ÉVORA, 5 NOVEMBRO – Auditório do Colégio do Espírito Santo – Universidade de Évora
Das 15H00 às 18H00
Moderador: Francisco Pinto Balsemão, Presidentedo Grupo Impresa
Oradores convidados:
• Guta Moura Guedes (Diretora da ExperimentaDesign)
• Rui Vieira Nery (Diretor do Programa de Língua e Cultura Portuguesas da Fundação Calouste Gulbenkian)
• António Filipe Pimentel (Diretor do Museu Nacional de Arte Antiga)
• Cláudio Torres (Arqueólogo, Diretor do Campo Arqueológico de Mértola e vencedor do Prémio Pessoa 1991)
Vimos e ouvimos esta conferência em directo. E, perto do fim, F. Pinto Balsemão fez a pergunta que se impunha a Guta Moura Guedes - a única não doutorada da mesa: sobre quando pensava doutorar-se? Ou quando faria a sua entrada, para um doutoramento, numa das instituições de que tem sido parceira, e onde vai buscar material cultural/intelectual tão relevante? Por aí a Directora da ExperimentaDesign foi-se escusando: dizendo - com palavras que (exactamente) não guardámos - que os rituais e cerimoniais da Universidade lhe parecem estranhos...
Estamos absolutamente de acordo, mas o que sempre nos pareceu ainda mais estranho na Universidade portuguesa (talvez só nos maus exemplos?), é o vazio dos gestos e de alguns actos: a pompa do nada!? Intriga o como e porquê de se fecharem sobre si? O pouco ou nada que comunicam e dão à sociedade, especificamente?
A forma como, frequentemente, - e esta é apenas a opinião, interrogativa de um arquitecto (interdisciplinar) - como alguns professores universitários nos dão a ouvir as maiores ignorâncias (talvez apenas próprias da barbárie do post anterior**?). Mas sempre precedidas do Caro e Caríssimo Colega, ou ainda de piropos e salamaleques basto pomposos? Ou cheios de "Vossas-Excelências-Quase-Reverendíssimas"? Para..., logo depois avançarem uma outra vacuidade, quando não um insulto?
No entanto, o que sempre nos pareceu muito mais estranho dentro da Universidade em geral, - e com o nosso caso isso «emerge» com clareza - é o conceito de autonomia: Que no mínimo - aparentemente não chega a definir objectivos... - surgindo como uma autonomia, sem qualquer, ou a correspondente, responsabilidade?
Como é possível alguém estar mais de uma década à procura das Origens do Gótico sem resultados? E quando aparece quem ajuda a avançar na questão, e, enfim pode dar contributos; quando a própria Orientadora dá/deu o seu melhor, e se empenha/empenhou: depois, face aos resultados (hiper) positivos, a questão é escondida?
E num trabalho que foi conjunto, 8-10 anos depois a Orientadora toma o trabalho da aluna como apenas seu? Como se a aluna tivesse morrido? Ou está a ajudar a «matar» (?) já que a aluna foi fazer o Mestrado para progredir na Carreira Docente, e não para que lhe escondessem o trabalho?
O trabalho de uma investigação para a qual a Orientadora contribuiu, insistentemente, com o tema das Origens do Gótico, e nada - ou muito pouco, que nos lembremos...? - sobre Artes Decorativas?
De Schinkel, para dar apenas este exemplo mínimo - e porque sempre trabalhámos em equipas que projectavam e construíam (obras reais de pedra e cal...) - assim, nós habituámo-nos a saber identificar os nossos contributos, em cada tarefa, em cada colaboração. Assim, sobre o referido arquitecto e designer alemão, num dia, antes de 2005, Maria João Neto lembrou esse contributo, evidenciando o que lhe ensinámos...
Tinham sido migalhas: impressões vagas de uma exposição vista no Victoria & Albert Museum (http://yalepress.yale.edu/reviews.asp?isbn=9780300051650), talvez 10 anos antes?
Daqui, publicamente, exortamo-la a que não se limite às Artes Decorativas de Monserrate: e que use da autonomia que caracteriza o Ensino Superior; que, doutoralmente, pois é esse o seu grau - ou como Guta Moura Guedes (alguém de mão-cheia para iniciativas profícuas) - que pegue no tema que tão empolgadamente nos passou. E que, quase se poderia dizer (?) «obrigou» - com o maior prazer! - a que lhe déssemos solução.
Sabe, melhor do que qualquer outro PROFESSOR DOUTOR do Ensino Superior em Portugal, que ampliámos muitíssimo o seu tema: mais do que se poderia esperar. Não vamos pedir desculpa, nem pediremos... por mais tempo que passe!
Embora, por isso mesmo, haja imenso que fazer, para cabalmente se apresentar a questão: investigação, tradução, iconografia a organizar, e mais ainda livros a publicar - que Portugal pode exportar!
E isto não é para ser a rimar, a lavar roupa ou a sonhar acordado! Nem são as histórias tradicionais (de «meninas estudiosas») dos anos 50-60 em que nascemos:
Se parecem "Le Pot au Lait de Perrette" e "O Pote de Azeite de Mofina Mendes", é isto agora a Economia de um país da Europa, no século XXI: que, está-se a constatar, não se pode limitar à exportação dos Sabores do Pastel de Nata - se pode produzir, para exportação - os Saberes da História da Arquitectura!
Mais, que pode/deve cumprir os acordos internacionais em matéria de Conhecimento: que certamente existem (?), devendo devolver (parece) os avanços que foram feitos, com investimento vindo também da Europa.
Investimento que, respondendo a F. Pinto Balsemão e ao Expresso: nós temos a certeza, é mais uma boa ideia.
Lembre-se um texto do sábio Caramuel Lobkowitz sobre o Gótico***: que, quando lho li, permitiu (a Maria João Neto) confirmar o que durante meses, várias vezes, vinha dizendo
*Note-se, sobre as expressões em voga, que vão desde «a paixão pelo ensino», à «geração melhor preparada, como nunca antes houve», por nós sabemos "de experiência feita", o recuo instalado no ensino superior, na área que conhecemos. O nível medíocre que, tão silenciosamente alastra - "em mancha de óleo" - a fazer lembrar a construção clandestina depois de 1974; ou a ausência de regras (e de PDMs) actuantes, até meados dos anos 80. Link da notícia: http://www.imprensaregional.com.pt/diariodosul/pagina/seccao/1/noticia/3412
**Ver em: http://primaluce.blogs.sapo.pt/172408.html
***Ver em Caramuel LOBKOWITZ, Arquitectura Civil Recta y Oblicua, en La Imprenta Olispal, Vegevan, 1678, p. 78, ARTCVLO XII
http://www.evoracity.net/noticias/ultimas-noticias/602-evora-patrimonio-como-ancora-cultural
http://expresso.sapo.pt/e-urgente-gerir-bem-a-cultura=f840429
http://areas.fba.ul.pt/fh/CIEBA.pdf