Anda uma Prima a dizer que a crise era previsível... Sabedoria que vem donde? Da prudência, da experiência, ou apenas das Fábulas de Esopo e de La Fontaine: das «histórinhas edificantes» que pretendiam avisar (antes que as crises chegassem).
E será que vai piorar, depois da estranha decisão do governo grego? Todos queremos que não, mas que deixe lições e novas ideias sobre o modo de vida: como ser auto-sustentável; como depender menos dos países produtores de petróleo? Como viver no campo e conseguir dar urbanidade ao interior do país*; diminuindo assim a desertificação, e permitindo que as vidas sejam mais calmas e rentáveis, do que nas grandes cidades...?
Eis a versão da Cigarra e da Formiga de Jean de La Fontaine, traduzida por Manuel Maria B. Du Bocage:
Tendo a cigarra em cantigas
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o aceso estio.
- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dança agora!"
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga
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*Note-se que «dar urbanidade» não é construir desalmadamente, nem encher o campo de prédios sem escala, como acontece nalgumas zonas do país, em que a paisagem natural ficou muitíssimo degradada...