... em que crescemos*, e às matérias e estudos de uma vida inteira; mais ainda aos conhecimentos recebidos (agora ao nível de doutoramento), então veja-se:
Quem nos dera a todos nós (mas sobretudo, aos grandes doutores que hoje proliferam e nascem do chão, em segundos...), quem dera ler, e mais do que tudo poder compreender, o romance Les Noces de Philologie et de Mercure. A obra de Martianus Capella que conseguiu reunir numa alegoria, os mais importantes saberes antigos.
É que embora feita no séc.V, ainda agora é, repetidamente, citada por diversos autores.
Quem dera, porque à velocidade acelerada dos nossos dias, e à regressão, também aceleradíssima, que se pode verificar nos mais importantes dos conhecimentos básicos: que são hoje (falando da quantidade, já que nem vale pena referir a sua qualidade...) muito menos do que aquilo que em tempos foram, e habitualmente se chamava Cultura Geral:
Uma cultura (geral) que cai, e, paralelamente, está a desaparecer em cada minuto que passa. Principalmente porque está longe de ser geral, tendo-se pulverizado em "saberezinhos" ridículos, muito «tecnicistas», que nos remetem para as Artes Mecânicas de que há dias escrevemos**.
Quem dera portanto que houvesse Doutores, verdadeiramente Livres, capazes de dominarem os saberes das Artes Liberais (como acontece em algumas universidades dos EUA***, e pelo mundo fora).
Doutores com conhecimentos interdisciplinares - a saberem integrar a Filosofia do Ph -, e assim capazes de articular a pluralidade de informações que são necessárias, ou mais do que isso essenciais, para poder haver criatividade: nas áreas riquíssimas, e extraordinariamente complexas, em que nos queremos mover e estar.
Quem dera... Mas não há quem dê?
(clic para legenda - com a informação de que «Geómetra» é o epíteto fantástico, simpaticíssimo, dado por FABP!)
Porque o Saber, entre nós, crescentemente, passou a ser coisa do passado..., e a maioria julga que os conhecimentos devem estar vinculados, desde muito cedo, à área profissional em que o jovem vai querer estar no seu futuro. Acontece que esse «querer» é, na sociedade portuguesa em geral, muito desinformado: sem bases, as mínimas necessárias para se poderem fazer escolhas.
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*Em nossa opinião, e em boa verdade, não crescemos num ambiente erudito, porém, thanks god, houve de tudo um pouco, a começar pela capacidade crítica e a saúde mental, para não deixar em branco (ou falhar a observação de...) certos detalhes.
**http://primaluce.blogs.sapo.pt/177913.html
***“A "liberal arts" institution can be defined as a "college or university curriculum aimed at imparting broad general knowledge and developing general intellectual capacities, in contrast to a professional, vocational, or technical curriculum."
https://en.wikipedia.org/wiki/Liberal_arts_college
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_liberal_arts_colleges_in_the_United_States
https://en.wikipedia.org/wiki/Siena_College
Note-se: Achamos que deve haver ensino técnico, e vocacional, mas há informações básicas que o nosso ensino secundário não está a fornecer, e portanto os alunos não têm bases para ingressar no ensino superior que, normalmente, devia exigir cultura geral (ou apenas básica)