, que, pela sua própria situação era também muito «congregadora» das pessoas daquele grupo.

O extraordinário da fotografia (que deve andar perdida?) era a forma como os personagens fotografados ao vivo, se misturavam, aparentemente, com todos os outros que já lá estavam nas paredes, pintados por António Manuel da Fonseca!

Linda, também pela perfeição e pela distribuição dos claros-escuros, em toda a gama de cinzentos...

De facto, ainda me lembro, não só do dia, mas também depois pela fotografia. Por ser talvez uma das mais bonitas que tenho visto?

Mas o que em tempos vivemos e vimos como um futuro julgado híper-longínquo - há décadas... - , é hoje presente. E isto serve para ligar a nossa própria situação - e as suas características muito específicas (de quem tem sido prejudicada pela desonestidade alheia...). Serve-nos para «atar» este nosso presente, tão actual e tão herdeiro do nosso passado, ao que fizemos, estudámos e trabalhámos - com enorme entusiasmo, felizmente! - e ao que, consequentemente, e de muito bom (e também de muito mau), estamos agora a viver!

Queremos que o entusiasmo, e sobretudo a capacidade de discernimento (ou a Sabedoria como Salomão pediu a Deus...) não nos falte! Pois de todas as maneiras tentámos e tentamos - dando tudo por tudo - manter aceso o fogo da procura, da ampliação, da vontade de fazer melhor, e do «nunca-baixar-de-braços» na nossa vida:

Em que o ensino e o conhecimento mantêm um lugar de destaque, apesar das muitas desonestidades que nos rodeiam, e dos prejuízos que lhes são inerentes...*

Não é que eles** pretendam rodear/envolver simpaticamente, como está na fotografia linda de Mestre Lapa, mas estão lá (e também se colaram às paredes...).

Por nós, outras Paredes e Tectos, não icónicas mas falantes, como as do Palácio Quintela (na foto seguinte),

felizmente continuam a entusiasmar-nos

Pinturas de António T. da Fonseca.jpg

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Exactamente o mesmo que sucede na sociedade portuguesa e autofágica em que vivemos: tanta ganância também tem levado à autofagia (a dos próprios autores «desse banquete»). 

No fim pode-se perguntar: A nossa atitude «de honestinha», de quem quer fazer o melhor possível é pirosa e cafona no contexto em que se estamos? Sim estamos de acordo que é, muitíssimo! Mas enfim, defendemo-nos: Pois todos têm o direito, se o querem, de poder ser pirosos à sua vontade! Se ser supersticioso é moda, há que também tornar moda a pirosice

É uma escolha como outras, e continuamos nessa...

**Há sempre algum «Eles», há sempre autores e sujeitos activos, prontinhos a prejudicarem os mais passivos. Porém, os verbos na voz passiva, aqui vão acabar! Já que medo? Só se for físico, temos muito, pelas vertigens..., mas de resto não se vê qual pode ser o motivo?

Pois não há que pedir licença, à instituição a que se pertence - aos superiores, orientadores, supervisores (ou aquilo que se intitulem, como reitores...) - para fazer descobertas relevantes: as que resultam de muito trabalho, estudos e investigações transdisciplinares!

Não há que pedir licenças! Mas se há quem tem cabeça de burocrata, carrasco e censor, que recue 3-4 séculos e vá integrar a Real Mesa Censória: da Inquisição!

E se lhe parecer que aqui o tempo parou, então avance...!? 

 

 


mais sobre mim
Janeiro 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

12
13
14
16
17

18
20
21
23

25
27
29
30


arquivos
pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO