Isto da Cultura ser, ou não ser, Ciência é sempre um problema! Não vamos adiantar qualquer solução, ou até mesmo dizer que concordamos com as classificações dadas pelo jornal abaixo citado.
Simplesmente regista-se, e ao fazê-lo verificamos que isso acontece nas noticias que se seguem, sobre a cidade do Porto – o seu centro histórico, incluído na Lista do Património da Humanidade. Depois de receber o título houve mudanças decorrentes desse facto.
Dir-se-ia que o “ganhar prestígio”, resultante da integração na Lista do Património Mundial da Unesco, era esse o propósito. Sobre “perder pessoas”, talvez tenha havido trocas? Já que naturalmente tem mais turistas – i.e. pessoas vindas de fora; mas, descompensando, pode perder «os naturais» que habitavam e frequentavam a zona, e passaram a sentir-se incomodados com a abertura que ganhou.
Talvez haja também uma certa perca de identidade? Deve ser esse um dos fenómenos (?), mas deveríamos questionar se o mesmo não é simultaneamente, consequência de uma modernização? Que aconteceria em qualquer caso: com ou sem integração na Lista do Património Mundial. Mas que acontece de modo mais rápido quando se instalam serviços e comércios que se destinam aos turistas.
Certamente, que a tal modernização se acelerou, e esta zona da cidade, tornada pólo atractivo, q.b., passa a ser mais rentável do que se permanecesse com as actividades, que hoje serão apenas residuais (?), e antes estavam escondidas. Talvez algumas delas, negócios (pequenos ou grandes), se tornem mais visíveis e atractivos, e que até algumas actividades menos adequadas, no contexto, possam ter-se sentido incomodadas e se tenham mudado?
Claro que há vantagens - e também inconvenientes, de vária ordem nestas «operações», que também são de urbanismo - e que as classificações da UNESCO constituem, e acarretam.
Voltando à questão: Cultura ou Ciência? Note-se que as duas primeiras notícias entram na edição do jornal pelo lado da Ciência, e a última é já da Actualidade. Ou atualidade como eles escrevem, que por uma questão de Ciência e de “com Ciência”, nós preferimos escrever à antiga: e aqui sim é Ciência, sem dúvida, o encontro das Neurociências - os «mapas do cerébro» de que Damásio escreve, porque os vê em Imagiologia (e nós captamos cá fora) – com o que nos envolve. As realidades que vamos nomeando, referindo e considerando, quando pensamos. Se o Pensamento é uma permanente relação, ou interacção, entre conhecimentos e informações, é bom não descaracterizar, demasiado, os referentes-base que se usam para pensar, que são as palavras...
É que se corre o risco de não serem identificadas - como hoje sucede com as palavras-formas dos Estilos Arquitectónicos. A leitura faz-se mais lenta, e com ela também o Pensamento (até que nos habituemos). Corre-se o risco de não serem reconhecidos esses sinais, e não nos entendermos, como na construção da Babel*.
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*Torre de Babel (bíblica) de que já escrevemos várias vezes, e sem dúvida nos estamos a repetir: é de propósito!