É do conhecimento geral que o IADE só passou a Ensino Superior (Licenciatura) depois de 1989. No entanto, para muitos de nós professores só depois de 1997, com a passagem para as instalações de Santos - na Av. D. Carlos I - é que se sentiu essa transição.
Escusado será dizer, que o nível sempre fora «bastante superior», independentemente das designadas habilitações formais de alguns dos professores.
No nosso caso entrámos para ensinar Conforto de Ambientes, algo abrangente, que não se pode dizer que fosse indefinido, mas que na prática tocava (e ainda toca, se quisermos ver por esse prisma) quase todos os outros saberes. Entre esses estava a Cor, mas sobretudo a Cor-Luz, por ser a Luz uma das matérias essenciais para alunos de Design de Ambientes.
A poupança de energia, e a existência de lâmpadas fluorescentes - por vezes com cores de luz muito desagradáveis - aconselhavam a que se transmitissem uma série de informações. Para que os alunos pudessem ficar preparados, não exactamente para fazerem um projecto de iluminação; mas capazes de escolherem, adequadamente, as fontes de luz, e as «debaterem», se fosse o caso, com um técnico especialista de instalações eléctricas.
Agora, todo esse contexto em que nos movemos evoluiu. Temos algumas saudades..., mas, sobretudo ficou a sorte de ter conhecido, razoavelmente, o tema da iluminação. Pois a partir de 2003, quase 30 anos depois, começámos a ler sobre a Luz, na perspectiva que teve durante a Idade Média, ou ainda muito mais atrás, na perspectiva de quem ficou para História como o autor sírio que viveu no início do século VI, e é designado comummente como Pseudo-Dionísio, "o Areopagita".
Se em Portugal escrever sobre o Areopagita é algo de muito invulgar, raríssimo, e até visto como erudição, em França é bastante mais comum. Assim, em vários autores franceses encontram-se textos francamente interessantes, sobre escritos que se atribuem ao Pseudo-Dionísio.
Aqui, e ainda sobre a Luz, estamos a pensar em Alain Besançon, e o que reporta sobre um Deus de Luz*: "um Universo «escalar», como cascata que ilumina, gradualmente, o que o envolve".
Neste ponto muito particular, definido assim, seria impossível não estabelecer uma ligação quase directa, com as formas de propagação da luz que durante anos ensinámos.
Por fim fica uma imagem que é para nós um privilégio: não por tê-la captado, mas por ter podido gozá-la, ao vivo, com nuances e variações! Estava um fim de tarde e uma luz, que nem palavras ou imagens conseguem reproduzir e relatar!
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* na sua obra: L'Image Interdite; Une Histoire Intellectuelle de L'Iconoclasme,Fayard, Paris, 1994.
Ver ainda:
http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/29757.html
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