... o que certos Geómetras* podem aprender nas aulas com os alunos?
Hoje, num exercício escolar a propósito de um Stand para uma conhecida marca de telecomunicações, eis senão quando o "Y" - inicial da referida marca - é levado à ênfase máxima: tornando-se em simultâneo o mote para a Planta, e desenho «figurativo» para definir o Alçado. No caso praticamente uma escultura, que também iria originar outros elementos do espaço.
Nestas situações divertimo-nos, e não é pouco, num verdadeiro gozo interior (que é, sem dúvida muito intelectual!) e que em geral não transmitimos a ninguém, mas que hoje fica aqui.
Ninguém sabe, nem sonha - como acontece no caso da Capela de Santa Maria da Falperra, desenhada a partir de um Losango (referiu-se em post anterior**) - que a História da Arquitectura está repleta de exemplos destes...
Muito poucos (ou quase ninguém !) têm percebido estas questões: como no passado Esquemas, Diagramas e Caligrafias tridimensionais foram «habitados»***.
Ninguém sabe, nem sonha, como em geral funcionava a criatividade e o processo de invenção de themas e narrativas - a que hoje alguns chamam Conceito, e que eram as ideias a materializar. Actualmente são as formas arquitectónicas do passado, que agora vemos como meras abstracções, «arabescos» e iconografia suposta insignificante.
Enfim, ninguém sabe nem sonha, que uma obra «bem projectada» nos dias de hoje (seja Design ou Arquitectura...), pode estar a usar as mesmas lógicas compositivas do passado; em especial as da Idade Média (que para Jacques le Goff, nalguns casos, chegou ao século XVIII).
Lógicas que eram muito enfáticas, altamente obsessivas e repetitivas, a tal ponto que alguns ainda hoje mencionam o horror ao vazio como sendo uma característica essencial de alguns estilos.
Mas, como nos parece, a interpretação deve ser ao contrário...
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*Nós: a Geómetra, conforme terminologia empregue pelo nosso orientador dos estudos de doutoramento...
**http://primaluce.blogs.sapo.pt/153831.html
***Ver em Monserrate, uma nova história, o caso de palácios em honra da Rainha Elizabeth I, que por isso foram desenhados a partir da forma do "E".