...umas migalhas, umas sementinhas de algum cereal, para guardar para o Inverno?
Sem dúvida, desde a Pré-saída da troika, da Saída, das Eleições, do Cheiro a sardinha assada, do Santo António e de todas as Festas Populares; mais ainda do Verão e dos 3 meses de Férias - GRANDES - como os alunos as descrevem.
Sem dúvida que este é um tempo para turistas felizes, e para os portugueses que os recebem (de braços abertos no Cais). Que venham 18.000, todos os dias; muitas Queens e até vários paquetes menores!
Depois, lá pelo S. Miguel, como faz a cigarra, há-de ser tempo (talvez?), de se pensar no celeiro.
Claro que muitos podem pensar que num ambiente tão festivo, ser crítico, sem gozar a festa, perdendo-a para estar a pensar no celeiro, só se pode ter uma mentalidade muito estranha:
até mesmo «estrangeira», de lilicoptére...
E em 13 de Maio acrescenta-se---»
Em suma: estranha e «estrangeira» como pode ser o choque entre a obra de Joana Vasconcelos e os valores patrimoniais que estão inscritos no Palácio da Ajuda. Inclusive de uma maneira enfática, forte, por exemplo no tecto da Sala dos Archeiros*.
E se o Pavimento desta sala é uma obra-prima da Casa Moreira Rato, ainda hoje existente - e de quem em tempos tivemos uma colecção de mármores, e outras rochas naturais (para mostrar aos alunos, nas aulas de tecnologia de materiais); porém, nessa Sala, é ainda o tecto que consegue ser muitíssimo mais falante:
Aberto - em explosão ou em ruínas (?) - não deixa de nos mostrar o que foram uns desenhos ogivais muito marcantes, que se podem ver nas abóbadas de espaços principescos (e principais). Ou ainda, em inúmeras Galerias europeias, como em Portugal é o caso do tecto da Biblioteca de Mafra...
Tecto que, para o caracterizar nos socorremos de uma palavra que não gostamos de usar, mas, enfim, para essa biblioteca, a escolha das referidas ogivas não poderia ter sido mais «simbólica».
Claro que já não são os arcos quebrados dos primeiros tempos, quase ainda mandorlas gráficas, que (apenas) quisessem emoldurar alguém; mas são peças tridimensionais**, cujo sentido - como em todas as polissemias (e assim criavam-se sinónimos) - se buscou nas abóbadas «mais góticas», nascidas pela aplicação da cruz em aspa nos tectos.
Ou ainda, e propositadamente vai-se agora lembrar este exemplo (que pode ser chocante): o caso das mesmíssimas ogivas, aparentemente estruturais (mas pouco...!), que estão no tecto da Capela Sistina - a definir as molduras por onde se distribuem, e desenvolvem, os frescos de Miguel Ângelo.
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*Mas não apenas, visto que outras Salas têm também iconografia antiga, interessantíssima, mas cujos significados, como as tintas e as suas cores, estão cada vez mais a desvanecer-se...
**Como se explica em Monserrate, uma nova história, e depois em - http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/45041.html - quando, com base em Kenneth Clark se refere George Essex, um arquitecto que colaborou com Horace Walpole.
Ver também em: http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/45041.html
E já agora esperem pela nossa reacção ao Prós e Contras de ontem (de 2ª fª 12 de Maio - perto das 24h), onde Elísio Summavielle ao falar de touradas, deu um enquadramento e uma série de explicações que demonstram a urgência de melhorar todo o Ensino Superior: Em especial o que é Cultural e Artístico - As suas bases teóricas, essenciais!
E como (é o que parece?) só aquilo que agora passou a ser tratado como Património Imaterial pode ajudar as sociedade actuais, demasiado empobrecidas pela perca de inúmeros valores - incluindo o contacto com a natureza - a poderem compreender as divisões, «hiper-fracturantes», a que chegaram, e onde se encontram... Ou seja, em que estádio de desenvolvimento vivem na actualidade? É que nos poucos minutos que foram dados a E. Summavielle, apresentou uma súmula erudita, esclarecedora, brilhante! A cumprir o que deve ser visto como Património Cultural: um saber herdado dos antepassados, mas que cada vez mais (todos os suburbanos em que nós nos tornámos) ninguém sabe para que serve? Ou como ainda existe no presente, e como pode/deve ajudar a elucidar o futuro? O Cultural, o Artístico, das sociedades?