"Você vê coisas que ninguém vê"! Acusação feita em tom grave, porém, uma das mais elogiosas que alguma vez nos fizeram.
Hoje, depois das contas e do contar, também das Artes Decorativas, da vida tradicional portuguesa*, sugerimos que tentem ver melhor: i. e., reparar, observar, vislumbrar, notar. Enfim, olhar com outros olhos; tentando descrever por palavras as imagens que estão na retina.
É que não se trata de ver moscas do outro lado do rio, nem bactérias ao microscópio. Referimo-nos àquilo que tem dimensões suficientes para ser bem visto, sem lupa e à vista desarmada. Os objectos e as formas, nas quais, geralmente, ninguém repara.
Por exemplo, sabemos que há respiradouros diferentes, de dois tipos, sobre a Arcaria do Aqueduto no Vale de Alcântara, em Lisboa. Já notaram? Pode-se perguntar qual o valor desta informação; e parece-nos que a resposta será: tem muito pouco ou nenhum valor, mas a verdade é que não são todos iguais! E deve ter havido um motivo para essa decisão...? Daí podem nascer outras perguntas, e, sobretudo, muitas mais respostas!
Ao fazer o nosso trabalho sobre Monserrate, então reparámos em inscrições, e em gravações incisas, nos Arcos de San Juan de Duero, em Soria. Ver op. cit. p. 35, e depois na fig. 101, p. 268. Agora deixamos muito mais - um dos links para lá chegar - e é impossível que estas sucessões de arcos não intriguem qualquer um. Que não nos levem a formular perguntas, e, quem sabe, talvez (?) a tentar encontrar respostas; tal a "quantidade de informação" que cada arco nos dá...
http://www.youtube.com/watch?v=xT1rn2FlsIo&feature=player_embedded
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* Um tema de que temos imensas informações, um «verdadeiro filão», no qual até agora pouco entrámos. Que relacionamos, só para começar, com os trabalhos de Estuques de Domingos Meira (e outros), no Palácio de Monserrate.