(continuação do post de ontem)
Talvez devesse ser só balanço intermédio, pois de final tem pouco, mas, “a ver vamos!”
Imagine-se se tivéssemos inventado toda uma nova teoria sem fundamentos. Sem as informações de André Malraux, sem as de Maurice de Gandillac, ou, por exemplo, também sem as de Erwin Panofsky (ainda incompletas). E tudo isto foi a Faculdade de Letras que nos deu, sobre a nossa base que não considerávamos por aí além, era o que era, e se veio a revelar «um pouco melhorzinha».
Foi uma perca de tempo fazer o Mestrado? Foi e não foi...
Claro que face à Convenção de Bolonha, e àquilo que hoje são alguns dos mestrados que vemos fazer, cada um dos projectos do nosso CV, desde 1975 (quando ainda não estava terminada a licenciatura), é um mestrado.
Como é sabido, o curso de arquitectura é também hoje um Mestrado integrado, por isso há aqui desfasamentos graves que ninguém se tem preocupado em acertar. E outros, quando tiram partido disto, natural e arrogantemente, passam por «doutores de aviário»: como também houve os generais... i. e. doutores impreparados é o que por aí mais abunda!
O mestrado na FL-UL foi algo que nos deu imenso prazer fazer; assim, na prática hoje temos dois mestrados, em áreas complementares. Pois desde sempre tivemos como objectivo trabalhar em Restauro e Recuperação de Património. Enriquecemo-nos imenso, como não podíamos esperar, e os objectivos foram largamente ultrapassados.
Além de dispormos agora de um enorme conjunto de temas, e uma noção do passado muito mais completa, relativa ao que herdámos e ao que somos, hoje há um trabalho que está publicado com a chancela e aval do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras. Aborda temáticas que nunca teríamos imaginação para ir buscar, embora já conhecêssemos muito bem esse palácio de Sintra: ver Monserrate uma nova história.
Para além disso, enquanto todos estavam excessivamente mergulhados no seu próprio tempo, e acriticamente a perderem a noção do ambiente, dos factos e fenómenos profundamente errados que estavam a construir – a sua própria Crise. No nosso caso, há muito que temos uma posição, bastante crítica, em relação ao que se tem passado. Por isso fomos sempre trabalhando para o "Pós-Crise"*. Lembre-se que a partir de 2001, com a queda do Governo, a questão tornou-se nítida. E só os verdadeiros «pitosgas» não têm visto nada**. Estes, em geral, são pessoas alheias ao sector da construção, que, tem sido um dos mais importantes, e a dominar, na economia do país. A estagnação deste sector, assim como o excesso de oferta de habitação - mas também de auto-estradas e várias outras infra-estruturas hiperdimensiondas, para a capacidade de uso (e de manutenção) - tudo isso só poderia fazer prever, pelo menos, uma grande fatia da crise!
Claro que não se podia prever a designação de "Pós-Crise", mas é o que aí está: a lembrar os escombros de um Pós-Guerra.
Saberemos aproveitar os bocados e dar-lhes sentido, enquanto é tempo? Reconverter, reutilizar, recuperar, regenerar. Haja capacidade de
RrrrDesign
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*Será que já se atingiu esse ponto; a Crise está já a dar a volta? Ou depende da visão e sentir de cada um? Leiam:
De Tristram Hunt – Building Jerusalem, the Rise and Fall of The Victorian City, London 2005.
De Alain Bourdin - O Urbanismo depois da Crise, Lisboa 2011 (o original em francês é de 2010)
**Há sempre quem não queira ver e aceitar a realidade. Fugas, que dão muito jeito...