Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
18
Dez 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Lembro-me, não quase como ontem, mas anda lá perto, desse dia 18 de Dezembro de há 50 anos: em 1961...

Porquê? Por várias coincidências: o aniversário de alguém que tinha nascido, ou vivera desde muito cedo  (?), e por longos anos, na Índia. Portanto, nesse dia, no seu próprio aniversário, sentia que em vez de algo oferecido, ao contrário, estavam a retirar-lhe uma parte da história da sua vida (decorrida na Índia). Depois, durante semanas, talvez meses, alguns usaram a palavra Nehru como sinónima de um qualquer papão, que servia de ameaça às crianças, para se portarem bem! 

Por nunca mais termos esquecido esse dia de 1961, houve filmes e livros - como romances históricos, particularmente um de Catherine Clément, intitulado Por Amor da Índia; ou outro, do meu colega Hélder Carita, dedicado aos Palácios de Goa - que sempre nos interessaram.

Claro que mais tarde, tendo passado para outro nível de interesses, já o 18 de Dezembro de 61, e outras memórias reminiscentes, e dispersas, da infância, estavam esbatidas. 

Quando passámos a ver certas obras da Arte Indo-Portuguesa, desde o Mobiliário a Marfins, e, especialmente agora, depois de termos compreendido a imagética do passado, e de ter conseguido identificar inúmeras formas iconográficas do cristianismo; agora, detendo novas informações, e sobretudo o confronto, ou a alteridade, da imagética da Europa, face à do Oriente - e como, simbioticamente, nalgumas peças, as duas culturas ficaram unidas - agora é mesmo impossível que a Arte Indo-Portuguesa (ou Indo-Europeia) não nos fascine.

Assim, e porque tudo se liga, vem a propósito o facto de há tempos termos encontrado uma frase de António Damásio, referindo que um conhecimento excessivo das formas artísticas, e o seu modo de funcionamento - "...risco da descoberta de todos os mecanismos..." (JL Out. 2011), isso retiraria interesse às obras. Reagimos: talvez sim, mas, definitivamente, também não!

Dentro da Europa (e isso aconteceu, várias vezes, na Arte Medieval) em que tudo se repete e nada se acrescenta, tal afirmação pode ser verdade. Mas quando captamos, e nos apercebemos, que face a determinados dados - já estabilizados e adquiridos - o artista (seja ele europeu ou oriental?) conseguiu encontrar estratégias, muito criativas, para resolver o problema (ou os vários problemas) que a obra lhe colocava. Nessa altura percebemos que as peças de arte surgidas dessas condições, são interessantíssimas. Contando muito, neste caso, com o tal conhecimento que para A. Damásio poderia ser excessivo, empobrecedor das obras...

É verdade, há de tudo, como na botica. E só conhecendo as fórmulas-base, é que podemos avaliar da maneira como são empregues: com mais ou menos criatividade, ou apenas repetição? E nesse comportamento incluímos janelas, também as coberturas das edificações que foram construídas, e que nos chegaram (num fenómeno de «torna-viagem») da Índia. São por exemplo os Telhados de Tesouro*: matéria que é um manancial, imenso, para interessantíssimas investigações  

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*Alguns chamam «de tesoura», porém Orlando Ribeiro dá prioridade à designação «telhados de tesouro».


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