Há dias, com o objectivo de aferir até que ponto os nossos conhecimentos estão actualizados - i. e., as ideias que percebemos terem estado na origem da Iconografia dos Estilos - com esse objectivo adquirimos um livro razoavelmente bem organizado e dedicado aos símbolos (visuais) do Poder, usados por imperadores, reis e outros nobres.
Nele estão, como aliás não podia deixar de ser, várias formas que desconhecíamos; mas está, sobretudo nas imagens que serviram de base ao autor para explicar as suas ideias, um número muito maior de formas, e de desenhos (que também estão na arquitectura), que passámos a conhecer na sequência das nossas investigações e "trouvailles".
Na imagem seguinte da rainha D. Maria I - que já vimos em fotografia colorida, ou, talvez o original do Palácio de Mafra (?), ao qual pertence* - nesta representação o vestido tem na barra inferior, um desenho muito semelhante aos que se podem ver na arquitectura, e originaram o arco quebrado do Estilo Gótico. Isto é, depois das designadas "bandas lombardas", surgiram outras, a que, por analogia estamos a chamar "bandas normandas".
Isto é, trata-se de Iconografia (está na arquitectura dita "Romanesque" - o Românico precedido do Norman) que, como defendemos, pretendeu traduzir o Filioque: uma proclamação que muitos povos, e sobretudo os seus chefes, faziam questão de evidenciar, com total e a máxima visibilidade. Dando assim a saber qual era a sua verdadeira fé: i. e., que eram seguidores de Constantino, Clóvis, Recaredo, Carlos Magno, etc., etc., e da adopção que estes fizeram do (ou conversão ao) Catolicismo.
Na segunda imagem - está a fachada da igreja de Cristo De La Luz, em Toledo, que já referimos no trabalho dedicado a Monserrate**. Esta lembra, sem dúvida, muitas outras obras que incluíram a mesma Iconografia, ou bastante semelhante. Como é o caso das fachadas dos palácios de Veneza, as obras dos Normandos (do século XII), no Norte da Europa e na Sicília. E ainda, muitas mais obras de outros lugares de Itália e de Espanha (como Sevilha e Granada). Sendo algumas do século V, e outras chegando mesmo ao século XVI. Ou até, mais raramente, podem aparecer sobrevivências de datas posteriores, que se «sobrepuseram» a obras já consideradas Revivalistas***.
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*Imagem proveniente de: Emblemas e Leitura da Imagem Simbólica no Palácio de Mafra; Esquissos para uma Exposição Virtual, de M. Gandra. Ver em
http://www.cesdies.net/iconografia-e-simbolica/fsp/emblemasbpnmafra.pdf, p. 66.
**Ler em Monserrate uma nova história, referência e explicações nas pp. 80, 180 e 188. Imagem em Museu sem fronteiras, A Arte Mudéjar..., p. 56. Lisboa, 2000, Ed. Civilização.
*** Isto é, a retoma com outro sentido - eventualmente mais como fenómeno de moda, do que como linguagem significante (que no início essas formas tiveram) - dos mesmos elementos iconográficos.