Em dia de S. João,
dedico a quem ajudou a adquirir imensas informações,
mesmo que não o saiba... E agradeço muito!
Pode parecer estranho e contraditório mas há dias ouvimos alguém (colega e amigo) que nos dizia, com a melhor das intenções, que podia ser boa ideia - era esta a sugestão… - refrearmos o nosso «excesso de lucidez». Mas, apesar de acreditarmos nas óptimas intenções, há que responder e relembrar, que não se vai investigar como se diz a uma criança: “Vá ver se chove?”
Sim adquirimos informações que são permanentes, como cremos (e queremos). A não ser que nos esqueçamos delas, e que tudo fizéssemos para as esconder e esquecer? O que é difícil, pois algumas dessas informações são até consideradas de «cariz mnemotécnico»...
Enfim, das novas informações que adquirimos, dizemos que não nos parece que configurem um estado passageiro. Ninguém investiga para se esquecer, portanto vieram para ficar!
E se já tínhamos (sem consciência dessa vantagem) um olhar inteiro – i. e., não dividido em sucessivas especializações – agora apercebemo-nos, pelo menos de uma parte*, de como há milhares de anos o Saber se construiu**: como se materializou, como se fez/faz; para que se fez/faz, etc., etc., etc...
Fiquem com a conferência de um «lúcido», muito mais conhecedor do que nós (Axel Kahn - geneticista francês, n. 1944), feita na abertura do ano lectivo 2010, da École nationale des ponts et chaussées***. Nela estão questões que se colocam hoje, e são da maior pertinência, como as razões da utilidade da investigação e da ampliação do Saber (que é Poder). Eis um exemplo óptimo da utilidade da lucidez – que, como defendemos, é para viver e não para esconder. Mais, se possível dever ser pirilampo, ou, talvez «lucerninha»?
http://www.canalacademie.com/ida6232-Axel-Kahn-croire-au-progres-une.html
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*É uma parte mínima, ou aproxima-se mais da totalidade?
**Pode usar-se esta expressão com toda a propriedade: com base nos estudos de Émile Mâle, ou, nos escritos do «teórico» que fundamentou a Arquitectura Gótica. Pois a Igreja via-se (e queria dar essa imagem) como Mater, detentora da "Sagesse: (...) le plus précieux des biens...". Daí também a Carta Encíclica sobre as relações entre A Fé e a Razão (14 de Set. 1998). Ou antes a Carta Apostólica que João Paulo II designou «Orientale Lumen» - de 2 de Maio de 1995. O assunto está longe de se esgotar, pois muitos documentos provam que a Igreja Cristã quis ter(desde sempre, dos primórdios) uma postura em prol do Conhecimento.
***Instituição a que aludimos no nosso trabalho Monserrate, uma nova historia (ver pp. 82 e 176, nota 192), por nos termos apercebido dos estudos de Jean-Rudolph Perronet, que foi director dessa Escola, e de influências estruturais da obra do Aqueduto de Lisboa, em Pontes. http://enpc.fr/