No passado esta associação fazia-se naturalmente... Porque falando de construção se falava também de «atitudes edificantes»
"Parece haver algo de estranho..." - escreveu/disse António Barreto, e assim continua:
"... Enquanto, lá fora, no país e na sociedade, se vivem momentos particularmente difíceis, aflitivos mesmo, nós estamos aqui a discutir o que será dos Portugueses dentro de vinte a trinta anos! Enquanto o mundo, lá fora, sofre e luta pela sobrevivência, nós, no conforto deste Encontro, estudamos e discutimos os cenários para 2030! Parece absurdo, mas não é.
Foi uma decisão nossa: prever, projectar e antecipar... Para melhor decidir hoje. Para tudo saber hoje. Para formar opinião hoje. Isto, porque queremos preparar as próximas décadas. E porque pretendemos cuidar de um bem valioso: a liberdade de escolha."*
Em 2001 na sequência de eleições para as Autarquias Locais, António Guterres demitiu-se por prever, a curto prazo, «um lamaçal».
Em 17 de Março de 2002 Durão Barroso ganhou eleições gerais - para a Assembleia e para o Governo - para pouco tempo depois vir reconhecer: "O País Está de Tanga!".
Tudo isto contribui para a ideia que temos, tal como um edifício se projecta e a obra se prepara, o futuro também se projecta e também se prepara.
Sobretudo analisa-se o que está no ar, tanto quanto possível tomam-se as rédeas da nossa própria vida, e vamos tentando fazer o que nos parece ser (face aos dados que detemos) o mais correcto.
Claro que ninguém muda o mundo sozinho, mas também, por solidariedade e interdependência ficar na situação de mexilhão a apanhar com as ondas que já se vêem ao fundo, é - temos que concordar - francamente desanimador...
Quererá a sociedade, e os grupos em que estamos, será que querem mudar? Querem pensar? Querem planear? Querem ter poder sobre as suas vidas? Ou queremos todos continuar assim: assistindo ao esvaziar e ao destruir do que tínhamos construído e atingido?
Quando Siza Vieira aparece numa reportagem a dizer que também ele está perante a possibilidade de ter que fechar o Atelier, não seria boa ideia pensar? Pensar o papel da Arquitectura e do Design enquanto Disciplinas, e enquanto Profissões?
Pensar alto sobre o que imaginamos vai ser o futuro; se exportamos profissionais, com quem irão competir? Que formação terão os outros? Se não exportamos profissionais, sendo preparados para o mercado interno, que valências têm? Poderão ser mais polivalentes? Mais cultos, mais preparados para uma certa diversidade profissional, e cenários que ainda não estabilizaram?
E se não fizermos nada, como ficaremos? E ainda o que poderá ser, se conseguirmos fazer alguma coisa, muito mais bem feito? Muito mais pensado, passando ao lado dos «disparates» da Convenção de Bolonha para o Ensino Superior? Corrigindo o rumo...? Atempadamente...
Mudar de direcção, conscientemente, e não a reboque dos acontecimentos, será ainda possível?
Quanto às Pedras, Naturais e Artificiais? Não as esquecemos, ainda são elementos essenciais da construção...
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*Ver: Encontro “O Presente no Futuro – Os Portugueses em 2030” (Sessão de Abertura) Quinta-feira, 27 de Setembro de 2012
http://o-jacaranda.blogspot.pt/
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