Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
26
Fev 11
publicado por primaluce, às 18:36link do post | comentar

"Uma nova arquitectura" é o que se pode ler na p. 48 de As Catedrais, de Patrick Démouy - editado em 2008, pelas P.E.-A., na colecção Saber - um livrinho de bolso que é um verdadeiro condensado (que aconselhamos). 

Como é habitual, nesta obra e à semelhança do que acontece em quase todas as Histórias da Arte e da Arquitectura, no período da transição do Românico para o Gótico, todos colocam a mesma pergunta: «de onde é que surgiu o o Gótico?»

Aqui, desta vez a fórmula é um pouco diferente, mas vai dar no mesmo. Depois do subtítulo "Uma nova Arquitectura", pode-se ler: "Como definir a arquitectura gótica? A sua etimologia não nos indica nada. A expressão deve-se aos humanistas italianos do Quattrocento que, julgando-a, com toda a razão, totalmente estranha aos processos de construção da Antiguidade, atribuíram-na aos bárbaros que se mantinham ao norte dos Alpes, os Godos. Isso não tem nenhum fundamento;..." (reticências, claro, pois o texto continua, com muitas outras informações, úteis).

Mas ficou o essencial: mais um exemplo de que mesmo em obras recentes*, a pergunta persiste. Ora o que nos aconteceu, foi, exactamente, pegar na Etimologia, e ir perceber o que é que tinha sido característico dos Godos? Foi então, com esta enorme simplicidade (mais do que transparente), que encontrámos o Arianismo, e referências a vários Concílios na Península Ibérica. Desde 380 em Saragoça (ainda os Godos não tinham chegado à Hispânia, era o Priscilianismo que preocupava Roma). Assim como também encontrámos, a atribuição à Iberia, aos chamados Visigodos ou Godos do Ocidente, a definição (ou a ampliação dessa noção) da "dupla procedência do Espírito Santo", ou "Filioque": a qual, com toda a facilidade, se explica muito melhor esquematicamente, a partir de desenhos, do que com palavras.

Definição ou Ideia, a que, desde 587, e definitivamente em 589, no IIIº Concílio de Toledo - já depois de Clóvis (o rei dos Francos) se ter tornado católico - os Visigodos, chefiados por Recaredo, também quiseram aderir. Abandonaram assim o seu Arianismo, convertendo-se ao Catolicismo.

Esta explicação que aqui é feita, de modo tão sucinto quanto possível, está, muito mais ampla, no nosso trabalho sobre Monserrate. Concretamente, antes e depois da p. 38, onde se pode ver a imagem que confirmou os vários organigramas que tínhamos desenhado, na tentativa de nos esclarecermos. 

Desde 2002 não parámos de aprofundar o assunto, e sobre ele temos agora muitas mais dezenas de páginas. Embora, em torno deste tema - o "Filioque" - o qual aliás, ao longo da História (nem sempre com esta designação, mas quase desde o Nascimento de Cristo) suscitou uma infinidade de escritos. Repete-se, sobre este tema é possível escrever milhares de páginas: principalmente, se houvesse a intenção de registar o máximo, de tudo o que se passou (o que não é o caso!)

Para concluir, hoje resta-nos destacar que apesar de todas as pesquisas que entretanto fizemos, e acrescentámos às iniciais, a nossa redacção mais sintética sobre o assunto, estando desde logo correcta (é importante que se diga), é a que escrevemos em 2003-2004. E porque tínhamos «descoberto» a questão a partir de Março de 2002, está editada.

Assim, qualquer livro de História da Arte ou da Arquitectura, que coloque a pergunta, como faz Patrick Démouy - um autor admirável, e em cujos livros se aprende imenso - se o fizer, à partida, deve-se considerar que neste assunto o autor não está totalmente informado; longe disso, não teve a nossa sorte**!

Sobretudo, porque agora, já alguns outros autores, como é o caso de Edward Norman (embora ainda de uma forma muito incompleta), começam também a aperceberem-se do mesmo que detectámos: isto é, da relevância de um grande número de Ideogramas. 

 

Em suma, vamos todos observando como é que esta situação vai evoluindo? Pois para já não podemos fazer mais do que temos feito...

Em boa verdade, vai ver-se o que é, realmente, e de facto - na vertente do que alguns designam a Cultura Visual, e os seus fundamentos (acrescentamos nós) - o que é a Ciência em Portugal?

Vamos vendo...

Manuscrito francês, Diagrama da Trindade Cristã, apresentado na FL.UL em 31.01.2005*** 

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* De um autor premiado - em 2005 recebeu o "grand prix Gobert de l'Académie des Inscriptions et Belles Lettres"- Patrick Démouy é Professor de História Medieval da universidade de Reims-Campagne-Ardenne; escreveu vários livros sobre a génese de uma Catedral, em especial a de Reims: "Santuário da Realeza Sagrada", onde Clóvis foi baptizado; e sobre os seus Bispos.

** Poder-se-á dizer que é uma sorte, a lembrar as faces de uma moeda: Sorte de um lado, Azar do outro! Porque a História está hoje tão definitivamente acabada, qual «bloco para ficar em tosco», que nos perguntamos se alguém a quer entender? Se valerá a pena investigá-la? Nesta área - a Arte são Imagens - as quais, se hoje não «falam» é porque os seus códigos foram perdidos, como deixámos no trabalho sobre Monserrate (ver op. cit., p. 29): "perderam-se as chaves dos símbolos". E embora cada vez mais tenhamos a noção que essas «chaves» são Conhecimento, e Saber (relações, também «articuladas»), vindo da Geometria. "A origem das expressões" - como se pode ler num autor do século XII. Para quem como nós está no Ensino Superior, e vê o que se passa (tudo à volta), mais preocupante do que a perca de Códigos de leitura, é a perca do Saber. E este - a compreensão do passado - pelos «zigzags» da vida, e os seus agentes, que em 2001 nos puseram neste caminho gratificante, numa boa parte, captámo-lo.

***Apresentação (ppt) tese de mestrado: Ideograma original em manuscrito francês do século XIII,  ver reprodução em Edward Norman, The Roman Catholic Church, Thames & Hudson, London 2007, p. 36. 

 Tudo isto já está em Monserrate, uma nova história, no próximo post, e a pensar nos nossos alunos - Teorema de Pitágoras: como ensinar...

bien.faire.et.laisser.dire.gac@gmail.com


25
Fev 11
publicado por primaluce, às 15:00link do post | comentar

Somos todos culpados, quando o nosso silêncio nos paga "o bem-estar"!

Ou, dito de outra maneira, pagamos para não nos incomodarem, para nos deixarem viver as nossas «vidinhas», aos nossos ritmos, com os valores e os trabalhos que prezamos. Deixando correr as mentiras imensas, das sociedades em que vivemos. Num galope sem sentido em busca da produção - a mais rentável possível: produzindo sempre mais e mais, embora nem sempre o necessário, ou ao lado do que era preciso. E, permitindo depois, que os excedentes sejam queimados ou deitados fora, para não alterar os preços!

Assim, nesta correria, de quem não goza nem divide com os outros os avanços que faz, somos todos culpados. Somos cúmplices quando não defendemos, com toda a veemência, que haja verdade, e utilidade, naquilo que se faz.

Agora, a reboque dos acontecimentos - provocados pela ditadura da ignorância - apoiada em más interpretações da Convenção de Bolonha, a Universidade de Lisboa parece querer acordar, e agendou uma sessão, em que, sofisticamente, quer "interpelar" Bolonha, e o Ensino Superior que se anda a fazer:

http://qualidade.campus.ul.pt/interpelando-bolonha*

Na televisão do Estado - para a RTP1 - anuncia-se na próxima 2ª feira dia 28 - "MAIS UM GRANDE DEBATE NACIONAL":

"...na plateia do Teatro Camões (Parque das Nações). O programa terá como tema a Juventude, com particular enfoque na actual geração de jovens que enfrenta condições de particular instabilidade, adiando projectos pessoais e profissionais e como tal, se mostra agora insatisfeita com o actual sistema político, económico e social. Toda a plateia será constituída por jovens, sendo alguns deles também intervenientes no debate." 

Enfim, neste mundo, global, onde pensar dá trabalho (e ser conclusivo ainda mais...), alguns perguntarão: quais são os valores? O que se deve fazer? O que se deve ensinar? O que se deve produzir? Até, o que se deve comer?

A resposta é que, muito provavelmente, há quem saiba. Há quem já tenha pensado nisso, dado pareceres, ou até lutado pela defesa das suas ideias. Há quem tenha dito para não se abandonarem os campos; para se não abater o barco de pesca; para não se destruírem as pequenas indústrias e os trabalhos de artesanato, dos locais e das regiões onde existiam; como ganha pão de uns poucos, que todos juntos fazem muito...

Há quem tenha dito que a "Tecnologia" não é tudo, que muitos serviços são absolutamente ridículos e inúteis, servindo para quase nada, ou empatar, pois é isso que produzem: NADA!

Em suma, há toda uma sociedade bem pensante, dos que «falam, falam, falam», fazendo disso programa e espectáculo, mas todos continuam a não querer renascer: a sério! E a não quererem questionar, ou questionar-se. Preferem ir só um pouco atrás, procurando,simplesmente, qual cirurgia e de bisturi, o exacto "ponto de restauro, em que o computador não deixa de funcionar": em que tudo fica na mesma, mas, aparentemente, há-de dar resposta aos maldizentes, e aos insatisfeitos...

Porém, para alguns mais previstos, ou candeia que vai à frente, toda a crise era previsível, logo em 2001:  entre nós, quando A. Guterres saiu de cena a diagnosticar um pântano. Mas, muito mais visível (há 4 anos), quando no fim do Verão de 2007, em Londres, se pode ver o que parecia impensável: filas à porta dos bancos, com as pessoas a quererem  levantar as poupanças.

Que a fome que temos visto à distância, e onde inclusivamente vemos beleza (versão do «sublime», vergonha imensa da sociedade?) nos toque: o bastante  para aprender alguma coisa com a Crise. Para que esta seja positiva, e traga verdade. Que cada um queira dar o seu melhor: que a mediocridade e as suas receitas, «prontinhas» com saboroso recheio de mentiras, não nos sirvam de menu! Já que depois de «engolidas», só fazem mal!

Leiam a legenda, percebam que a mão minúscula é a de um bebé envelhecido pela fome

http://fotos.sapo.pt/silvialuisa68/fotos/alimentar-mundo/?uid=eYUGwyigmJ63WLwGiVK4&aid=9

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*É verdade que os resultados dos Inquéritos à Qualidade colocam o país no bom caminho, como dizem os políticos. Mais, como é normal neste tipo de avaliações - somos Excelentes, os melhores do mundo! Tal e qual se ensinava História de Portugal no tempo de Salazar. E assim se apaga qualquer rasto depressivo, que a auto-estima nacional (forçosamente bipolar, como não?), teima em querer cultivar...


23
Fev 11
publicado por primaluce, às 13:44link do post | comentar

Sobre os Óscares ocorre-nos um filme e uma série de perguntas: Que uso fizeram/fazem os storytellers - em Toy Story - do Design tradicional das casas americanas?

Para nossa enorme pena, não temos visto, como gostávamos, as últimas edições de Toy Story, porém talvez do 1º filme (?), ficámos fascinados e nunca o esquecemos, com o design, reconhecível e perfeitamente identificável, de uma típica casa norte americana. Embora, de um loft (ou qualquer outro andar...) em Manhattan, a uma «casinha» de madeira nas ruas tradicionais de S. Francisco, ou em Bolder, no Colorado, as tipologias sejam, relativamente, muito variáveis; podendo portanto ser difícil definir essa casa típica dos EUA.

De qualquer forma, é (para nós), talvez uma versão «herdeira» do georgian inglês (como aliás existe bastante em Lisboa*); e que sobressai, pois aparece nos planos de fundo, como cenário, em inúmeros detalhes do filme a que nos referimos.

Lembro-me do desenho dos rodapés, o dos degraus da escada, a parte inferior dos balaústres - de escadas de madeira que habitualmente são pintadas de branco; tal como do design das portas, em geral de grande beleza, em particular os perfis de madeira, incluindo as almofadas inferiores - as que mais aparecem pelo meio dos brinquedos - cujas molduras são rectângulos de bonitas proporções (que fazem perguntar se seguem a regra de ouro...?).

Mas ficam mais questões: repararam nos jardins, nas cercas características em tábuas de madeira, com um qualquer recorte também típico? Notaram as arcas dos brinquedos, os armários e as prateleiras que estão nos quartos das crianças, pelo chão e pelas paredes?

Há dias reparámos (nós) como são tão bonitas as portas interiores do Convento de S. Francisco, onde funciona a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Pois com elas passa-se, quase o mesmo, que vemos, e gostamos, nos detalhes do filme Toy Story.

Em nossa opinião, e assumindo o risco de ser pirosíssima (por estar, aparentemente, «a impor» o seu próprio gosto), essas portas são...
...LINDAS!

Com pinázios esbeltos e elegantíssimos que só a madeira permite, quanto às proporções, vendo bem, "regra de ouro", não parece estar em nenhum dos rectângulos (quer nos painéis de vidro, quer nos das almofadas) - demasiado compridos e longe da relação 1:1,6. Mas, como todos sabemos, também se enganam os olhos, tal como o paladar, ou o olfacto, usando compensações e fazendo parecer, ser, aquilo que não é. Razão teve Horace Walpole, para debater o assunto, no Comitee of Taste que chegou a formar: já que os gostos se discutem, e embora não se imponham, há muito para aprender, e para compreender, sobre aquilo que agrada aos olhos.

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*Depois dos estudos que dedicámos à Arquitectura inglesa, podemos dizer que há muito esse ambiente na Lisboa Pombalina. É a nossa opinião, embora seja dificil debater esta temática, mesmo no Porto (ou talvez só com ingleses?). Pois em geral não se sente que as pessoas partilhem este tipo de interesse; ou observem, de modo analítico, os sinais e os ingredientes que estão nas obras...  

http://oscares.cinema.sapo.pt/2011/noticia/toy-story-3-o-filme-consensual-dos-oscares


22
Fev 11
publicado por primaluce, às 09:07link do post | comentar

No nosso trabalho dedicado ao Palácio de Monserrate, porque fizemos várias e importantes "trouvailles", aí já se encontram referências, não exactamente à Esfera Armilar, mas a emblemas e insígnias, quer quando houve a «primeira fundação» de D. Afonso Henriques; quer quando houve «outras re-fundações», dinásticas, como aconteceu, por exemplo, no reinado de D. Manuel I e D. João V: e se essa postura é mais notória*, nas obras desses dois reis, deve-se à escolha, específica, e à preferência que nos chega, claramente visível, por um certo tipo de iconografia (muito marcado). 

Em matéria de imagens continuamos a considerar que os mais entendendidos - os que captam uma linguagem que «fala» (ou pelo menos falou)  - esses compreendem a Geometria. E são capazes de distinguir os círculos que se intersectam (vejam no nosso trabalho, no que dedicámos à mandorla), das elipses, cujo desenho é diferente. 

Assim, e para que possam ver bem, num assunto que é apaixonante, há que não esquecer que há muitos mais «ideogramas significantes» (serão dezenas, uma centena...? - não sabemos contá-los) que um dia hão-de vir à luz. Já que com eles vai ser possível compreender os Estilos Arquitectónicos: tenhamos nós tempo para escrever tudo o que sabemos sobre o assunto...(pois se não sabemos contar, há quem conte, é verdade, mas não sabe compreender a importância da investigação e seus resultados!)  

Agora, para poderem ir avaliando - e até para acertar um pouco aquilo que já escrevemos - é importante começar a conhecer, e ir distinguindo as imagens, tentando ter uma maior precisão. Por isso decidimos ampliar o desenho da "esfera armilar" do fresco de Botticelli, pintada na Capela de Ognissanti de Florença, que foi do pai de Amerigo Vespucci.

Já percebemos que há uma imensa curiosidade - que aliás não nos admira - pois foi isso mesmo que aconteceu, quase há 10 anos, connosco. Mas, vamos continuar paulatinamente, visto que não há-de ser de imediato, que passamos para fora, a enorme quantidade de material que temos. A questão pode ser díficil de compreender, porém, muito está já publicado no trabalho sobre Monserrate (por onde se deve começar, já que foi essa casa a fonte de informações). 

Sendo essencial, agora, olhar bem para vários desenhos, tentando captar as diferenças e as semelhanças: e, no caso da "Esfera Armilar", compreender quando se trata da reprodução de um modelo reduzido (como na imagem abaixo), ou, quando é que se deve considerar, muito mais, um emblema? Podem ser quase só nuances...mas não deixam de ser significantes.

Ver os posts anteriores, para localizar este excerto

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*Ver em Monserrate uma nova história, nas pp. 65 e 66, e respectivas notas do texto. 

** Ler D. Manuel I, de João Paulo Oliveira e Costa, Temas & Debates, Mem Martins 2007, onde encontram algumas imagens de esferas armilares; e, bastante interessante, outras informações que, na nossa geração - desde a 4ª classe, ao 5º ano (actual 9º ano) - garantidamente ficavam adquiridas. Aliás, se não ficassem haveria reprovação. É verdade que se tratava de um ensino muito à base da memória, porém, há-de haver um ponto de equilíbrio, e de encontro, entre memória e compreensão. A permitir que se atinjam mais competências, e melhores conhecimentos, do que aqueles que agora se observam no fim do ensino secundário, até no início (e fim) do ensino superior. Quanto à História, muito provavelmente Sandro Botticelli não terá contactado, directamente D. Manuel; mas conheceu bem Amerigo Vespucci, autor do Mundus Novus (relato da viagem de Pedro Álvares Cabral, um folheto cuja 1ª Edição é de Paris, em 1503, que foi lido, avidamente, tendo várias edições): ver em D. Manuel I, op. cit., p. 313 e 410.


20
Fev 11
publicado por primaluce, às 13:11link do post | comentar

Quantas esferas armilares haverá no país? Quantas em cada terra...?

Aqui estão mais duas, na porta do Castelo de Torres Vedras

 

Mais do que os números gozemos a beleza dos detalhes...

...e se contar importa, deixêmo-lo para quem sabe.

Agora notem dentro da esfera como estão dispostos os meridianos, e tentem perceber porquê.


19
Fev 11
publicado por primaluce, às 09:50link do post | comentar

É importante que se diga, depois de - "não escondidos, mas acrescentados...": para quem sabe ler as imagens, e a lógica, da Geometria, muito simples* (que as configurou).

Sobre a Esfera Armilar pode-se ler: 

"Esfera com anéis ou armilas utilizadas como representação do Universo. Nessas esferas a Terra ocupa a posição central, o que corresponde à visão ptolomaica do cosmos, e as armilas principais representam os meridianos celestes, na vertical, o equador, os trópicos e os círculos polares, na horizontal, e a banda do zodíaco, em diagonal. Em rigor, a banda do zodíaco deveria ser tangente aos dois círculos tropicais, estando pois inclinada 23 graus e meio em relação ao equador. No entanto, por ignorância ou por razões estéticas, essa banda aparece habitualmente traçada com uma inclinação muito maior. É também vulgar serem omitidos os círculos polares. A esfera armilar tornou-se um símbolo manuelino de poder marítimo, político e económico associado às navegações. Aparece ainda hoje em vários símbolos lusos, nomeadamente na bandeira nacional."

 em

http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/d42.html

Esta explicação do Instituto Camões situa-se muito mais ao nível da ciência - i. e., relativa a um modelo científico, de estudo (como uma maquette) - do que do simbolismo cristão de que a imagem foi «investida», e por isso foi criada (assim). Neste caso, em nossa opinião, trata-se de um sinal que foi desenhado para ser polissémico (e mais não se diz...por enquanto). Por isso a esfera aparece desta maneira; por isso está na composição abaixo - uma pintura que representa Santo Agostinho - pintado por Sandro Botticelli. Este sim, contemporâneo dessa imagem da esfera armilar. O que pode remeter para o conhecimento da vida de Botticelli, e as suas diferentes fases. Já que é autor de um outro Augustine, muito diferente: talvez mais orante, «medieval», e menos assumidamente, «neoplatónico».

Augustine, Sandro Botticelli, Wikipédia

http://en.wikipedia.org/wiki/St._Augustine_(Botticelli)

Este link tem defeito, façam copy & paste, fechem parêntesis, chegam lá...

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*Atingiremos os nossos objectivos se conseguirmos que as pessoas aprendam Geometria: pois tanta ignorância, como a que está «em vigor», cansa!

 

 


17
Fev 11
publicado por primaluce, às 13:02link do post | comentar

...começaram a agir: decidiram enfim, re-acertar Bolonha!

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"Tardou mas arrecadou", como se costuma dizer, vem lá o início de uma série de correcções, cuja necessidade era cada vez mais premente.

Apesar do link escurinho, agora vejam o vídeo.

aviso: conteúdo importante, dura perto de uma hora

http://ww1.rtp.pt/play/#/?tvprog%253D25965%2526idpod%253D51164%2526fbtitle%253DRTP%20Play%20-%20SOCIEDADE%20CIVIL%2526fbimg%253Dhttp%253A%252F%252Fimg.rtp.pt%252Fmultimedia%252Fscreenshots%252Fscivil%252Fscivil_1_20110201.jpg%2526fburl%253Dhttp%253A%252F%252Frtp.pt%252Fplay%252F%253Ftvprog%253D25965%2526idpod%253D51164

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Depois ainda havemos de voltar à Esfera Armilar, e à Sabedoria, ancestral,que simbolizava e queria transmitir.


publicado por primaluce, às 00:44link do post | comentar

 

Esfera armilar de - A Bíblia dos Jerónimos*

* Edição Bertrand, Lisboa 2004, ver p. 39

 

O que teriam os meridianos, paralelos, armilas - i. e., círculos e eixos - para serem tão importantes? 


14
Fev 11
publicado por primaluce, às 12:17link do post | comentar

As questões político-religiosas e a sua influência na Arquitectura é um tema que em geral, internacionalmente (e por isso também entre nós portugueses), continua muito pouco estudado.

Porquê? Porque se desconhece a origem (e a configuração) de muita da iconografia, específica, e significante, que aludiu a diferentes ideias e temas. Claro que também se desconhecem os respectivos significados das formas que deveriam ser empregues, para se poderem obter determinadas leituras.

A título de exemplo, se nos baseássemos nos dois casos de Sintra, os dois grandes Palácios do século XIX, ditos revivalistas, que apresentam atitudes projectuais totalmente diferentes (um deles «patrocinado» por D. Fernando II, rei consorte, e o outro por um dos homens mais ricos de Inglaterra). Partindo de um diálogo que tivesse por suporte, e fosse buscar vários casos, ora ao Palácio da Pena, ora a Monserrate; de um estudo desse tipo (a fazer um dia), comparativo e baseado na iconografia de um e outro exemplo, sabemos que sairíamos todos bastante mais informados e enriquecidos.       

Num artigo nosso publicado pela Artis – a revista do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras –, no nº 4 de 2005, podem encontrar-se, ainda em grande esboço, várias referências a esta problemática, na qual estamos agora a trabalhar.

Embora o façamos com mais profundidade, do que ficou em Monserrate, uma nova história, o assunto é extremamente amplo, e permite inúmeras abordagens. Se somos curiosos, todas elas serão necessárias, para que um dia se possa esclarecer, com mais rigor e profundidade (ou, o que era desejável - na máxima dimensão), a relação entre Arquitectura e Teologia; entre Arquitectura e Filosofia.

A informação de que Christopher Wren não foi insensível, a alguns ataques que teve, vindos do Conde de Shaftesbury (do third Earl of Shaftesbury - Anthony Ashley Cooper), que fora o autor de uma carta manuscrita, que circulou em 1712 - Letter Concerning the Art, or Science of Design, é um dos pontos que se pode encontrar no nosso artigo.

Ver - Monserrate: O Estranho e Requintado Orientalismo do Palacete Neogótico. 

Artis, Índice em:

http://www.fl.ul.pt/unidades/institutos/iha/Artis/images/Artis-04-2005.pdf

Quanto a imagens,

procuramos obras com uma esfera armilar, de preferência pintura,...

(e não os azulejos do Palácio da Pena)


12
Fev 11
publicado por primaluce, às 10:50link do post | comentar

Sir William Chambers (1723-96) tinha deixado a certeza de ter havido uma linguagem “ultra-sensorial” na arquitectura.

Mais tarde, depois de 1834, data do fogo no edifício do antigo Parlamento, que tinha tido obras recentes conduzidas por James Wyatt – o arquitecto que trabalhara para William Beckford (1760-1840), no projecto e construção de Fonthil Abbey. Em 1834-5 quando se abriu o concurso para as novas Houses of Parliament, este definia o Estilo em que o edifício devia ser construído; assim a mesma ideia é confirmada. Porquê exigir que fosse construído em Gótico, ou em Elizabethan; se, alternativamente, e cada vez mais, o Neoclássico se vinha a impor?

Porque, claramente, a questão estava longe de ser indiferente: já que havia Estilos e respectivos Ornamentos, mais ou menos adequados, conforme os propósitos de utilização das construções. Ou, dito de outro modo, conforme aquilo que se pretendesse que a nova edificação comunicasse.

Fotografia de um excerto da fachada do Palace of Westminster and Houses of Parliament, obra Gothic Revival, que também influenciou a solução escolhida para a Casa de Monserrate, projectada pelos arquitectos Knowles, para Francis Cook (m.1901). Vejam no nosso trabalho, no IIIº Capítulo, a partir da p. 106, onde várias destas problemáticas estão substancialmente desenvolvidas. Quanto à planta do edifício do Parlamento, merece ser vista: para se perceber a sua modernidade, e o modo inteligente como permite diferenciar várias zonas, ao mesmo tempo que permite depois o seu encontro, numa área central de confluência.

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Ontem foi um dia grande para as Artes e Ensino Artístico em Portugal. Não porque o país tenha feito um grande acto, ou, seja o merecedor do reconhecimento internacional de Paula Rego. O mérito pertence-lhe, quase exclusivamente: primeiro a ela e à família, que lhe proporcionou um ensino diferenciado, no colégio inglês de Carcavelos, e depois em Londres. O mérito, foi-lhe «proporcionado» (e então já decisivamente reconhecido), mais tarde, ao ser favorecida pelos professores, e sobretudo pela crítica, quando ainda não tinha atingido a sua fase mais madura. O nível de qualidade que, por exemplo, esteve reunido na exposição do CCB em Lisboa, e uns anos mais tarde, no Porto, em Serralves, orgulha qualquer país. Vejam os vídeos:

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasCultura/2011/2/paula-rego-recebeu-o-doutoramento-honoris-causa-da-universidade-de-lisboa11-02-2011-215720.htm

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasCultura/2011/2/paulo-rego-foi-homenageada-pela-universidade-de-lisboa11-02-2011-202713.htm 

É espantosa e desconcertante, a simplicidade - por vezes quase dificuldade de expressão - com que Paula Rego fala dos seus trabalhos e da sua obra. Lembra-nos (a nós) Amália Rodrigues, e também o seu modo, que, com frequência, era totalmente desconcertante! Mas, percebia-se, correspondia a ideias, talvez não muito arrumadas, e à «maneira doutoral», porém certíssimas!  

No último vídeo (o seguinte) retenham a frase da Professora Luísa Arruda, registando a noção que todos temos: “Ninguém é profeta na sua terra…”:

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasCultura/2011/2/paula-rego-recebe-insignias-do-doutoramento-honoris-causa11-02-2011-85932.htm

Amanhã, ou depois – sempre sine die – soma e segue: porque assuntos sobre a criação artística, e a capacidade de síntese que as «Obras» (Arte ou não...?), exigem e revelam, esses assuntos não faltam. Por exemplo, vêm das palavras de Paula Rego, que merecem ser exploradas: Em segundos disse tudo ! 


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