... e a Ogiva: assunto que anda a ser revisto em Iconoteologia desde o dia 17.
Para a ver e descobrir, esse treino resultou, em parte, de meses (mais precisamente 24 meses ou dois anos) a olhar para as patologias de alguns edifícios que tinham sido construídos, não de acordo com as boas normas da construção, mas à pressa, durante a Expo 98. Que passado pouco tempo ficaram em muito mau-estado.
A olhar à vista desarmada e com binóculos - quando se tratavam das zonas mais altas das fachadas - começámos a treinar a visão como nunca tínhamos feito.
Depois houve uma transição, deixando de procurar apenas os (des-) alinhamentos e as massas partidas, empoladas, rachadas; ou os betões com chochos aparentes, salitres, areias soltadiças. E que mais?
Fissuras, escamações de pinturas, ferrugens em peças metálicas de grandes e pequenas dimensões, desde as grandes áreas de portões, às ferragens de dobradiças, puxadores, molas de pavimento...
Mais tarde houve a tal transição para outros aspectos da construção, pois passámos a perceber - logo à primeira vista - o desenho de arcos, de vergas, de modilhões, de tímpanos, de gabletes, etc., etc., etc., submetidos a regras geométricas de composição.
Não porque fosse nossa intenção conhecer as designações de cada peça que entra na construção (como uma anatomia, que também é), mas porque nos apercebemos, sem que os nomes importassem predominantemente, das suas funções.
É que na generalidade, alguns - os auto-intitulados «historiadores de arquitectura» - vão dando nomes (arcaicos?) às peças, mas depois, pouco chegam a perceber o que fazem no conjunto?
E algumas dessas peças, é E. Panofsky quem o explica, não estão lá a fazer nada*, a não ser a falar!
Isto é, aparentemente são elementos de suporte, mas, na verdade, como no Templo Grego, alguns dos verdadeiros suportes são grampos metálicos, chaves e cavilhas; peças que foram escondidas, por detrás e por dentro das juntas de pedra. Por isso a forma que ficou à vista era apenas falante! Tinha sido essa, desde sempre, a sua função.
E para o que importa expor, haverá obra mais falante do que esta**?
Em todos os sentidos...
Devemos a A.W. N. Pugin - faz este ano 200 anos que nasceu - devemos-lhe, talvez mais do que a Viollet-Le-Duc (?), o desenvolvimento da ideia de adequação e de adaptação.
Noção, ou conceito, a que se seguiu (logo colada) - a ideia de Funcionalismo.
E esta William Morris ampliou: e nós todos, na sua sequência, ampliámo-la ainda mais!
Depois, só com Robert Venturi e as noções de Complexidade e de Contradição, que enriquecem as obras e os seus significados, então é que o Funcionalismo começou a «arrefecer».
Por isto, o nosso propósito de ensinar - jovens arquitectos e aprendizes de historiador da arte - os que querem perceber os significados das antigas formas plasmadas na arquitectura.
O costume: todos queremos ir bastante mais longe, fazer a diferença!
Se em certas áreas, o importante é ser seguidista, e não pensar por si; noutras áreas há os que continuam a ter curiosidade***. Que querem conhecer - caso dos arquitectos (nas obras da Cidade) - pois sabem o valor da inovação, ou... o da Renovação Urbana!
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*Um «nada» que é força de expressão, na medida em que fazem algum suporte. Mas em geral muito menos do que aquilo que se supõe e em geral é conhecido.
**Wilfried Koch, Comment Reconnaitre les Styles en Architecture. Solar, Paris, 2004.
***Por outro lado, não vivemos numa ditadura, e o «Direito a ter curiosidade», ainda é válido e pode existir
Como o direito a férias!
Ver: