Esta última lição já foi escrita há vários dias, e entretanto outros posts foram intercalados.
A anterior tinha sido dedicada à visualização da informação (ver 8 Fev.*), e como pelo facto dessa visualização existir, quando se pretendem definir objectivos, então a mesma contribuir para que se compreendam, e integrem, muito melhor, esses mesmos objectivos . Ou, acrescentamos nós, está-se perante o Conhecimento tornado tangível: i. e., a materialização da Cultura e do Conhecimento, o que tem tudo a ver, quase exclusivamente, com a Arquitectura e o Design.
Num post anterior já referimos Émile Mâle e André Grabar, a propósito desta questão, e as visões diferentes de um e outro, sobre o assunto.
O que é muito mais interessante, e relaciona toda esta questão com Saint-Gall, concretamente com o plano de um mosteiro da época de Carlos Magno (que não chegou a ser integralmente construído), é o facto de que para alguns autores esse projecto terá sido desenhado, sem que houvesse a intenção de o construir, integralmente.
Note-se que para esses autores - que dão contributos extraordinários para a compreensão dos Estilos Arquitectónicos, e que estão numa linha, muito específica**, que um dia se há-de explicar - para eles o referido desenho não é um projecto: e nesse contexto, que não é o de todos os estudiosos e investigadores, somos nós que lhe estamos a dar esta designação (projecto)!
E damo-la porque sabemos que as formas significantes levavam à elevação do espírito - que é aquilo que também se pretende em termos religiosos, nos espaços de culto - e por isso não se destinavam a «ficar no papel»***, devendo as referidas formas iconográficas ser construídas:
Deviam passar ao templo - pavimento, paredes e tecto - onde seriam contempladas!
*http://primaluce.blogs.sapo.pt/80432.html
**Lógica e linha de pensamento que articula um conjunto de ideias a considerar que as imagens (mesmo que fossem as de um desenho de projecto) eram quase o equivalente a mandalas. Ou seja não seriam lidas, mas andariam muito perto da ideia de contemplação e de veneração.
Note-se que aqui continuamos a não referir palavras-chave dos autores contemporâneos que têm estudado estes temas, e nos são essenciais; assim como a designação genérica das suas teorias. Pois embora essas teorias nos sejam muito úteis, não concordamos com elas, totalmente.
Por isso, e por enquanto, calamos...
***Melhor, não seria no papel, mas no pergaminho - base da imagem acima - in Xavier Barral i Altet, A Alta Idade Média, Taschën, 1998
http://www.cesg.unifr.ch/fr/stgallplan.htm