Para quem como nós pensa o Design, principalmente, como organização, e não forçosamente como Estilismo - onde as «componentes» de ordem Estética devessem ser as predominantes - nessa perspectiva parece-nos que vale a pena olhar para as imagens seguintes*.
Mas talvez valha ainda mais?
Talvez se deva reflectir nalgumas brincadeiras de crianças, quando "just pretending", decidem que ali é o quarto, do outro lado a entrada, ali guardam-se as roupas, etc., etc., e assim compartimentam o espaço, não apenas mentalmente, mas com os vários objectos (grandes) que têm à mão: cadeiras, sofás, painéis e cortinas; ou ainda, por exemplo, usando os próprios pequenos recantos, junto das janelas...
Os pontos de contacto entre essas situações dos jogos infantis, que geralmente são básicas, ou até primitivas, e outras muito mais evoluídas, é impossível não os ver.
Embora não se possa dizer que o exemplo que a seguir damos seja muito evoluído - já que ele é apenas um recurso - no entanto, é uma base que se pode vir a desenvolver. Claro que é também triste, já que as pessoas (adultos, que se podem ver a si mesmos numa espécie de regressão), foram obrigadas, numa «situação limite», a improvisar novas casas e os seus recantos; i.e., a organizarem-se em áreas minusculas. Fizeram-no de modo a que as suas actividades quotidianas, apesar de reduzidas, possam continuar com uma normalidade mínima. Ou, como dizemos, criaram bases para que depois do período mais crítico, possam retomar a normalidade das suas vidas...
http://static.publico.pt/docs/mundo/abrigosjapao/
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* Ou, mais do que vale a pena é obrigatório: até porque depois de se ter escrito este post, vimos no youtube um estudo, mais desenvolvido, feito por um arquitecto, relativo a casas de cartão e papel, que são usuais entre os japoneses. Pois de certo modo dão continuidade às suas casas tradicionais. Recentemente alguns alunos fizeram-nos perguntas sobre este tema, e na verdade sobre ele conhecemos alguma bibliografia (a não perder): 1. um texto de Bruno Munari, que está num capítulo de um dos seus livros. E, 2. A Casa Tradicional Japonesa, de Isabel Quelhas de Lima, Ed. Civilização, Barcelos, Out. 1985.