Pois é, há dias referimos «o sapal e o lodaçal» em que tudo isto - as pessoas, o país em que vivemos, as suas instituições... - anda, e já há tempo de mais.
Mas, de facto, e continuando na linguagem figurada, há também que proteger a natureza, inclusive a humana. É que se na natureza (terrestre), sabemos que por vezes os rios mudam de curso, por erosão, lentamente, ou de repente, devido a um cataclismo. Que os pântanos podem ir secando, ou o contrário: podem surgir infiltrações e as terras tornarem-se húmidas.
No entanto tudo depende, também, da acção do homem, e não apenas das forças naturais, deixadas a seu bel-prazer. Quando pensamos em natureza - se nos lembrarmos do Egipto da antiguidade, ou de grandes obras como barragens - sabemos que a natureza pode ser ajudada «a tornar-se melhor». Num grande avanço, e falando agora apenas de pequenos trechos do território, o Paisagismo Inglês do século XVIII é um dos melhores exemplos do que acabámos de escrever.
Vejam em Monserrate uma nova história, pois estão lá exemplos e referências ao assunto. Também estão outras relativas ao que descobrimos, e a uma nova história da ARQUITECTURA, que, desde então (2002, e sobretudo a partir de 2005) queremos inscrever, e haveremos de concretizar!
E aqui entra a mensagem de Boas Festas do PM, com a ideia de que não se podendo emigrar, há que passar a regular a natureza (humana), dos habitantes do rectângulo. Um (quase) novo tema, que, em nosso entender, faz todo o sentido.
É que «a desgraça a que o país chegou» não é apenas o resultado dos desvios paulatinos, dos valores (e conceitos tradicionais), que foram sucedendo. O desvio vem do facto de alguém ter acreditado, apenas, na bondade da natureza humana. Confiando nela como se estivesse preparada para se auto-regular, e auto-avaliar.
Ingénuos e «santinhos» somos todos os que confiaram, pois nada disso aconteceu, e como na natureza terrestre, onde todos sabemos que chega a imperar a «Lei da Selva», sendo, frequentemente, preciso interferir e normalizar, para impedir a progressão do caos.
Connosco, passou-se, inclusivamente, na instituição que imaginam, e que devia ter normas e procedimentos instituídos - por isso se chama instituição (ou é INSTITUTO!) - que alguém (ir-)responsável nos tenha dito: "Faça, mexa-se, é cada um por si"! Confirmando com esta frase a total ausência de regras - e a permanente instabilidade das estruturas que deviam ser estáveis. Pode-se resumir a ideia no superior valor do encontrão, ou no dos gritos e dos maus modos entre todos, como verdadeiros cães engalfinhados, para chegarem a progredir na carreira*.
Desejamos portanto que várias frases do PM se concretizem, tão rápido quanto possível: "transformações que incidirão em profundidade nas estruturas económicas"; em 2012 haverá "muitos compromissos para honrar". Insistindo também na necessidade de uma atitude reformista na organização da sociedade, e suas estruturas.
Assim, numa passagem do discurso de Boas Festas aludiu a pontos específicos, que nos dizem respeito: "São estas estruturas que muitas vezes não permitem aos portugueses realizar todo o seu potencial, que reprimem as suas oportunidades..." Acrescentando que as referidas estruturas "protegem núcleos de privilégio injustificado**, que preservam injustiças e iniquidades, que não recompensam o esforço, a criatividade, o trabalho e a dedicação." Portanto, adiantou: "são estruturas que têm de ser mudadas". Finalmente, para nós, deixou aquilo que é óbvio, e que havemos de retomar. Em palavras nossas trata-se de colocar as pessoas, e a sua criatividade, no centro da renovação!
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*«Progressão» que não traduz qualquer progresso verdadeiro, invenção ou trabalho inovador. Apenas um canto específico, para, como no reino animal, as lapas alaparem, ou os sapos assaparem, bloqueando qualquer abertura à novidade. Tornando ínvios e mais difíceis, todos os caminhos alheios. Acontece que, tal como na natureza há cataclismos imprevistos, também nas mentes podem surgir "Tempestades de Ideias". Vulgarmente provocadas, e conhecidas como Brainstorms, elas podem acontecer sem que tivessem, sequer, sido provocadas!
**Alguns destes"núcleos de privilégio injustificado", conhecemos bem, e nós chamamos-lhes «doutores da mula russa». Porque o privilégio que querem ver justificado - no caso uma suposta superioridade de saberes e conhecimentos, que justificariam o grau académico adquirido - é, comparativamente, com a maioria dos casos (que são honestos) não existente, e um enorme logro!
Portanto, bem pode o Primeiro Ministro - e desejamos profundamente que o consiga - falar em justiça e correcção das estruturas, que albergam privilégios injustificados, mas, só com mão firme, atendendo a queixas e desvios, é que pode atingir e identificar as imensas fraudes e disparates que vêm a ser produzidos!
Que 2012 seja a concretização das boas intenções do PM