Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Abr 11
publicado por primaluce, às 15:30link do post | comentar

Por um grande desconhecimento ou razões que um dia se poderão apurar e esclarecer (?), aqueles que deveriam ser os principais interessados nos estudos que iniciámos, e para os quais, no começo, contribuíram, a partir de certa altura (2008-2009?) decidiram mudar de rumo. Desvalorizaram ou esqueceram os seus próprios compromissos? Claro, não sabemos. Só que no fim não serão os únicos perdedores, embora na prática os maiores...

O contacto com a Publicidade (e o marketing) tem-nos ajudado a admitir que essa disciplina em geral não parece contribuir para uma compreensão e intelecção, mais esclarecida, deste mundo em que vivemos*? Dizêmo-lo porque, aparentemente, muitos só vêem, ou são alertados (pelos ouvidos e outros sentidos), para determinados  factos e realidades, apenas depois da Publicidade ter passado por lá. Isto é, ou a Publicidade passou pelos factos, ou a Publicidade passou por essas pessoas? E se não tivesse sido a Publicidade, nada teriam notado. Parece pois que «descansam» nela, abstendo-se de levar mais adiante os seus próprios raciocínios e crivos intelectuais. Enfim, dir-se-ia que só sabem dar valor àquilo que alguém já lhes indicou, antecipadamente, como tendo valor.

Esta é uma história longa, já com sucessivas reflexões nossas, que agora tentamos abreviar: aconteceu no início deste semestre, quando um aluno nos disse que as suas preferências e intenções profissionais seriam para um dia vir a trabalhar em Publicidade, combinada com o Design. Mas, como vinha a "...descobrir que a publicidade é mentirosa/enganosa...", então parecia-lhe preferível optar por outros caminhos.

Longos anos de ensino, e uma frase assim, atirada com força, obrigou-nos a reagir imediatamente: com a mesma força (ou ainda mais?), e logo de seguida respondemos: "...não, isso é um engano seu! Talvez conheça, e até predominem, maus e péssimos exemplos! Mas a publicidade séria não tem esses objectivos..." 

Ora logo de imediato também nos surpreendemos nós, com a nossa reacção: correctíssima, mas tendo sido quase irreflectida. Tínhamos tentado fazer ver que a Publicidade tem como principal objectivo tornar notadas, e dar relevo, às situações, e aos valores, que andam menos vistos; ou até mesmo, muito mais esquecidos!    

Claro que a nossa própria surpresa nos fez depois prolongar as reflexões sobre o assunto. Levou-nos a pensar no bom e no mau, vantagens e inconvenientes da Publicidade, no mundo de hoje. E se, concretamente, pensámos em termos globais, sobretudo foi a forma como parece tocar a mentalidade que tem predominado (nos últimos tempos) na sociedade portuguesa. Isto é, no facto da Publicidade não ter funcionado para exortar valores, e para puxar o país para cima: por exemplo dando mais importância às atitudes correctas; ou, em prol do consumo de produtos nacionais; do «relançamento» de actividades e de valores que a sociedade, sobretudo a classe média (ou alta, e média em geral) não têm promovido, etc., etc.**. Em resumo, tratam-se das atitudes cujo maior interesse, e a sua respectiva valorização, não têm acontecido. Claro que aqui estamos a pensar, também, naquilo que ao longo da história, e como tropo (ou alegoria), foi considerado «edificante» e «construtivo»***. 

Para concluir, é verdade que também se tornou notório (para nós, consequência das observações feitas), que quem funciona estritamente  agarrado às lógicas da Publicidade, não chega a ir mais longe do que ela: esses limitam-se a funcionar como se fossem «caixas de ressonância», ou de amplificação, de 3ª, 4ª e enésima ordem. Limitam-se, talvez apenas, a valorizar aquilo que já viram e ouviram os outros promover? Enfim, não têm verdadeiras iniciativas de quem se arrisca, a si mesmo, e a sério. Não vislumbram, por si, o interesse maior de certos objectos, valores, realidades, ideias, teorias, etc...

Há muitos, muitos anos, na polivalência de leccionação, que sucessivamente nos solicitaram e a que sempre demos resposta, a melhor que conseguíamos, chegámos a ensinar Metodologia Projectual. Havia então uma ideia que se tentava fazer chegar aos alunos: se a sociedade fosse comparada a um comboio em movimento, o Designer deveria ser sempre alguém na carruagem da frente. Pois devia conhecer as suas matérias e temas, antes de todos os outros. Ser vanguarda, ou tentar sê-lo, andando perto. Devia conhecer tendências, «fazer acontecer», e nunca ir a reboque dos acontecimentos! Enfim, nunca deveria viajar na carruagem de trás!

Lisboa é linda: linda de morrer, e com perspectivas fabulosas (em nossa opinião). Se quiserem seguir-nos comecem a gozá-la! 

No centro da imagem, ao fundo o mirante-lanternim da Pensão Ninho das Águias. Logo abaixo a Torre de S. Lourenço, e já no Rossio, a estátua de D. Pedro IV (que para J. Cardoso Pires - era a do Imperador Maximiliano do México, a fingir de D. Pedro IV!)  

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*O comportamento que há tempos se considerava típico dos adolescentes, em relação ao grupo e à «turminha», parece que hoje tomou conta de todos. Já não são apenas os mais novos que sentem a necessidade de, mimeticamente, pertencer ao grupo; mas hoje todos parecem agir como se devessem cumprir inúmeros "musts", pois caso contrário sairiam diminuídos aos olhos dos colegas,vizinhos, amigos...

** E como há dias ouvimos de Estela Barbot.

**Enfim, este pode parecer um «linguajar ancestral», mas, já agora (além de divertido) é de arquitecto. Chamam-se assim à colação alguns dos temas que vimos terem estado na base de inúmeras alegorias, ou das «metalinguagens visuais» - de sinalizações que eram muito específicas - como estão neste caso, tantas matérias e tantos assuntos que temos abordado nas nossas investigações, e nos estudos dos últimos anos.   


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