I. e., destinado aos que nunca projectaram. Para os que pensam que a investigação substitui o know how da capacidade operativa e de síntese, que a actividade projectista forçosamente exige:
“It does make a difference where one thinks or writes, whether from within the walls of the university or outside. The position of an academic is, in many respects, much more comfortable than the position of a designer or an architect — or a politician. The academic does not have much to decide. (…) The simple fact that a university decides to give an honorary doctorate to such a figure as Rem Koolhaas, though, implies an acknowledgment that elsewhere, outside the university, there exists a kind of knowledge, of thinking, that is different, motivated by a sense of possibility, urgency and necessity, and takes the perspective of action (...)”**
É este Conhecimento que não existe dentro da Universidade que faz a maior diferença quando é preciso fazer obra. Sim fazer obra = a construir edifícios (ou stands de exposições, pequenas obras ou objectos efémeros) que podem ser necessários para, no interior dos mesmos se desenvolverem as mais variadas actividades. Ou seja, referimo-nos a obras que não são apenas "Obras de Artes Visuais" de «encher o olho», em geral caras, mas que não funcionam: i. e., cujo principal desiderato não foi cumprido!
Por isso, para que tudo «corra bem», exige-se previamente a execução de um projecto, cuja complexidade pode ser grande, e portanto a necessidade dos seus autores serem e estarem informados é ainda muito maior...
Já que - e vamos ao básico, quer em termos linguísticos quer em termos operacionais (pois estamos a referir os processos de uma forma muito abrangente) - uma construção pode não ser «arquitectura», nem nenhum dos exemplos acima referidos; continuando no entanto, apesar dos nomes e da terminologia que vamos empregando, a necessitar do "know how" da materialização: ou seja, da capacidade de síntese (operativa)***.
A qual é diminuta, normalmente, nos trabalhos operados por académicos (que não correm grandes riscos, já que pouco produzem de novo). Quem faz projectos sabe que, depois das fases de análise e recolha de informação do que já existe, seguem-se novas fases, propositivas, que têm que culminar na materialização/concretização de uma obra. Obra que, claramente, segue alguma das propostas (hipotéticas) que em fases anteriores tinham sido colocadas.
Enfim, são vidas de experiências novas sobre outras anteriores; portanto vidas que são também muito recompensadoras por serem de desafios e de riscos, que permanente se colocam e depois se ultrapassam. É a experiência acumulada, totalmente oposta à das vidas muito protegidas, e quase «de redoma», que vivem os Académicos:
Dos que «não se sujam» pois também pouco arriscam!
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*De quem «põe a mão na massa» e tem amor à acção, como fez António Champallimaud e fazem todos os dias os Empresários das PME, do Norte ou do Sul: sem receio de sujarem «fatiotas domingueiras»...! Empresários de Empresas que são mais fábricas, fabriquetas e oficinas: e que por isso há décadas são chamadas Ateliers.
http://expresso.sapo.pt/quando-os-nossos-magnatas-gostavam-de-fazer-coisas=f846440
**http://journal.eahn.org/article/view/ah.al/28. No referido texto, outras passagens, como a que se segue, reforçam o que aqui estamos a escrever desde 2010. Fica, pois destina-se a ser útil:
"Crucial among those classical ideas and concepts that have become problematic is our relation to time. The way western culture and western societies deal with the past is deeply rooted in the languages we use and in the basic metaphors underlying our world views. At the heart of both ‘Generic City’ and ‘Junkspace’ is the meaning of origin, history, tradition, heritage and ‘identity’ — identity as embracing a specific, particular set of meanings and signs." Um excerto que contém afirmações merecedoras doutras reflexões.
***Como por exemplo os Caricaturistas, regra geral, demonstram ter enorme capacidade para «operarem»...