Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
29
Jun 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Dando continuidade a um post anterior parece importante lembrar que este edifício está classificado (apenas) como Imóvel de Interesse Público, I.I.P., desde 1938 - Dec. nº 285336,  apesar do seu valor único. Isto é, claro que cada obra vale por si, sobretudo em função da sua unicidade e raridade, pelo que, como é sabido, embora existam outros palácios, e muitos palacetes em Lisboa, apenas este reúne uma localização tão central, e uma história muito específica*: pois foi um dos mais frequentados (e badalados) da sua época, ao que não é alheia, ainda, quer a contiguidade ao Teatro Nacional de S. Carlos, quer os Bailes que ficaram célebres, do Conde de Farrobo. O filho de Joaquim Pedro Quintela - recebeu o mesmo nome do pai**, e foi, simultaneamente, o 1º Conde de Farrobo.

É a este que se devem as grandes obras feitas na casa da Rua do Alecrim. Tinham sido iniciadas, numa 1ª fase, pelos anos 80 do século XVIII - quando estava em pleno a reconstrução pombalina - mas, no século XIX coube ao Conde de Farrobo (c. 1822), dar ao Palácio a configuração que perdurou, e conhecemos. 

Outros monumentos têm outras histórias, mas apenas este - e é um ponto essencial, para se considerar o seu valor relativamente a outros palácios - tem uma sala pintada, integralmente, por António Manuel da Fonseca (1796-1890). Um autor que, como deixou registado numa das paredes, ainda veio a restaurar o seu próprio trabalho em 1878 (o qual executara, inicialmente, em 1822): nessa segunda vez fê-lo quando já tinha "...d'idade 81 annos."*** 

*Ver em A Sétima Colina, Roteiro Histórico-Artistico, Coord. J.-A. França, Livros Horizonte, Lisboa 94, Junho 1994. 

**Note-se que o 1º e o 2º Barão de Quintela tiveram o mesmo nome - Joaquim Pedro, sendo Inácio Pedro, o pai do 1º Barão de Quintela, e o «fundador» da casa. Fora Luís Rebelo, irmão de Inácio Pedro, quem tinha comprado umas casas em ruínas, e abandonadas desde antes do Terramoto. Correspondiam ao antigo palacete Vimioso, onde existira uma capela dedicada a Nª Sª do Alecrim: por isso o nome da rua. 

***http://www.ci.uc.pt/artes/6spp/imagens/fonseca_eneias1.jpg


26
Jun 11
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

... sobre os excessos de lucidez que as investigações dedicadas a Monserrate nos trouxeram, reler o que já se escreveu em 26 de Janeiro e 26 de Fevereiro

http://primaluce.blogs.sapo.pt/2011/01/26/

http://primaluce.blogs.sapo.pt/2011/02/ 

Acrescentando 3 perguntas: 1. Como seria, se nos melhores Centros de Investigação, Universidades e Escolas Superiores, quando alguém faz uma importante descoberta, se esse alguém fosse desvalorizado, escondido, ou até expulso?

2. Como seria se começassem a achar que passou a estar demasiado lúcido, quando o objectivo era manterem-se todos pardos, bem no escuro? E sem luz ao fundo do túnel?

3. Como seria se, repetidamente, todos decidissem ter atitudes contrárias, desafinadas, diabólicas e diacrónicas, esquecendo - no sentido etimológico das palavras que estamos a usar - de serem, verdadeiramente, concordantes, uníssonos, simbólicos e sincrónicos?

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Apenas acontece que estas perguntas já as colocamos há anos; nunca deixaram de estar presentes na nossa mente, e, quem se lembrou de falar em «excesso de lucidez», ajudou-nos, por mostrar que é necessário recolocá-las, abertamente. 

Temos sido pacientes e tolerantes por saber o que está em causa - quer o que se descobriu (logo em 2002), quer pelas dificuldades inerentes, quer pela instituição (IADE) a que pertencemos - mas já sabíamos, há muito tempo, que as vicissitudes subjacentes, e as muitas decisões erróneas, um dia, certamente, iriam ser visíveis: iriam trazer um, vários, ou sempre mais, incómodos crescentes...


25
Jun 11
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

É claro que há muito mais a acrescentar ao post anterior, sobretudo relativo à Luz, mas hoje é ainda a «lucidez»: i. e., sobre como actuar face a jogos de palavras (e de poder)? Ao ECDU que não se cumpre; a actos que mais configuram aquilo que se designa "bullying"? A confusões, a falta de seriedade - que origina trocas de correspondência sem pés nem cabeça? À harmonia que não se pretende criar...? 

E agora alguém, que, em cheio, atira certeiramente ao diagnóstico! Obrigada, está aqui muito material para continuar a analisar.

E como está na contra-capa do nosso trabalho sobre Monserrate - já o escrevemos - foi sem querer (e sem aviso!) que se descobriu a ponta de um filão. Assim, voltamos a perguntar: é para continuar a esconder? É preciso pedir desculpa? Ou é uma mais-valia para a instituição?  Melhor, para as instituições promotoras da InvestigaçãoAfinal para que se investiga, se logo depois a lucidez «vira» defeito...?

É o ponto em que estivemos em 2009, a conversar com uma amiga (e colega), depois da conferência que fomos convidados a fazer em Sintra, pela Câmara Municipal. Também aí alguém tinha lido a nossa nova história do Palácio de Monserrate, e tinha entendido que o novo "approach" devia ser tornado público (por isso nos convidaram). Estamos neste ponto... que é muito lúcido.


24
Jun 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Em dia de S. João, 

dedico a quem ajudou a adquirir imensas informações,

mesmo que não o saiba... E agradeço muito!

Pode parecer estranho e contraditório mas há dias ouvimos alguém (colega e amigo) que nos dizia, com a melhor das intenções, que podia ser boa ideia - era esta a sugestão… - refrearmos o nosso «excesso de lucidez». Mas, apesar de acreditarmos nas óptimas intenções, há que responder e relembrar, que não se vai investigar como se diz a uma criança: “Vá ver se chove?”   

Sim adquirimos informações que são permanentes, como cremos (e queremos). A não ser que nos esqueçamos delas, e que tudo fizéssemos para as esconder e esquecer? O que é difícil, pois algumas dessas informações são até consideradas de «cariz mnemotécnico»...

Enfim, das novas informações que adquirimos, dizemos que não nos parece que configurem um estado passageiro. Ninguém investiga para se esquecer, portanto vieram para ficar!

E se já tínhamos (sem consciência dessa vantagem) um olhar inteiro – i. e., não dividido em sucessivas especializações – agora apercebemo-nos, pelo menos de uma parte*, de como há milhares de anos o Saber se construiu**: como se materializou, como se fez/faz; para que se fez/faz, etc., etc., etc...

Fiquem com a conferência de um «lúcido», muito mais conhecedor do que nós (Axel Kahn - geneticista francês, n. 1944), feita na abertura do ano lectivo 2010, da École nationale des ponts et chaussées***. Nela estão questões que se colocam hoje, e são da maior pertinência, como as razões da utilidade da investigação e da ampliação do Saber (que é Poder). Eis um exemplo óptimo da utilidade da lucidez – que, como defendemos, é para viver e não para esconder. Mais, se possível dever ser pirilampo, ou, talvez «lucerninha»?

http://www.canalacademie.com/ida6232-Axel-Kahn-croire-au-progres-une.html

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*É uma parte mínima, ou aproxima-se mais da totalidade?

**Pode usar-se esta expressão com toda a propriedade: com base nos estudos de Émile Mâle, ou, nos escritos do «teórico» que fundamentou a Arquitectura Gótica. Pois a Igreja via-se (e queria dar essa imagem) como Mater, detentora da "Sagesse: (...) le plus précieux des biens...". Daí também a Carta Encíclica sobre as relações entre A Fé e a Razão (14 de Set. 1998). Ou antes a Carta Apostólica que João Paulo II designou «Orientale Lumen» - de 2 de Maio de 1995. O assunto está longe de se esgotar, pois muitos documentos provam que a Igreja Cristã quis ter(desde sempre, dos primórdios) uma postura em prol do Conhecimento.  

***Instituição a que aludimos no nosso trabalho Monserrate, uma nova historia (ver pp. 82 e 176, nota 192), por nos termos apercebido dos estudos de Jean-Rudolph Perronet, que foi director dessa Escola, e de influências estruturais da obra do Aqueduto de Lisboa, em Pontes. http://enpc.fr/


22
Jun 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Será que vem lá uma lufada de ar fresco? A cortar com esta claustrofobia que, de democrática, teve nada? Não há como ter esperança, por isso esperamos e desejamos que se confirmem desempoeirados os novos governantes. E que os que costumam apanhar os «tiques do poder», os peguem em grande, se eles forem bons! Que fiquem «infectados» de tiques bons, e sigam os exemplos positivos, é o que se deseja:

Que os imitadores inspirem e se inspirem, enchendo de ar as narinas e as mentes, para deixarem trabalhar em paz os que não têm tiques, e menos ainda querem tê-los, ou, até mesmo - «o Poder»...


18
Jun 11
publicado por primaluce, às 16:30link do post | comentar

Primeiro queríamos ampliar desenhos do post anterior...

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... depois pretendia-se deixar várias perguntas:

1. Alguém acredita que com todo o investimento que vem a ser feito em Ciência e Investigação, quer da FCT e outras instituições, quer dos próprios mestrandos e doutorandos, que apenas se tenham produzido meras sistematizações dos Conhecimentos, dos Saberes e da Ciência já existente? Que nem por azar (ou talvez por sorte?) não houve ampliações do conhecimento, nem descobertas, nem sequer à ilharga dos temas principais!? Então anda a gastar-se muito mal, muito dinheiro...

2. Os mestrados, doutoramentos, pós-doutoramentos e outras inúmeras investigações feitas em Portugal, mesmo na área das Ciências Humanas, não têm nada a devolver à Sociedade, do imenso que têm recebido, que é proveniente dos impostos de todos?

3. Não tocaram em nada, absolutamente nada, do que tem sido, durante séculos, o acumular de saberes? Das suas nomenclaturas, e da forma como eram expostos e apresentados? Ou ainda, sobre o modo como constituíram as bases para outros conhecimentos, mais e sempre mais, com novas aquisições científicas, de que o progresso da Humanidade se fez?

4. Acham que estudos «com cabeça, tronco e membros» nunca se serviram do próprio corpo humano, como base analógica para pensar?

5. Acham que estudos com boas fundações, construídos tijolo a tijolo, ou pedra sobre pedra, e que levaram da base da abóbada ao seu fecho, nunca usaram a construção como tropo

6. Acham que os raciocínios com desenvolvimentos «em árvore» não foram buscar à natureza os seus próprios esquemas, sobre os quais puderam avançar?

7. Acham que há 2.500 anos se pensava com as lógicas do software (que nos dá tanto jeito), e como hoje se pensa?   

8. Acham que os poderes instalados nos Conselhos Científicos e nas Direccções das Escolas não têm responsabilidades neste «encapsulamento informático», no reducionismo a que se assiste (e ainda no fecho da Universidade em relação à Sociedade)? Esquecendo - não todos, mas os principais responsáveis - que é no Grego e no Latim, tal como foi a Imagem, que estão, ainda hoje, os que são os principais referentes, as palavras com que pensamos e trabalhamos?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ficam as perguntas e um link, já que, "thanks god", pudemos aprender línguas que hoje em geral já não se aprendem (como é o caso do francês). E, felizmente, também, nunca ninguém nos impediu de estudar aquilo que quiséssemos. Ou, nós próprios nos inibimos de entrar em áreas como a Cultura (no sentido da totalidade do homem Anthropos), da Religião e da Bíblia - hoje também um verdadeiro repositório de informações como é o episódio da Torre de Babel: "Parler en langues ou parler comme à Babel?...la tradition compare cet épisode de parler en langues (appelé « glossolalie ») avec l’épisode biblique où la confusion des langues arrête la construction de la tour de Babel..."

http://www.canalacademie.com/ida4407-Les-mots-des-religions-la,4407.html

Excerto de Conferência na Académie Française


17
Jun 11
publicado por primaluce, às 13:30link do post | comentar

Ao acabar um ano lectivo muito “sui generis”, hoje são os desenhos do trabalho de duas alunas que queremos destacar.

Ano especial, por ter sido particularmente difícil, dado o contexto de crise em que todos estamos envolvidos. Mas também porque houve muito bons alunos: i. e., pessoas óptimas a quem gostaríamos de ter dado bastante mais tempo e atenção. É o verdadeiro gosto pelo ensino, que passa pela verificação (e a constatação) de que se ensina, é verdade, pois vêem-se os progressos. E porque também nós aprendemos.

Claro que se aprendem as mais variadas informações e conhecimentos, desde os programas informáticos que os alunos dominam; alguns conhecimentos que estão a trabalhar, noutras disciplinas, e podem ser entrecruzados nos nossos trabalhos. Porém, aquilo que em geral nos enriquece (em especial nesta altura, relativo aos temas que nos interessam) é a possibilidade de perceber um pouco melhor a mente, os seus processos de assimilação do conhecimento, a respectiva expressão, e, sobretudo, a materialização das ideias*.

Depois, também a curiosidade, o gozo, a espontaneidade e a alegria dos alunos, que passam para os trabalhos que fazem. Idem para a perseverança, ou,... a preguiça.

Assiste-se igualmente à assertividade e coragem (sem razões para receios) de ter e afirmar ideias próprias. À força das soluções encontradas: algumas mais típicas de arquitectos - como ontem disse a vários alunos - pois, quase desassombradamente, rompem as barreiras existentes, e têm ideias plenas de sentido (as quais, se fossem executadas, seriam um sucesso).

Ou, claro que também acontece, e é o mais comum, vê-se aparecer as soluções que resultam da soma de várias pequenas opções: que também funcionariam - plenamente, e como ideia una - se executadas com perfeição, ao nível dos detalhes.

Os desenhos que pedi à Beatriz e à Débora para colocar aqui, têm uma característica que é rara: substituem – e em nossa opinião funcionando melhor para o objectivo em vista – alguns “renderings” feitos no computador.

Porquê? Perguntarão muitos.

Porque fazem o mesmo que certas ilustrações de carácter científico, que é comum precisar de ter em Medicina (para conhecer a Anatomia), Ciências Naturais, Botânica, etc., em substituição da fotografia:

Pois permitem valorizar, ou mostrar e dar a ver, com todo o pormenor e a máxima clareza, a forma
dos componentes constitutivos das «imagens a criar».

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* Materialização na qual a imagem (visual, claro) teve sempre um papel essencial.


13
Jun 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Nas nossas reflexões aqui, por vezes o que mais apetece seria continuar a explorar o trabalho que fizemos a propósito do Palácio de Monserrate, e, mais directamente, as opções da Arquitectura, de que há tanto a dizer: abordando os Belos e Bons esquemas - os "Kala schemata" - de que escreveu Raymond Bayer em História da Estética. Mas, «há muito mais mundo» do que esse assunto (e, genericamente, iremos lá ter...).

Por outro lado, vamos sendo agradavelmente surpreendidos com novidades: os designers da Vista Alegre, marca conceituada e com uma história longa, estão de parabéns. Não fizeram senão aquilo que é habitual, e é a obrigação de designers e estudiosos, verdadeiramente motivados. Mais uma vez foram felizes na sua escolha, o que precisou de um verdadeiro "feeling", inspirado!

Não sabemos ou prevemos até que ponto irá ser um sucesso a nova linha do serviço de porcelana que teve como mote os "Lenços de Namorados" de Viana do Castelo? Mas já vimos algumas peças, e achámo-las bonitas.

Depois, não há dúvida que a contextualização, e o saber explicar ao público a origem das opções feitas - i. e., claramente os estudos e as investigações que estão por detrás dessa escolha, entre a grande variedade de motivos que existem (e alternativamente poderiam ter sido preferidos) - isso também vai contribuir para criar uma maior predisposição para o Gosto, que, normalmente, as pessoas sentem pelas peças, passando a querer adquiri-las. Um «Gosto» que assim se torna, em simultâneo, racional e afectivo. 

 

Enfim, nem sempre nos lembramos ou temos estes pontos presentes, mas, a questão veio ao de cima nos estudos que temos realizado*. É que muitas vezes ensina-se a gostar de alguns produtos que se querem lançar: não apenas, por exemplo, o gosto - sabor - de uma nova bebida, ou o cheiro (de uma nova combinação - o "blend" dos ingredientes) de chás e perfumes. Mas também se ensina a compreender, e depois a gostar, da Imagética. E isto porque não queremos dizer Estética, embora seja essa a palavra que muitos empregam neste tipo de situações: para se referirem a novos conjuntos de imagens que foram trabalhadas; ou, a novas composições visuais, como sucede neste caso. 

Quanto às peças do serviço de porcelana vejam nas montras das lojas

Quanto aos lenços estão aqui mais exemplos, onde, se as pessoas tivessem um bom treino de visão, seria escusado chamar a atenção para a presença de entrelaçados e de mandorlas (vindas desde o século III d. C.**) 

http://vianadocastelocity.olx.pt/originais-lencos-dos-namorados-iid-171757621#pics

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*Como aconteceu para algumas ideias de David Hume (1711-1776) referidas no trabalho dedicado a Monserrate. Assim como no "Comittee of taste" criado por Horace Walpole, para decidir as soluções finais a executar, e a incluir na obra de arquitectura da Villa de Strawberry Hill

**Formas que a Antropologia não tem compreendido, ou, sequer, detectou a respectiva origem. 


09
Jun 11
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Há dias, com o objectivo de aferir até que ponto os nossos conhecimentos estão actualizados - i. e., as ideias que percebemos terem estado na origem da Iconografia dos Estilos - com esse objectivo adquirimos um livro razoavelmente bem organizado e dedicado aos símbolos (visuais) do Poder, usados por imperadores, reis e outros nobres.

Nele estão, como aliás não podia deixar de ser, várias formas que desconhecíamos; mas está, sobretudo nas imagens que serviram de base ao autor para explicar as suas ideias, um número muito maior de formas, e de desenhos (que também estão na arquitectura), que passámos a conhecer na sequência das nossas investigações e "trouvailles".

Na imagem seguinte da rainha D. Maria I - que já vimos em fotografia colorida, ou, talvez o original do Palácio de Mafra (?), ao qual pertence* - nesta representação o vestido tem na barra inferior, um desenho muito semelhante aos que se podem ver na arquitectura, e originaram o arco quebrado do Estilo Gótico. Isto é, depois das designadas "bandas lombardas", surgiram outras, a que, por analogia estamos a chamar "bandas normandas".

Isto é, trata-se de Iconografia (está na arquitectura dita "Romanesque" - o Românico precedido do Norman) que, como defendemos, pretendeu traduzir o Filioque: uma proclamação que muitos povos, e sobretudo os seus chefes, faziam questão de evidenciar, com total e a máxima visibilidade. Dando assim a saber qual era a sua verdadeira fé: i. e., que eram seguidores de Constantino, Clóvis, Recaredo, Carlos Magno, etc., etc., e da adopção que estes fizeram do (ou conversão ao) Catolicismo.

Na segunda imagem - está a fachada da igreja de Cristo De La Luz, em Toledo, que já referimos no trabalho dedicado a Monserrate**. Esta lembra, sem dúvida, muitas outras obras que incluíram a mesma Iconografia, ou bastante semelhante. Como é o caso das fachadas dos palácios de Veneza, as obras dos Normandos (do século XII), no Norte da Europa e na Sicília. E ainda, muitas mais obras de outros lugares de Itália e de Espanha (como Sevilha e Granada). Sendo algumas do século V, e outras chegando mesmo ao século XVI. Ou até, mais raramente, podem aparecer sobrevivências de datas posteriores, que se «sobrepuseram» a obras já consideradas Revivalistas***. 

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*Imagem proveniente de: Emblemas e Leitura da Imagem Simbólica no Palácio de Mafra; Esquissos para uma Exposição Virtual, de M. Gandra. Ver em

http://www.cesdies.net/iconografia-e-simbolica/fsp/emblemasbpnmafra.pdf, p. 66.  

**Ler em Monserrate uma nova história, referência e explicações nas pp. 80, 180 e 188. Imagem em Museu sem fronteiras, A Arte Mudéjar..., p. 56. Lisboa, 2000, Ed. Civilização.

*** Isto é, a retoma com outro sentido - eventualmente mais como fenómeno de moda, do que como linguagem significante (que no início essas formas tiveram) - dos mesmos elementos iconográficos.


07
Jun 11
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

Ainda em relação ao trabalho de investigação de Luís Esteves Casimiro*, de que já escrevemos e lemos extractos, trabalho de enorme extensão, cuja qualidade tem que ser indubitável:

1. Repare-se, que se não fosse o prémio que o Vaticano lhe concedeu, não teria chegado aos meios de comunicação, e não seria hoje referência. Nem sequer, para uma parte, ínfima, da elite cultural que o pode entender...

2. Note-se ainda mais, como os seus pares não tiveram um gesto (o menor que fosse...), no sentido de divulgar esse estudo!

No nosso caso, além de termos tido a sorte de poder contactar o editor que mais prezávamos (e gostaríamos que publicasse o trabalho), de imediato entendeu a investigação, prometendo publicá-la. Mas, para além disso, temo-nos movido, incessantemente, ao ver o que está em causa; embora, como sabem - inclusive muitos dos que aqui vêm ler (e depois gozar) - continuam a ser-nos colocadas inúmeras dificuldades!   

Claro que nos tempos em que vivemos, pôr obstáculos aos outros, é, em última análise, colocá-los a si mesmo: reduzindo-se a uma prova, definitiva, de mais ou menos inteligência...

 

Na sociedade em que estamos, com divisões de tarefas assumidas e reconhecidas: numa interdependência que atravessa todo o mundo, e se diz global. Quando há necessidade, até mesmo funcional e prática (a lembrar o funcionamento de um motor, que faz uso de todas as suas peças) de haver solidariedade; hoje, na enorme competição mundial em que se vive, limitar os que estão ao nosso lado, é igual a limitar-se a si mesmo. É colocar barreiras ao próprio desenvolvimento. Dizendo depressa:

"é dar tiros nos próprios pés..."

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*Ler post anterior e ouvir em:

http://rr.sapo.pt/programas_detalhe.aspx?fid=26&did=158105

 


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