Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
04
Ago 12
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

E perguntamos porque não ofende, mas a resposta, eventualmente, é provisória... 

Há alguma relação entre estas janelas? Que em geral têm sido designadas agimezes, mas que, aprendemos com N. Pevsner, são vãos bífores, de que a arquitectura italiana e europeia está repleta.

A pergunta não é dirigida à relação formal, pois são muito semelhantes. Mas, sobretudo, pergunta-se que «relação significante» existe entre elas: porque razão tendo entre si séculos de distância, ambas foram colocadas em obras emblemáticas*? 

No primeiro caso são do Palácio da Vila de Sintra, e no segundo caso, em 2000, foram colocadas por Foster no "court" do British Museum**.

 

Certo é que correspondem a uma das primeiras traduções visuais de uma ideia teológica que Clóvis (antes de todos os outros povos bárbaros), defendeu, e assim deu um exemplo que outros seguiram. Não apenas os «Godos do Oeste» ou Visigodos, instalados na Península Ibérica depois de 411***, mas também quem os antecedeu e quem lhes deu continuidade - i. e., outros povos e grupos de origem germânica - concretamente no centro da Europa: Carlos Magno. Ele que foi no Sacro-Império Romano Germânico, o primeiro imperador descendente dos invasores bárbaros.

É uma história longa, repleta de detalhes onde Imagens e Poder se entrelaçam permanentemente; uma história capaz de explicar mais dos que as sobrevivências estilísticas, os chamados Revivalismos: os quais se supunham totalmente desligados de crenças, ou de sentidos de nacionalidade, fundados na religião...

Ou seja, têm sido estudados e fundamentados muito mais por questões de Gosto - desligado de outras realidades que o influenciavam (quase ao nível da futilidade). Sem que se veja o papel essencial que as religiões tiveram nestes temas da Cultura Visual, como em Monserrate uma nova história já fizemos referência.    

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*Segundo cremos, por razões religiosas e de eclesiologia, que em Inglaterra prevaleceram (e se debateram bastante) durante o século XIX, neste país o significado antigo de certas formas não estaria definitivamente perdido. Ver em Monserrate, uma nova história, onde esta questão já foi tratada: ver nota nº 39, p. 162, onde se explicam transições formais do Clássico para o Cristão, e vice-versa.  

** Onde também podem estar como alusão à Sala de Leitura do British Museum?

***Aconselha-se a leitura de L’épiscopat de Lusitanie pendant l’Antiquité tardive (IIIe-VIIe siècles), I.P.A., Lisboa 2002. Ana Maria C. M. JORGE

Ver ainda:

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c5/British_Museum_Reading_Room_Panorama_Feb_2006.jpg http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/


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