Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Abr 11
publicado por primaluce, às 11:40link do post | comentar

Logo que decidimos fazer o blog, ao mesmo tempo saltou a nossa «paixão» pelo Património Arquitectónico, concretamente por Lisboa. Aliás, na fotografia do Rossio, não se chamou a atenção para isso, mas no prédio onde está instalada a pastelaria Suíça, além das necessárias chaminés (feiosas, a precisarem de um design cuidado...), nesse edifício, para bons observadores, há uma cobertura com a característica forma «alabaçada», como foi designada pelo arquitecto Luís Benavente*. 

Como é sabido o Barroco português adquiriu muitas vezes cunhos orientais. E aqui quando referimos o orientalismo, não é aquilo que por tradição nos é estranho, e se lhe chama «oriental» (tout court, mesmo que seja do centro da Península Ibérica!). Aqui, claro que designamos como sendo de «feição orientalista» o arredondado (côncavo) dos telhados, cujo beirado não prolonga a inclinação maior que vinha desde cima. Mas que se adoça - e adossa - contra as paredes, no topo superior das mesmas. Como sucede nos chamados "telhados de tesouro" (ou de tesoura), de que Orlando Ribeiro escreveu. É também ele quem explica a origem indiana, chinesa (e, ou, também japonesa?), dessa formas de cobertura. 

Já quanto à estátua de D. Pedro IV, é uma história contada por J. Cardoso Pires em - Lisboa, Livro de Bordo, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1997. De lá (pp. 15 e 16), retirámos os extractos que se seguem:

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*Chamou, e ouvimos directamente, por isso não esquecemos. Nos dicionários "alabaça" é uma tábua, com que se fecha o rombo de um barco.

**Para nós este assunto - «telhados de tesouro» - tem muito mais que se lhe diga, e a referência, que é também feita por Orlando Ribeiro, faz imenso sentido: pois associa as "mansardas de Lisboa", às coberturas de Tavira, de Vila-Real de Santo António e de Castro-Marim. Mas tudo isto são sínteses formais, em nossa opinião, combinações de elementos de muitas origens, e a que também não são alheios propósitos culturais e sociais (muito específicos): marcar a casa de alguém com aquilo que consideramos terem sido "sinais do cristianismo", e "sinais da nobreza". Ver em Orlando Ribeiro, Geografia e Civilização, Temas Portugueses, Instituto de Alta Cultura, Lisboa 1961, pp. 142 a 146.


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