...ou local de concordância, na mente, entre as imagens e o respectivo significado.
Em Iconoteologia* estamos perante um óptimo exemplo da Iconografia Arquitectónica (antiga): resultado do modo de inventar imagens - um modo que foi muitíssimo criativo - dos autores medievais.
A janela de Reims, que facilmente todos consideramos mais renascentista - em vez de gótica - é um óptimo exemplo de como as imagens, e principalmente as ideias**, transitavam (na corrente da consciência). Transformando-se, de umas para outras, diferentes: sempre em permanentes e infindáveis associações, que eram/são mentais.
É fácil de concordar que todas as associações são mentais, porém aqui queremos salientar que algumas associações podem ser mais de ordem formal; ou, em alternativa, serem mais de ordem temática. Isto é, as formas não serem parecidas, mas, na raiz (do pensamento) estarem associadas às mesmas ideias: o que, muito genericamente, se chama Polissemia.
Assim, a passagem de uma janela desenhada sobretudo com linhas curvas (para representar Deus), a uma outra janela de verga recta - e por isso suposta do Renascimento (!) - tendo esta janela uma Cruz ao centro, essa transição é principalmente formal. Porque, do ponto de vista temático e significante - o assunto (que Vitrúvio designava thematismos) - esse assunto ou tema manteve-se.
Como também se mantêm a Cultura e o Conhecimento, mútuo, incluindo as Crenças (que em inglês é belief) como «ingredientes» para a Paz***.
Recapitulando, é possível verificar que o post de hoje inclui três vertentes que quisemos unir (embora cada uma seja impossível delimitar):
1. A criatividade posta no desenho de uma Janela Medieval - exemplo de como se inventaram imagens tradutoras de ideias.
2. A origem de uma Ideia - uma breve descrição, introspectiva, experimentada e descrita por António Damásio.
3. Lembrar que algumas ideias simples que todos temos - complexificaram-se, como a história mostra,
tornando-se crenças - ou uma fé integradora, coerente e monoteísta.
Assim percebem-se melhor os objectivos da UNESCO:
Cultura e Conhecimento como caminhos para a PAZ
~~~~~~~~~~~~
*http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/53126.html; http://fr.wikipedia.org/wiki/Fenêtre_à_croisée
**Ver Imagem: página de - O Livro da Consciência, de António Damásio, Temas e Debates, Lisboa 2010.
***Ver em: http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001924/192499m.pdf#page=20:
não é só a Arte, a arquitectura ou o design, que precisam da Cultura e Conhecimento, mas também a convivência (que se quer pacífica). Depois, Mircea Eliade explicou-o, as regiões periféricas do antigo Império Romano, por vezes apresentam características mais marcadas do que regiões centrais.
E aqui captamos e compreendemos essa ideia, embora com interpretações diferentes para o que se passou...