Quem se aperceber que as imagens que todos julgam ser abstractas – por terem um carácter geométrico muito marcado – são afinal linguagens, que, há vários séculos, eram lidas e entendidas, esse (alguém) adquire algumas vantagens.
Ao estudar Monserrate apercebemo-nos disso, e, mais tarde, acedendo a inúmeras outras informações, passámos a conhecer ainda mais.
Assim, hoje temos uma óptima colecção de textos relativa ao tema do significado das formas empregues na arquitectura. E, no caso que vamos citar, exactamente na arquitectura da Inglaterra victorian, como é o Palácio de Monserrate: uma obra que foi projectada em 1858, e que terá ficado terminada cerca de 1864.
Num artigo que lemos dedicado à arquitectura vitoriana encontrámos (a abrir) o seguinte texto:
“Victorian architectural theorists believed that buildings were capable of conveying meanings in a direct and precise way, rather like books, paintings, or even orators. These meanings were understood to refer to things outside the building: architecture was thus conceived to be a representational form of art. This essay explores some of the consequences of this view. What subjects did Victorian buildings represent, and how did they do so? What criteria determined a building's adequacy as a representation? How, finally, did the demand for representational content shape the central Victorian concept of architectural truth?”*
Como se planeou, tencionamos elaborar um documento, algo semelhante a um Glossário, que será expresso em desenhos e registos iconográficos, o qual será incluído na nossa dissertação de doutoramento. Contendo imagens e os seus significados mais correntes (material em que temos trabalhado), e dos quais nos apercebemos como terão sido formados: alguns ainda na cultura hebraica, transitando para a cultura helenista e desta para a cultura cristã. Aqui receberam novos influxos, foram transformados e perduraram.
Depois, apesar de algumas afirmações de Hegel, ou por exemplo as de Alain Besançon, na sua História Intelectual do Iconoclasmo**, na arquitectura, por razões muito variadas, ainda no século XX continuou a fazer-se uso daquilo que é designado (e por todos reconhecido) como Iconografia Cristã.
Não se pense que nos estamos a referir, apenas, à construção de igrejas: pois várias construções, sobretudo vários edifícios públicos, como Estabelecimentos Prisionais e tantos outros, foram buscar, exactamente, essa imagética. Enfim, não se esqueça também a obra de Santiago Calatrava em Lisboa, que é a Estação do Oriente. A qual, por outras razões, diferentes das que configuram os estabelecimentos prisionais, também sugere a imagem de "ogivas" (e de arcos quebrados).