... e depois mandam-se vir, e pagam-lhes bem, aos chamados «professores visitantes»*!
Portugal não está a recuar uma década, nem quatro ou cinco, como quando em 1961 encomendou a técnicos de outros países (como Robert Auzelle, que veio fazer Curriculum**), vários estudos e relatórios que ensinassem o país a avançar.
Portugal recua paulatinamente ao século XVIII, como quando no reinado de D. João V o rei pagou, a bom preço, a vinda de inúmeros estrangeiros.
Agora não entram nem diamantes nem ouro, vindos do Brasil ou quaisquer outras colónias, para pagar aos técnicos vindos de fora.
Agora (e como sempre tem acontecido), nós portugueses, em consequência das questiúnculas internas das pessoas e instituições, escravizados pela pobreza mental e estrutural***, temos que engolir e calar estas situações.
E havemos de as pagar: que outros venham cá aprender connosco, e que ainda levem remunerações por essas aprendizagens.
Porque quem está instalado no Poder, prefere tratar os cidadãos do seu país como incapazes e ignorantes, e depois, investido do mais alto nível de provincianismo saloio manda vir técnicos estrangeiros...
Portugal precisa de Justiça e que as leis se cumpram. Quanto ao resto, há por cá muitos bons técnicos, certamente competentes. E por isso mesmo silenciados pela inveja (dos que não podem e não sabem) e pelos minúsculos poderes que estão instalados: na promiscuidade em que se vive no Estado, no Ensino Superior Público e no Ensino Superior Privado. Igualmente nas instituições que deveriam ser parceiras, activas, mas que calam inúmeras e relevantes ilegalidades, que nós, particularmente, temos sido obrigados a conhecer...
*http://expresso.sapo.pt/peritos-recomendam-incentivos-a-vinda-de-professores-estrangeiros=f787990
** No caso de R. Auzelle veio apresentar a altos dirigentes - Ministro das Obras Públicas, Presidente do LNEC - Conditions et Impératifs de L'Urbanisme. Condições que eram estudos, análises e sínteses como o próprio referiu no fim da sua conferência na tarde de 8.03.1961. Talvez estudos de base feitos por portugueses - não sabemos - que o «técnico visitante» veio comentar? Um «trop déjà vu, depuis trois siècles»...
Numa Conferência repleta de questionamentos e interrogações citou Nietzche (o filósofo alemão), com uma ideia muito própria, alusiva ao distanciamento entre governantes e governados. Retrato do momento que vivemos:
"L'État est le plus froid de tous les monstres froids"
Como entre a complexidade da governação e a falta de honestidade dos dirigentes, o que tem valor pode passar escondido, omitido e desvalorizado. Mais ainda se se julga que a autonomia das instituições as conduz à correcção, ou ao máximo aproveitamento dos seus próprios recursos?
***A pobreza estrutural leva mais facilmente à cópia e à inveja, do que à criatividade. E assim se está num ciclo vicioso, sem aprender: i. e., sem apanhar a essência dos bons exemplos...