O tema de cima, As Origens do Gótico, era o da Professora Maria João Neto, docente da Faculdade de Letras, e nossa orientadora do mestrado, quando frequentámos essa instituição. Até que, depois de 2002 e sobretudo de 2005, tendo nós descoberto e esclarecido esse assunto - embora de uma forma que merece ainda ser muito mais trabalhada - desse ano em diante a questão (para si, M.J.N.) ter-se-á esvaziado?
Tanto mais que, quem hierarquicamente dirige o Instituto de História da Arte, a que Maria João Neto também pertence, não tem deixado (e desde logo, em 2002-2005 não deixou!) que o assunto se esclarecesse mais cabalmente. Que saia, para o Conhecimento dos comuns mortais - ou principalmente para o das redes de Universidades Europeias, Americanas, do Norte e do Sul da América, que também investigam, e querem aprofundar mais, aquilo que é considerado Ciência.
Em suma, em Portugal, na Universidade de Lisboa, há um «finca-pé» muito redutor - que, por tabela, decide e contribui para o nível científico (baixo...) do país. Uma querela que impede a saída, e a divulgação da resposta, a uma questão (que é um bem precioso**) e que muitos ainda agora, hoje, a colocam:
De onde veio o Arco Quebrado, de onde veio o chamado Estilo Gótico?
É que se alguns ainda actualmente questionam o tema, a verdade é que são a França, e toda a Europa, as principais interessadas. E por isso - é assim que interpretamos a decisão da direcção do IHA? - Lisboa «sai de cena»... Talvez com o argumento de que nada tem a ver com o assunto? A não ser que, para V. Serrão - Lisboa não seja Europa (e aqui comece uma «qualquer barbárie», a do «Canibalismo» que Miguel Real descreve...)?
É um «Lavar de Mãos» à maneira de Pilatos, num tema que não se deveria deixar por aí ao desbarato (entregue a nenhuma barbárie...). E que, se é abordado num blog, isso também se deve ao facto do marketing não poder ser alheio a uma questão, que nós não deixamos cair.
E a nossa orientadora - Maria João Neto - cujo imenso mérito era divulgar uma questão tão interessante, quanto importante (quando a conheci e quando contactei o tema...); depois do que esclarecemos e descobrimos, talvez, face às directrizes que deve ter recebido (?), por isso, muito «doutoralmente», ter-se-á desligado da temática?
As Artes Decorativas nos Interiores de Monserrate, é um tema que, directamente, e com esta designação - explicamos porquê - nós nunca o abordámos!
Desde 1986-87, quando a convite do Professor António Lamas conhecemos o edifício principal do Parque de Monserrate, e sobre o mesmo fizemos um trabalho; de facto, para nós foi motivo de escândalo, ver o estado desgraçado que os estuques e outros elementos construtivos começavam a atingir. Em geral as Patologias mais graves (tema do estudo que enquanto profissional nos fora encomendado) ainda não afectavam as estruturas.
Porém, já se tinham iniciado alguns (embora ainda pequenos, mas gravíssimos) repasses de água da chuva, para o interior. A cobertura provisória que a DGF e a DGEMN (ou o IPPC?) tinham colocado vários anos antes, estava a começar a romper, e iria mais tarde - o que se veio a verificar - voar e espalhar-se em fragmentos rasgados, em volta do Palácio, pelos jardins.
Nessa data já a Expo98 estava programada, o país enchia-se, desalmadamente, de auto-estradas, mas o casarão de Monserrate não interessava a ninguém: tal como o palavrão "Artes Decorativas" - ninguém o quereria usar!
Uma borracha gigantesca que ainda por aí anda, tratava de apagar tudo o que fosse Artes Decorativas, os respectivos Motivos e mais ainda todas «as razões»: pois tinha que se pensar DESIGN. Mesmo que a maioria - e os alunos que entravam no IADE continuavam a espelhar bem a sociedade portuguesa - não soubesse sequer o significado dessa palavra...
Com este detalhe a história não cabe, mas, a arquitecta Glória Azevedo Coutinho, que nunca se limitou às Artes Decorativas, por outro lado, - e com todo o sentido de liberdade com que sempre viveu - nunca deixou de olhar quer para a Arquitectura, quer para os mínimos detalhes apostos sobre essa mesma base, então ainda dita «Arte Maior».
A referida projectista, e docente (de uma instituição particular, que pelos anos 80 ainda não era Ensino Superior), já se tinha apercebido, há muito, de várias similitudes - bastante interrogativas e desafiantes -, de articulações e correspondências formais, entre os elementos decorativos e as formas arquitectónicas.
A partir de 2001, e tendo passado a ser «bombardeada», - por estar na Faculdade de Letras, para fazer um mestrado - por textos de carácter religioso. Ou (ainda?), por então se ter apercebido, concreta e verdadeiramente, da imensa importância, e de toda a sua enorme extensão, do contexto religioso para o design «especifico» de cada obra de arte. De 2001 em diante, e sempre impregnada do sentido de liberdade que normalmente pôs nos seus trabalhos e projectos, tendo logo ao lado a Enciclopédia Verbo (hoje, certamente, uma obra subversiva?), folheou-a, e procurou...
Sim, Glória Azevedo Coutinho procurou e encontrou, estando essa História publicada (ver neste blog as referências do livro).
Bastou-nos ler 3 ou 4 entradas para perceber várias especificidades dos Godos; dados que considerámos mais do que suficientes para ir explorar, entre outros, o «mais-que-hiper-subversivo» Caramuel Lobkowitz, nos Reservados da BN.
A razão porque Maria João Neto se desliga dum tema tão interessante, não conheço? Apenas suponho, e lamento. Como nem sequer sei se houve mudanças de direcção dentro da FLUL e no IHA?
Embora saibamos todos, que nas evoluções havidas, na sociedade, no país - tal como nas auto-estradas, já excessivas nos anos 80 - que a Europa se destrói com obras e normas: a estipular regras, e parametrizações amiúde, em geral completamente ridículas (passando ao lado de - o essencial).
Um essencial que tem conduzido à destruição, que, pessoalmente sinto-o na pele, no quotidiano das estruturas de ensino onde estou***.
E onde chegam todos os dias, com a Crise, pouco mais do que as ditas normas europeias, ou o pobre modus vivendi, sem riqueza cultural (ou qualquer espiritualidade), da sociedade actual...
Onde também o Estado não chega, a propor (ou a obrigar...) a que não se desperdicem os dinheiros da FCT! E a que os estudos que financiou tenham condições de concretização.
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*Este assunto é «pano para mangas». Ainda bem que o IHA, a FLUL e Maria João Neto o despoletaram. Permite escrever para esclarecer o imbróglio que está criado desde 2005: o que pode justificar inúmeros posts, tal como justificou a imensa exploração, investigadora, que entretanto fizemos, e o muito que ficámos a saber. Mas, de 2008 em diante, encontrado o Tratado (de Teologia) que esteve na base da Arquitectura Gótica, os apoios de Fernando António Baptista Pereira não foram convincentes a demover o IADE:
Para influenciar - ou sequer conseguir fazer compreender? - o valor das informações em causa, e a História do passado.
**É um bem precioso, porque a investigação é cara, e as descobertas importantes raríssimas...
***Como se compreende, qualquer réstia de passado, ou informações do que foi - que explica a situação a que hoje se chegou - é altamente subversiva. Assim, inclusive o gosto pela história, é incomodativo: portanto - a destruir.
Aliás, nota-se - e sinal de ignorância, ou que muito mal, a História da Arte não se tem centrado nas obras, mas sim na história dos autores?
Que, em suma, não tem interessado a ninguém a capacidade da História, mais que outras disciplinas, para responder à exigência da Criatividade:
Que é premente ter ao «fazer» Design (ou projectar informadamente).
Assim, será que deve haver uma História da Arte para o Ensino Superior Público, e outra para o Ensino Superior Privado?
http://www.fl.ul.pt/component/content/article/2337-curso-livre-de-artes-decorativas
http://ww3.fl.ul.pt//pessoais/mjneto/index.html