Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
31
Mar 11
publicado por primaluce, às 21:00link do post | comentar

Quando se fez um trabalho como o nosso sobre o Palácio de Monserrate, e passados uns anos se relê, ocasionalmente aqui e ali; já sem olhar tanto para as suas principais ideias, que em determinada altura nos fascinaram e ocuparam quase integralmente.

Ou, análogo ao que acontece quando se projecta um determinado edifício, e já não é o desenho da escada, em detalhe, e os seus dimensionamentos que nos ocupam a mente, ou um qualquer outro pormenor. Quando isto acontece e se relativizam as principais ideias, ou as «peças soltas» que integram um trabalho, é quando passamos a vê-lo de uma forma mais independente: quase não nosso...

Foi assim que há dias nos apercebemos como o trabalho, de inúmeras horas, que dedicámos a Monserrate, já não parece ter sido nosso um dia, estando a adquirir vida própria, e a esquecermos a sua génese: ou, a maneira como chegámos a algumas ideias. Enfim, que bases geraram algumas noções, que geraram outras, e essas outras, e assim por diante, sucessivamente?       

Ainda bem que ficou escrito, pois tal como aqueles trabalhos que os clientes decidem interromper momentaneamente (momentos que depois duram meses, ou até anos!), quando os querem retomar, valeu ter havido o cuidado de guardar todas as notas. É que se não fosse isso, tudo o que estava feito seria como as penas, levadas pelo vento...

E o tempo passa, como amanhã passam 40 anos sobre algo que nos mudou a vida. Vemos como muito se relativiza, e tudo se encaixa, tal qual um "puzzle". Saibamos nós identificar o lugar e o valor de cada peça! 

Palácio da Rosa - Levantamento Escada Interior (1986) - aquando de uma pós-graduação no IST em Patologia, Reabilitação e Manutenção de Estruturas e Edificios

(duplo click para ampliação)


29
Mar 11
publicado por primaluce, às 00:30link do post | comentar

Voltamos ainda ao tema da Segurança, pois as nossas preocupações são típicas de quem conhece essa problemática*, e não se exime a alertar (ou a ensinar) para a necessidade da respectiva resolução.

Na sequência do que deixámos no último post, parece-nos importante ir mais longe, e deixar aqui uma pergunta: dada a situação criada - que reputamos de muito perigosa, sendo sempre preferível que se retirem as cancelas e se encontre um outro sistema para controlar as entradas e as saídas – se tal não acontecer, e não sendo fácil uma evacuação de emergência no referido edifício pelo piso inferior (ou R/C), será que as pessoas não deveriam ser treinadas a evacuar o edifício pelas escadas sul, ou, a não descerem até ao R/C, devendo tentar saír pelo 1º andar?

Enfim, como sucedeu no Algarve, depois da queda de “arribas-assassinas” em vários locais, a Governadora Civil concluía que qualquer morte ou ferimento que se evitasse já valia a pena o investimento**. Ora o principal investimento a que apelamos é o da «massa cinzenta» - o ingrediente essencial no fazer do design e da arquitectura - pois em geral a imaginação, e o trabalho conceptual servem para encontrar soluções.      

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ 

*Sobretudo quando está habituado a ter que assinar os chamados Termos de Responsabilidade, pelos projectos e obras feitas.

**http://algarve-reporter.blogspot.com/2008/04/arribas-assassinas_21.html


26
Mar 11
publicado por primaluce, às 10:39link do post | comentar | ver comentários (2)

Exactamente, vendemo-nos, todos, para mantermos as nossas vidinhas. Elas são feitas de tudo e de nada, e certamente de muitos hábitos, que custam a mudar.

De facto, e como consta na Newsletter do IADE - nº 111 - de hoje, a professora Glória Azevedo Coutinho, que há-de perfazer no início do ano lectivo de 2011/2012, 35 anos de casa, ao serviço da instituição - à qual tentou, e ainda tenta, dar sempre o seu melhor (vejam-se os trabalhos em que estamos envolvidos) - ao ser especialmente convidada para estar num evento em memória de António Quadros, e, como foi dito, perguntando-lhe se iria estar presente porque o IADE pretendia oferecer-lhe um brinde, sendo necesssário fazê-lo ou adquiri-lo... Fosse o que fosse (?), com total prontidão respondi:

"Não troco um brinde ou prato de lentilhas por aquilo a que tenho direito... Se o IADE me quer dar um presente, cumpra, e dê-me aquilo a que tenho direito, normalmente! Dispenso brindes...".

Terei acrescentado talvez, pois perante situações destas, a qualquer um falta a calma: o IADE que abra as «cancelas assassinas» que inventou*, e que me dê a dispensa sabática que é normal e legal, para acabar o doutoramento.  Doutoramento que é absolutamente excepcional, e que mais uma vez, esta semana, pude dar conta ao mais alto responsável da instituição, daquilo que encontrei: o Tratado de Arquitectura que desenhou o Estilo Gótico inicial! 

Se isto não é importante, e não faz tocar uma campainha na cabeça de ninguém, eu gostava de saber para que será que se faz investigação?

Tínhamos pensado abrandar o ritmo, estando agora mais dedicados à questão da introdução do Culto do Espírito Santo em Portugal, tanto mais que nos parece que as informações de A. Quadros são muito interessantes, porém, aparentemente, demasiado empolgadas, como várias vezes terá feito**.  Mas, a inclusão hoje, da notícia da nossa ausência nas sessões de 21 de Março, fez-nos aproveitar para esclarecer, cabalmente, uma notícia que é tão negativa!

Assim, aproveitamos o facto de hoje ser dia 26, e repetimos o alerta que já fizemos em 26 de janeiro, e em 26 de fevereiro insistimos: é nitidamente uma ênfase à maneira medieval, tiremos partido desta sincronia (quase simbólica).   

É mesmo verdade: continuamos à espera que haja alguém sensível***, e capaz de compreender que a investigação em geral, e esta em particular, pode ser útil. Pode ser criadora de cultura, de progresso e de riqueza. Investigação que, por isso mesmo, pode precisar de tempo para ser escrita e ordenada. Como aconteceu em 2003/2004, em que o IADE concedeu todo esse ano lectivo para podermos escrever a tese (publicada em 2008).

Face à crise em curso, ao seu aprofundamento que parece ir acontecer, independente da nossa vontade, é importante acrescentar, que tudo isto se relativiza e perde importância. Vamos centrar-nos no essencial: será a coerência? A dignidade? Quais os valores que, cerrando fileiras, e sendo obrigados a escolher, achamos dever transmitir? 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Em nossa opinião todas as entidades patronais têm o direito de medir, milimetricamente, o tempo que contrataram e pagam aos seus funcionários. Embora não saiba como é que isso se faz no Ensino? Pois lembro-me que muitas vezes é nos tempos de maior descontracção, que surgem as ideias mais criativas? Note-se que não cobro o tempo em que a nadar tive um óptima ideia para a aula que vai 3 ser horas depois, ou 3 dias depois! As cancelas são assassinas porque contrariam as normas em vigor, que têm como objectivo definir a libertação dos caminhos de emergência, para uma evacuação rápida e segura dos edíficios: em casos de sismos, de incêndios ou outras emergências. Mas a maior gravidade das referidas cancelas (mesmo sem pensar nos «torniquetes») não está no seu design enganoso: está sim, no facto de impedirem o acesso às janelas do R/C do edificio, por onde antes se podia saír caso houvesse uma emergência. Hoje, se a mesma existir, cerca de 700 a 1000 pessoas têm que saír por um espaço que é menor, do que a generalidade das cozinhas (i. e., 6 a 8 m2).

** Assim, provavelmente, o valor das suas informações para o nosso tema (se o restringissemos à questão do Culto Espírito Santo, não vendo que o mesmo se relaciona com o Cisma de 1054, e a forma como Deus Uno e Trino era entendido), vem exactamente do facto de ter chamado a atenção para uma questão que noutros países não foi tão empolgada. Ver Joaquim de Flora em VELBC.

*** A sensibilidade para este facto, preferíamos que viesse do IADE, tal como preferimos lançar o livro no Palácio Barão de Quintela em Junho de  2008, quando havia outras hipóteses...Acontece que sensibilidade será sempre, e só, isso. E estamos a ver que não há, pois o assunto já é velho, vindo desde 2002, e sendo cada vez mais claro: é verdade que a vantagem é nossa, mas é triste, quando uma pessoa gosta de ensinar. Sobretudo de ver as mentes, depois da sua, as dos outros, a abrirem-se. Como os olhos e ouvidos dos alunos, quando de repente nas aulas fazem silêncio, e ficam quietos (de vez), porque lhes estão a dizer algo, talvez surpreendente, que nunca antes teriam ouvido?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Divirtam-se:

http://www.youtube.com/watch?v=l3hg5wk1RYw&feature=related    

 


25
Mar 11
publicado por primaluce, às 10:23link do post | comentar

Como ouvimos há pouco na voz moderada e sensata, de alguém da Igreja, na verdade as certezas nunca estão só de um lado. Todos temos um pouco de razão, e de razões, e essa constatação é a base essencial para se poder construir algo de bom e positivo. Respeitando as diferentes ideias e propostas, pretende-se uni-las, e dessa maneira chegar a uma síntese em que todos se reconheçam. 

Também o autor para quem vos remetemos, com a sua frase - "Não tínhamos previsto que tudo evoluísse muito mais depressa do que a capacidade de adaptação humana..." - fica claro que tradiçaõ e modernidade, passado e futuro, precisam de se articular: para que não haja comportamentos primitivos, ou verdadeiras vivências tribais.

E usamos a palavra «articular», do mesmo modo que precisamos dela na construção (e na arquitectura). Articulam-se ideias e ligam-se peças, com vários propósitos: quer pela necessidade de construir realidades úteis e funcionais; quer pela vontade de obter, em paralelo, um discurso que dê sentido - temático, enfático e minimamente adequado (o décor, e o decoroso, de que Vitrúvio escreveu) - à grande obra que se edifica. Enfim, faz-se à maneira antiga, para que não lhe falte o verdadeiro sentido daquilo que era "edificante".

Deixamos hoje a fotografia de um excerto do cilindro construído no Great Court do British Museum, obra de Foster & Partners*, em cujos vãos vemos edículas, outrora significantes, e cujo propósito nos lembra a crónica para a qual vos remetemos. Pela nossa parte, com menos tempo para escrever, espaçadamente continuaremos;

entretanto, tentem ser felizes (se quiserem)! Façam o vosso melhor, tentando estar acima das vivências de "cariz tribal" a que certas instituições, parece (?) propositadamente, se entregam...   

http://www.destak.pt/opiniao/90401-progressismo

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Referido em comentário de 12.10.2010


21
Mar 11
publicado por primaluce, às 11:09link do post | comentar

Há precisamente um ano sentimo-nos na obrigação de escrever isto:

"É preciso renascer!

Porque é preciso renascer, aqui hoje quero lembrar António Quadros: porque transportou uma ideia que Amadeo Souza Cardoso procurou e trabalhou; mas também Almada Negreiros – no painel «Começar»; mas também Lima de Freitas, e tantos outros. Quando há cerca de 10 anos A. Ferro me ofereceu os dois volumes de Portugal Razão e Mistério, não poderia imaginar (nem ele, nem eu...), a volta que um dia os mesmos iriam dar à minha vida. O que descobri, exactamente em 16 de Março de 2002, é o que António Quadros, e tantos que o precederam, e muitos que hoje o seguem, ainda procuram! A sua vida teve imenso sentido – pois não deixou morrer várias ideias que sempre questionou. Pessoalmente devo-lhe isso."

Glória Azevedo Coutinho . 21.03.2010 14:04 Via PÚBLICO

Terá suscitado, depois, outros escritos (com rigor) não sabemos? Terá suscitado mudanças de atitude, pois era um pouco essa a ideia da reflexão? Idem, igualmente não sabemos. Sabemos cada vez mais, pelos inúmeros percursos diferentes que os quase completos 35 anos numa instituição - e os ditos caminhos que nos fez fazer, Thanks God, pela parte boa, de que usufruímos, mas lamentável, por tudo o que está por detrás dos nossos esforços (o ter que andar sempre a toque de caixa! como se fosse soldado...) - sabemos que não há futuro sem passado.

Para haver futuro, se não tivessemos história para trás, era urgente, já hoje e agora, correr, começar a fazer o presente. Para que amanhã, quando acordássemos, não fosse necessário começar a construi-lo*.

No nosso caso, da maneira como pensamos a vida, e sempre passou para os nossos projectos - fossem eles a recuperação de edifícios antigos, ou mesmo obras novas - sempre procurámos criar um balanço (com a medida certa...**) entre tradição e modernidade.

Conceber o futuro, planeá-lo, e fazer programas para o seu desenvolvimento em termos práticos, é algo que se faz com boas ideias - conhecidas - que são as do passado. Mas também com novas ideias, soltas de atavismos, ou de prisões sem sentido (e até mesmo de «crenças»...): Ideias que são as do presente, as que conseguimos ter e imaginar, ou, prolongar para o futuro.  

A noção da necessidade de renascer não é nada recente; antes pelo contrário; é antiquíssima: é histórica, vinda dos primórdios dos tempos. Saibamos dar-lhes futuro!  

 ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Tivemos esta sensação em Brasília (na capital do Brasil): uma certa falta que o passado nos faz para criar referentes para o futuro.

** O que é a medida certa, em algo que parece ser tão subjectivo? Na nossa opinião, aqui, a única resposta talvez possa vir dos Historiadores de Arte. Dos que conhecem as Ideias que foram registadas nos Ornamentos, e nos Elementos de Suporte da Arquitectura (quando falavam). Ou, até, mais recentemente, em todas as suas formas: desde o interruptor da luz - uma peça de design integrada - ao maciço exterior, de uma bomba de calor, que tem que estar à vista para poder funcionar, e que o arquitecto teve que assumir como elemento integrante do projecto (AVAC), a par dos desenhos de portas e janelas. Ou, dos volumes que procurou desenhar «cumprindo regras de ouro» (para assim serem formas simpáticas, aos olhos de quem vê!). Tradição e modernidade - não fomos nós que projectámos, mas admiramos sem reservas - está, é o paradigma, para agradar aos olhos e à mente, por exemplo, na Estação do Oriente. E o que dizem as Ogivas que lá estão...? O que disseram no século XII, no século XVIII no Aqueduto das Águas Livres, ou já em Inglaterra, no século XIX, nas Estações de caminho de ferro?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ 

PASSADO E FUTURO é também a imagem seguinte:

 vinda de um "POP UP BOOK":

The Architecture Pack, de Ron Van Der Meer e Deyan Sudjic. Alfred A. Knopf, Publisher, New York, 10/1997

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Resta acrescentar que o futuro não tem que ter Ogivas (nem o seu sentido antigo), mas que tenha, pelo menos, a inteligência (estrutural) que, imediatamente, lhes associaram!


20
Mar 11
publicado por primaluce, às 11:49link do post | comentar

Que nos desculpem posts como o último, mas, grave mesmo é o silêncio.

Há exactamente um ano estávamos a receber ameaças impensáveis, de quem...

...nunca deveriam ter vindo.

Com este blog isso acabou,

em breve voltamos a Monserrate, e ao que nos interessa!


19
Mar 11
publicado por primaluce, às 10:06link do post | comentar

Em título mais curto podia ser: "Retrocesso Civilizacional".

Porque na barbárie em que se vive, e segundo a OIT, “apesar dos progressos alcançados, continuam a persistir desigualdades e a igualdade entre homens e mulheres continua a ser um grande desafio.”*

Estamos absolutamente de acordo com esta frase, cujo alerta provém das Nações Unidas. Mais, a nossa experiência ou percurso de vida, com o que sucessivamente nos tem sido exigido, não reconhecido e retribuído (o que pode vir a ser escrito um dia, se houver memória e memórias), é a prova de que a “Igualdade de Género” em geral, não passa de uma «conversa mais ou menos elegante, bem falante, etc»; apenas com algumas, mas ainda poucas, e muito insuficientes repercussões, de ordem prática.

Valham-nos essas!

Aliás, assumimos há tempos, que «aos cavalheiros» a quem são atribuídas funções que, hierarquicamente, deviam ser as nossas, de acordo com as supostas regras de progressão na carreira - e será que no retrocesso ainda há regras? Ou chamando-se Fernando L. Carreira A., a sua progressão tem que ser automática? Já que o «carreirismo» nasceu consigo? Enfim, aos «carreiristas» responderemos cumprindo: sempre que forem cavalheiros e nos pouparem; sempre que nos respeitarem e nos derem ordens correctas. Melhor, neste cenário em que em Portugal (e nas suas empresas) é tudo um grande «faz de conta», com eles actuaremos de acordo com aquilo que também nos dá jeito: deixando «os cavalheiros» entretidos com os seus brinquedos**.

Mas, no momento em que não for assim, quando não concordarmos com as suas ordens ou instruções, como várias vezes acontece - porque são ao lado do essencial, do normal, ou até do legal... – claro que, naturalmente, e de modo automático, descem de categoria, deixando de ser chefes (pelo menos nossos). É que sobre "just pretending", i. e., sendo sempre a fingir, também há brincadeiras que cansam. Tal e qual os jogos infantis dos meninos batoteiros, que, longe dos pais e das normas (as lógicas da Justiça, que são inexistentes nas empresas), quando estão a perder, logo se apressam a mudar as regras do jogo***.

Então que brinquem sozinhos, aprendam a entreter-se. É bom, sobretudo faz bem. Crescem, tornam-se adultos, aprendem a ser consequentes: e talvez um dia responsáveis? Dá jeito às mulheres, pois nem sempre precisam de filhinhos, nem de paizinhos, menos ainda com manias pirosas. 

 ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Como é corroborado pela Comissão Europeia, e se pode ler em http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1135234.html, ou ainda em http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=498320

** Quando cada um assume as suas responsabilidades, e cumpre devidamente com as suas obrigações (se não é o caso onde é que não cumprimos?), quando fôr assim, o dito «chefe» é um mero regente. Porém, chegaria a Maestro, seria um verdadeiro mestre, se soubesse aproveitar o melhor - o ritmo e a expressão - de cada um.

*** Dentro de dias hão-de querer lavar o passado recente; colar os bocados, procurar «um ponto de restauro» do seu computador, brinquedo valioso que os pais lhes entregaram e foram desmontando. Tentarão evocar os fundadores, justificar as novas dinastias, e, disfarçando, manter os grilhões (vulgo «torniquetes»); a fingir que está tudo bem. Haverá muitas missas, que sejam rezadas e não para «vendilhões do templo», já que as Histórias se repetem, e permitem prever os ornamentos com que se fazem as novas construções.

Que todos sejamos evocados, é o que se deseja

(algo de bom teremos feito?),

Que a terra nos seja leve, e quem passa reze um Pai Nosso...


17
Mar 11
publicado por primaluce, às 17:10link do post | comentar

Quando nos apercebemos que a palavra construir, o edificar, que vem do latim aedificare – que significa erigir, e ainda, também, "...o mover à piedade e à virtude, pelos bons exemplos". Quando se apreende todo o alcance desta palavra, que tanto serviu para referir obras como os edifícios, ou até mesmo para referir a edificação do Conhecimento e do Pensamento; nestas condições, i. e., dispondo de um razoável maior esclarecimento, do que aquele que tivemos durante anos, agora, ao ter pela frente uma nova turma de Projectos de Design de Interiores, não deixa de haver a enorme responsabilidade habitual, mas, igualmente, uma responsabilidade e um desafio acrescido: um novo entendimento do que podem ser as metodologias de trabalho, e as novas ênfases, que se podem colocar noutros conhecimentos, que, durante décadas, têm sido desvalorizados e esquecidos.

Tentando da nossa parte aproveitar para chamar à colação, sempre que possível, para a verdadeira essência de muitos dos Conhecimentos e Saberes: ou seja, destrinçando-os dos «panos de fundo», e de outros «materiais residuais» em que foram gerados.  

Tentando, com o maior esclarecimento que adquirimos, que não haja os sucessivos erros, graves, que têm sido feitos: a incompreensão e o acumular de parcelas, que levam a somatórios, onde não se destrinçam (ou destrinçaram), os elementos e as qualidades diferentes – que deveriam ter sido separadas e não adicionadas – de diversos saberes. Vários foram os autores que mostraram a importância dos sentidos, na construção do Conhecimento, como por exemplo: Schopenhaur (m. 1860), Kant (m. 1804), Leibniz (m.1716), ou ainda bem antes destes, Santo Alberto Magno (m. 1280) que o defendeu, explicitamente, nestes moldes:

“«Todo conocimiento comienza por los sentidos», sin exceptuar el conocimiento de Dios. El paso del sentido al entendimiento se realiza por la abstracción, procediendo a distinguir universales. Afirma por tanto un alma como sustancia independiente que es al cuerpo como un piloto respecto a la nave. Así el alma pervivirá después de la muerte. Alberto Magno fue el más grande naturalista de su tiempo. No liberándose de la astrología y adivinación, incluso sostuvo que la unión entre el Mediterráneo con el Mar Rojo podía realizarse sin riesgo (canal de Suez)”.*

Isto que hoje nos parece ser óbvio – há Conhecimento, Pensamento e Razão, porque há uma base material onde o mesmo se processa, canais por onde se apreende (os sentidos), e “black box” onde se combina esse «material» recolhido pelos sentidos, e se elaboram novas ideias** – quando, no século XIII isso foi defendido por Alberto de Magno, de certo modo constituiu, então, uma importante novidade.  

Enfim, claro que para quem é pouco dado a formalismos, ter ou não o grau, ser ou não PhD (?), isso só interessa se tiver permitido uma viagem às raízes: e, nesta área, provavelmente é na Filosofia (de onde provém o Ph), que se encontram unidos, e na génese (qual Pangea) vários dos Conhecimentos que as diferentes Ciências têm partido e repartido entre si. Repartido, muitas vezes, erroneamente, e sem a mínima preocupação de operar o «corte correcto»***: o que seria feito, mantendo legível, e lembrando, para que não se esquecessem, as ligações a outros conhecimentos e a outras realidades, das quais alguns conhecimentos são variante, ou partes integrantes (quase inseparáveis). É que se houve necessidade de dividir, trataram-se de questões operacionais, o que não pode ser esquecido.

Este é um outro tema, que a riqueza de Monserrate – com a sua colecção de formas, e respectiva capacidade de comunicar – nos ofereceu: assim haverá sempre, muito mais, para outros posts

 

 

Figura (ou diagrama) proveniente de Christopher Jones, op. cit., p. 42 (alusiva à procura de novos métodos para a implementação da criatividade em Design).

 ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* Note-se na citação (que levámos até ao fim), a previsão da possibilidade, e importância, da abertura do Canal do Suez. Ver em http://www.robertexto.com/archivo15/inteleccion3.htm

** Termo de Christopher Jones, em Métodos de diseño, Gustavo Gili, Barcelona 1982 (agradeço à Teresa Rosas o empréstimo deste livro). Ainda sobre essa base material, e ironizando, claro, no limite também diremos que há Pensamento porque há cabeça...   

***Como é explicado por Christopher Alexander, em Notes on the synthesis of the form; Harvard University Press, Cambridge, Mass, 1964.


14
Mar 11
publicado por primaluce, às 14:53link do post | comentar

"Sinais do Espírito Santo na Arquitectura posterior ao Cisma de 1054, e as suas sobrevivências", foi o título que em 2006 nos pareceu ser o mais adequado para dar à pesquisa que tencionávamos desenvolver. Sabíamos ao que íamos, mas, muitos têm sido os imprevistos surgidos. Poderia ter acontecido serem redutores e minimizadores das nossas opções, deixando-nos, eventualmente, perante algumas dificuldades. Mas, tem sido exactamente o oposto. A única dificuldade pela qual não esperávamos, é o facto de que não tínhamos consciência que a sociedade tivesse atingido um ponto tão distante e afastado, daquilo que tinha sido no passado. Sobretudo num passado que é ainda bastante recente.

Claro que a sociedade é laica, mas não imaginávamos que a postura geral fosse a de uma negação, tão grande e tão profunda, à admissão e ao reconhecimento do papel que a cristianização teve, e claramente protagonizou, na História da Europa. Aquilo com que nos deparámos e defendemos, é, em nossa opinião, totalmente verosímil; e, sobretudo, interessantíssimo. Custando muito, e por isso a crer, no enorme «desapoio» e nas dificuldades específicas, que nos têm sido criadas.

Ora quando à luz do Cristianismo, a festa do Pentecostes é considerada o início da Igreja Cristã - algo que só nos apercebemos já depois de começada a investigação em curso - face a esta noção, o titulo que escolhemos em 2006 torna-se ainda mais certo, e completamente adequado.

Este assunto é imenso, como A. Quadros mostrou (ver o nosso post do passado dia 5), e vamos voltar a abordá-lo. Hoje queremos deixar o Cartaz da Festa dos Tabuleiros, que se realiza em Tomar em Julho, e é uma das versões das Festas do Espírito Santo que os portugueses (em especial os dos Açores) têm levado a todo o mundo.

Ver em http://www.tabuleiros.org/

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

 * Aconselhamos a que vejam também os cartazes de anos anteriores,

   notando como é interessante a evolução do respectivo design!   


12
Mar 11
publicado por primaluce, às 15:07link do post | comentar

Neste blog e nos posts que escrevemos temos insistido muito na importância das Imagens, na medida em que as mesmas «deram a ver» o pensamento, e constituíram uma Cultura Visual, com base nas duas únicas realidades que os homens da Antiguidade dispunham: a natureza, e a capacidade de pensar. E essa capacidade de pensar, criou «obras», absolutamente extraordinárias (é a nossa opinião), como há dias mostrámos com o exemplo que é o Teorema de Pitágoras: o qual vai muito além das imagens e é matemática. Ou, pela perspectiva contrária (e muito descurada): o Teorema de Pitágoras, mais do que matemática é definição de relações formais.

Mas, para quem como nós está há mais de três décadas no ensino (que entretanto passou a ser designado superior...) e aí tem conhecido «doutores» das áreas das ciências e das engenharias que, por exemplo, não fazem mentalmente, as mais simples das multiplicações (como 12x12, ou 36x4). Ora, em consequência destes péssimos paradigmas que vão aparecendo*, também temos podido perceber, neste grande intervalo de tempo que decorreu desde meados dos anos 70, como tem sido desvalorizado o verdadeiro Saber ou Conhecimento: aquele que admirávamos e ainda admiramos, o único que sempre nos há-de fascinar!

Acontece que muitos dos"novos detentores do conhecimento" (ou «doutores da mula russa»), deixaram de ser as pessoas simples, que ainda conhecemos - imensas, felizmente - e passaram a ser, com uma frequência que é excessiva, pessoas que se tratam com grandes vénias e muitos salamaleques: como verdadeiros actores que chocalham cabeças vazias, ou os bonecos cheios de arames e um pêndulo, que Bordallo Pinheiro inventou e a fábrica continua a produzir. Os"novos detentores do conhecimento" - Conhecimento que por isso fica ao nível das palavras que enchem o título deste post - percebe-se que eles passam umas horas a mirar-se ao espelho, a ensaiar poses e feitios, tal e qual «modelos de passerelle».

Mas enfim, deixemos quieta essa bonecada - que nunca deveria ter saído das prateleiras das feiras - e avancemos sobre o que se está a passar. Como de tanta obra feita à base de «desenrascanso», no qual os portugueses são exímios, e se ufanam disso, se trabalhou e se chegou a conseguir criar uma sociedade, que, está «à rasca»!

Claro que hoje também nos choca, demasiado, o que se passou ontem no Japão. Como um sismo de enorme intensidade tem a capacidade mortifera, e destruidora, que as televisões têm exibido, e que é impossível não impressionar. E é aqui que se encontra tudo: isto é, tudo o que escrevemos nos parágrafos anteriores, incluindo «o fazer do desenrascanso»: a maneira como somos facilitistas (o que é diferente de ser facilitador), e nos deixamos levar por um dia-a-dia em que não nos preocupamos com as questões que são essenciais.

E mais ainda, depois de inúmeros apelos, há instituições que continuam a arrogar-se o direito de não cumprirem as normas e as leis. Estamos a pensar no (antigo e velhinho) RGEU, ainda completamente actual, e em vigor; aquilo que o facilitismo dos fazedores de qualquer coisa, independentemente da sua qualidade, não prezam e desconhecem**:

"Artigo 143.º: As saídas das edificações devem conservar-se permanentemente desimpedidas em toda a sua largura e extensão. É interdito qualquer aproveitamento ou pejamento, mesmo temporário, das saídas, susceptível de afectar a segurança permanente da edificação ou dificultar a evacuação em caso de incêndio."

Claro que poderíamos ir muito mais longe, trazendo para aqui outras normas legislativas, mas limitamo-nos a referir aquelas que aludem à aplicação de normas específicas anti-sismos, que todos os projectistas, como tal, têm que conhecer e fazer cumprir (e que, inclusivamente, justificam acréscimos nos honorários dos trabalhos, conforme a sismicidade da região do país, para a qual o projecto é feito).

Sempre que há sismos violentos é a fragilidade da vida que vem ao de cima! São os valores que prezamos, as normas e os exercícios que cumprimos, ou até a aprendizagem que fazemos das situações limite, e como nos devemos comportar durante as mesmas. Nós portugueses estamos «à rasca», porque admitimos o facilismo permanente, e o sistema de desenrascanso total, em que temos admitido viver. O qual todos os dias é posto em prática, não para ficar bem feito, mas apenas para fazer vista, sem a menor substância!

 

Hoje aqui não há imagens (bastam as que chegam do Japão, e o que das mesmas nos fica na memória). Que se leiam para dentro, ou vocalizando, os sinais visuais deste texto, mas, tentando pensar no que tem sido, com demasiada frequência, o fingir e o fazer de alguns: o seu único propósito, que é "...épater le bourgeois"!

Como os pais de muitos portugueses - da chamada hoje, tristemente, «geração à rasca» - pessoas que graças à democratização fizeram um salto económico, e sócio-cultural, imenso, e que por isso, julgando estar a dar aos seus filhos o melhor, e aquilo que eles próprios não tiveram, esses pais não conseguem aperceber-se do quanto estão a ser enganados e roubados...     

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

*Embora felizmente não sejam a regra, mas existem, talvez distribuídos de acordo com as percentagens da Curva de Gauss? O que é gravíssimo, pois não traduzem o melhor da sociedade, ou uma elite que foi seleccionada (isso sim, seria o verdadeiramente excelente): limitam-se, como na Curva de Gauss, a retratá-la e a reproduzi-la, tal e qual é. 

**Mas que, como é sabido, legalmente não podem desconhecer, já que a lei tem a inteligência de não contemplar os ignorantes. Muito menos ainda, os ignorantes militantes!

http://musicasportuguesas.blogspot.com/2006/08/desenrascanso-palavra-portuguesa.html

bien.faire.et.laisser.dire.gac@gmail.com


mais sobre mim
Março 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
11

13
15
16
18

22
23
24

27
28
30


arquivos
pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO