...e muitas viagens: ao céu, por Lisboa e pelo país, com prazer. Gozando a vivacidade dos diferentes olhares que se podem cruzar!
Se não clicaram na imagem do post anterior não leram, não sabem que fomos ao céu e voltámos, e que lá S. Pedro nos deu um «Molho de Chaves»...
Claro que isto é a pura verdade porque o 1º de Abril ainda está longe!
Chaves que se encontram mais perto, na terra, concretamente na Biblioteca Nacional: nos Reservados. Ou ainda, imagine-se, há dias encontrámo-las na Internet, uma das nossas fontes mais essenciais. A que em Março de 2002 nos permitiu avanços inesperados, em matérias que praticamente desconhecíamos: referimo-nos a um livro de 1640 que está agora digitalizado, fácil e acessível a todos!
Fácil e acessível, pelo que gostaríamos que muitos encontrassem e entendessem as nossas primeiras fontes.
Porém, parece-nos que nem todos pensam assim? Que talvez muitos prefiram que façamos nós o máximo de trabalho; que contextualizemos tudo, e que tudo expliquemos; por miúdos, mesmo, mesmo, muito miúdos!
E só quando o entenderem - e assim já estiver num pacote prontinho (face ao seu próprio equipamento intelectual*) - então se verá se participam ou não das vantagens e benefícios da nova visão que propomos?
É que sem se anularem as nomenclaturas anteriores, a nossa proposta torna muito mais verosímil e mais compreensível o que se vê nas Obras de Arte.
Enfim, aquilo que terá sucedido lá atrás, em tempos passados: compreender como funcionou o Modus Operandi da criação artística.
Mas até que isso aconteça, ficará connosco o desmatar e o desbravar de uma imensa floresta de Polissemias, que, talvez aí já hoje reconheçam estamos mais avançados do que a maioria alguma vez esteve; em matéria de Iconografia Cristã criada desde a Antiguidade à Idade Media e ao Renascimento**, e depois sempre reutilizada?
Por nós esta é uma perspectiva que se daria a ver - melhor do que tudo - com a imagem (muito alegórica) de «uma pescadinha de rabo na boca».
E essa é uma visão que também traduz, bem, o que não se avança, ou a velocidade a que se trabalha, aqui neste país (quase deliberadamente em crise). Sem equipas, sem união, sem objectivos ou consensos: é cada um por si, talvez até com arremessos mútuos, e depois se vê aonde uns e outros conseguirão chegar...?
Quanto ao Turismo (nesta altura um sector mais do que estratégico), ou às viagens diversificadas que se podem fazer cá dentro - subam ao Chiado no elevador da Bica, quando vai cheio de estrangeiros à mistura com «alfacinhas de gema».
Assim poderão compreender uma parte daquilo que os encanta: razões para visitarem o que Camões disse ser -"...cume da cabeça/ De Europa toda, o Reino Lusitano,/ Onde a Terra se acaba e o Mar começa…"
(clic para ampliar)
Mas não se julgue que defendemos o pitoresco arruinado das fotografias
Defendemos que haja estudo e consenso À VOLTA DA NOÇÃO DO VALOR dos materiais iconográficos que estão na arquitectura.
Pois só assim poderão perceber que esta ou aqueloutra imagem está na Bica e na Rua da Boavista em Lisboa - em obras do fim do século XVIII; mas também no Mosteiro de Alcobaça, do séc. XII, ou em Santa Cruz de Coimbra. Ou em Évora, ou no Porto, ou em Lamego; ou pelo Vale do Douro, no Outeiro, Miranda do Douro, Portalegre, Viana...
Ou, ou, ou, se quisermos ver e compreender as obras tradicionais, perceber toda a sua riqueza cultural e ver como tudo esteve/está ligado. Isto é, não olhando apenas os sinais e vestígios com os nossos olhares estúpidos, estáticos e parados, típicos de quem não sabe nem ver nem ler. Mas sim com a vivacidade de quem na mente tem a informação bastante e a necessária para interpretar (ou ler) o que os olhos estão a focar.
E se nas formas arquitectónicas alguns, e muito bem, identificam rendilhados, como já nos disseram, é porque também as rendas (bilros, Vila do Conde, ou os trajes tradicionais da Nazaré...) usaram exactamente as mesmas iconografias que estão na arquitectura.
Algo a que já fizemos referência no trabalho dedicado a Monserrate: quando falámos em “indumentárias visuais”***.
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*Podemos falar em «Chaves» - como a «chave de um código» (secreto, à maneira de um Dan Brown) - ou com outra designação falar nos referentes e sinónimos que se encontram nos dicionários de símbolos. Mas a melhor, ou talvez a única chave para a compreensão dos estilos e da Arte Antiga é o Equipamento Intelectual de cada um de nós. E ainda dito de outro modo, é a diversidade de informações e de Conhecimentos, incluindo a Geometria que foi como uma Gramática que forneceu as regras para a produção das Imagens; em especial as das imagens abstractas.
Conhecimentos que «habitam» as mentes daqueles que permitem a sua entrada (e os gozam, já que é isso a Estética!).
**Naquilo que para a maioria serão «desenhos e bonecos»: sem perceberem que os mesmos foram gerados por regras. I. e. como de figuras geométricas simples muitas formas passaram depois - ao adicionarem-se e recombinarem-se entre si - a Ideogramas. Constituindo uma nova Iconografia (específica) com novos significados, também muito específicos.
***Ver Monserrate uma nova história, p. 183, nota nº 279.
http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/
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