Quando se fez um trabalho como o nosso sobre o Palácio de Monserrate, e passados uns anos se relê, ocasionalmente aqui e ali; já sem olhar tanto para as suas principais ideias, que em determinada altura nos fascinaram e ocuparam quase integralmente.
Ou, análogo ao que acontece quando se projecta um determinado edifício, e já não é o desenho da escada, em detalhe, e os seus dimensionamentos que nos ocupam a mente, ou um qualquer outro pormenor. Quando isto acontece e se relativizam as principais ideias, ou as «peças soltas» que integram um trabalho, é quando passamos a vê-lo de uma forma mais independente: quase não nosso...
Foi assim que há dias nos apercebemos como o trabalho, de inúmeras horas, que dedicámos a Monserrate, já não parece ter sido nosso um dia, estando a adquirir vida própria, e a esquecermos a sua génese: ou, a maneira como chegámos a algumas ideias. Enfim, que bases geraram algumas noções, que geraram outras, e essas outras, e assim por diante, sucessivamente?
Ainda bem que ficou escrito, pois tal como aqueles trabalhos que os clientes decidem interromper momentaneamente (momentos que depois duram meses, ou até anos!), quando os querem retomar, valeu ter havido o cuidado de guardar todas as notas. É que se não fosse isso, tudo o que estava feito seria como as penas, levadas pelo vento...
E o tempo passa, como amanhã passam 40 anos sobre algo que nos mudou a vida. Vemos como muito se relativiza, e tudo se encaixa, tal qual um "puzzle". Saibamos nós identificar o lugar e o valor de cada peça!
Palácio da Rosa - Levantamento Escada Interior (1986) - aquando de uma pós-graduação no IST em Patologia, Reabilitação e Manutenção de Estruturas e Edificios.
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