A partir de 2002, precisamente há 11 anos, percebemos que poderia ser mais útil - dadas algumas capacidades que estávamos a descobrir (e portanto isso fazer algum sentido) - dedicarmo-nos à investigação.
Investigação que seria, claro, em História da Arquitectura.
Visto que a mesma, contada então por alguns dos historiadores que estávamos a contactar e a ouvir, era, com demasiada frequência, algo com muito pouco sentido. Muitos dos que então ouvíamos, e com quem também aprendemos algumas matérias, porém (paradoxalmente), tantas vezes eles foram mostrando não compreender, o suficiente, daquilo que afirmavam.
Porque não tinham bases!Tinham apenas reuniões de informações e várias ideias memorizadas, e por isso também, frequentemente, articuladas de modo deficiente...
Concretamente para o caso do Estilo Gótico (e isto passou-se de Nov. 2001 a Março de 2002), infelizmente pudemos perceber que uma sensibilidade mínima, que devia integrar noções de Estática, ou por exemplo sobre o Comportamento Térmico e Acústico dos edifícios, essa preparação e sensibilidade eram inexistentes.
De tal maneira que, qualquer afirmação nossa, ou alguma explicação que déssemos, fora do habitual e da bibliografia, logo ela gerava surpresa. Vendo-se nos comportamentos que gerava também uma boa dose de perturbação...*
No entanto, no fim reconheceram o nosso trabalho, e pelos menos momentaneamente houve elogios (alguns até acima do normal).
Depois disso veio (tem sido) o silêncio das instituições que referimos no post anterior.
Um silêncio emudecido, que é entrecortado aqui e ali pelos esforços de quem conhece e sabe as potencialidades do resultado das nossas investigações.
Se em 2002-05, 2008-10... pensámos que o futuro podia ainda ser promissor; que os materiais que descobrimos seriam da maior utilidade para o país, e concretamente para o ensino em Portugal: para se obterem novos conhecimentos sobre a Humanidade em áreas como a Antropologia, a História, a Psicologia (é impossível nestes temas não se pensar em Jung!).
E também para o conhecimento dos modos de pensar e da formação da consciência: com a ideia de que os Homens pensam em Imagens - de que Santo Agostinho já escreveu; ou de que Sto Alberto Magno também tratou. E que como hoje, muitos séculos depois, António Damásio escreveu e designou por Mapas Mentais, ou Mapeamentos de Ideias. Matérias onde Patrick Gaultier Dalché também deu informações importantes.
Por exemplo para se compreender a formação do Pensamento, que desde tempos ancestrais se pode ver como uma permanente complexificação: feita a partir de dados básicos vindos da natureza, e recolhidos principalmente pela visão...
Enfim, e em resumo - nada fácil de dizer em poucas palavras - é imenso, e tremendamente grande o que (nós) também vemos associado ao trabalho que devíamos estar a fazer com tempo, e com investimento (que iria muito para além de nós). O qual contaria, claramente, sobretudo com equipas interdisciplinares a colaborarem entre si.
Mas..., quem nos devia ouvir não quis ouvir, e assim vence a pobreza, a inveja, a mesquinhice: «qualidades» que são tão características de sociedades historicamente pobres, como a nossa é.
Em que pouco mais se vê (e não se vêem com bons olhos) do que os avanços dos outros. Em que não se é capaz de participar no colectivo e gerar um movimento feito de consensos pragmáticos virados para a acção; e não para silenciar ou anular o parceiro...
O tempo futuro que prevíamos (eventualmente mais rico?) não é daqui a dez anos... está aí, é para os próximos meses. E traz de novo ao de cima o que Portugal já foi no século XVIII: pobreza, inveja, mesquinhice...
Leiam William Beckford em Portugal; Ayres de Carvalho e as Memórias de Merveilleux. Leiam Tempos Idos de Francisco Câncio, ou ainda melhor que todos, se conseguirem encontrar, leiam - Portugal; or the Young Travellers... - o livrinho mínimo que nos mudou a cabeça**.
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*Começámos a ter a certeza que os Historiadores da Arte precisavam de fazer Trabalho de Equipa, mesmo quando tratassem apenas da Pintura: já que a Geometria é uma matéria essencial para olhar, e compreender, por exemplo a Pintura de Josefa d'Óbidos, onde muitos dos elementos naturais foram escolhidos pelas suas formas geométricas.
**E onde em 2.03.2002, numa gravura de Seteais «reconhecemos» as Arcarias do Aqueduto das Águas Livres. Livrinho (anónimo) cujo título completo é - Portugal; or the Young Travellers: Being some account of Lisbon and its environs and of a Tour in the Alemtéjo, In Which The Customs and Manners of the inhabitants are faithfully detailed. Harvey and Darton, London 1830: obra que nos mostrou como anda tão mal contada a História da Arquitectura; temas que já estão em Monserrate uma nova história.
Porque ser consciente e responsável hoje em Portugal é doloroso, que a leveza da inconsciência (n)os mantenha a todos, muito e muito felizes!
http://expresso.sapo.pt/portugal-e-a-setima-economia-mais-lenta-do-mundo=f801543
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