Muitos pensamos que o melhor de Portugal pode ajudar a sair da Crise.
E esse melhor, por vezes verifica-se, que não é numa única área (de negócios, como os pastéis de nata), mas são várias áreas concomitantes.
Mais do que tudo é uma questão de atitude!
Ou seja, pensa-se que se todos derem o melhor naquilo que fazem, estarão a ajudar o país a progredir e a ser globalmente mais competitivo.
Nessa competição estão muitos dos produtos que se exportam, mas também estão produtos e serviços que se consomem no território nacional. Isto é, que não chegando a sair daqui, são pagos por rendimentos produzidos e criados fora de Portugal e trazidos para cá. Concretamente no porta-moedas dos estrangeiros, que nem portugueses são!
Numa palavra - nesta nossa tentativa de descrição, tanto quanto possível abrangente - quer-se lembrar o Turismo, mas também aquilo que o contextualiza, e que é muito.
Turismo: não importa qual? Seja de que tipo for: sejam férias de descanso balnear e de restauração em geral. Ou férias de turismo total, com a imersão numa outra cultura, religiosa e antropológica. E até mesmo, não sendo férias, tratando-se das deslocações de estrangeiros ao nosso país, em curtas visitas de trabalho.
Por muito que queiramos inventar relativamente a novos serviços, originais, que se prestem aos turistas. Ou a oportunidades que se queiram oferecer aos visitantes, nunca se deve descurar aquilo que é básico. Melhor: aquilo que fazemos e temos para nós, e não apenas por mero provincianismo, para oferecer aos estrangeiros!
Talvez no intuito que recomendem o país a outros? Que assim virão depois, e sucessivamente se implementem as vindas de outros estrangeiros; que trazem o seu dinheiro para pagar o que vamos produzindo...
A nossa preocupação com toda esta explicação - que queremos ampla - prende-se com o facto de se verificar que, enquanto povo, frequentemente, falta-nos a mais normal auto-estima!
Por isso só vemos determinadas necessidades a partir dos que nos visitam... Esquecemo-nos de nós, e que no nosso quotidiano vamos suportando o que não deveríamos suportar!
Que vamos aguentando serviços deficientes e incrivelmente mal prestados. E só ao calçar «as tamanquinhas dos visitantes estrangeiros», então é que vemos quanto são vergonhosos!
Enfim, o último número do jornal SOL veio pôr a nu a vergonha que se passa na venda de Bilhetes, Passes, Assinaturas, Títulos de Viagem, válidos - chamem-lhes o que quiserem - na Estação de Comboios do C. do Sodré.
Que nós portugueses aguentamos tanta estupidez junta, é sabido! Que a capacidade de sofrer é imensa; ou é estoicismo em prol do nosso próprio comodismo e ignorância? Que é uma não inscrição do tema e do problema, como escreveu José Gil, também se percebe! Que não nos atrevemos a avançar com a denúncia das ilegalidades, como deveria ser feito, conformando-nos com a burrice nacional e pessoal... Tudo isto é sabido.
Só não se sabendo até quando...
Aceitar como normal não só esta questão de não haver bilheteiras para a grande afluência de passageiros - que querem, desejam, precisam, de um serviço, que lhes é «rateado»... - é compactuar com muito mais distorções! Porquê? Qual é o intuito*? Acabou-se a Democracia? Estamos nalgum país de Leste, tal como foram nos anos 60-80 (do século passado)?
Será que só saímos desta crise (e de todas as outras), se pularmos das "tamanquinhas do nosso comodismo", para uma "cidadania séria, e de exigência", apresentada na Praça Pública? Ensinando aos políticos aquilo que eles, nas suas redomas de vidro, ignoram!
Mostrando, por exemplo, que os comboios a funcionarem adequadamente, não são apenas uma necessidade provinciana, para turistas e "para inglês ver": são algo de básico que um Ministro da Economia - Álvaro ou não? - devia saber...
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*Nessa coerência da estupidez, é aceitar como normal, que nas Universidades se escondam resultados de investigações...?
É aceitar que desapareçam elementos fundamentais das mais importantes compras que alguma vez o Estado fez?
É aceitar, normalmente, o desconhecimento pelo MEC, do que se passa no Ensino Superior? Ou está o MEC à espera de uma auto-regulação? Que vejam o caos instalado nas Bilheteiras da Estação do Cais de Sodré, e os resultados (que há semanas são inexistentes) duma auto-regulação que normalmente seria facílima implementar!
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=56977
Enfim, como projectistas sabemos o que são caudais ou fluxos de pessoas; como se resolve um problema desse tipo, aumentando o número de máquinas, e bilheteiras abertas. Não é auto-sustentável?
Não estará o desejo de austeridade a conduzir à estupidez própria dos regimes autoritários?