Em Lisboa no Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, fica o edifício da fotografia abaixo. Se repararem, neste e nos muitos casos diferentes que se encontram pela cidade - Lisboa e todas as outras, com núcleos históricos e edificado valioso - é notório que a recuperação tem que se fazer de um modo mais atento e mais cuidado no que diz respeito aos caixilhos das vidraças. Não é necessário que sejam exclusivamente em madeira, mas já é necessário, em nossa opinião, que o carácter dos edifícios não se perca.
Se experimentarem (e um dia tentaremos prová-lo aqui através de imagens), por exemplo, as proporções muito bonitas dos edifícios pombalinos, de influência palladiana, ficam, de facto, valorizadas, quando os contornos dos vidros são escuros, e dão continuidade às chapas de vidro, também elas escuras. Desse modo ressalta sobretudo a fachada e os vãos lêem-se quase como rectângulos escuros, que adquirem profundidade.
Mas essa não era a versão inicial, tal como foi construída, dos referidos prédios; obrigando-nos a questionar a descaracterização que se passou a fazer (é um dos muitos pontos a pensar...).
Observando os «pinázios» a dividirem os vidros, com os seus desenhos, verifica-se que eles conferiam uma outra geometria, exterior, que podia estar apenas na face do vão - a contrariar a leitura de profundidade; ou, quase como uma rede modulada, a envolver e a realcionar-se com toda a fachada. Nalguns casos essas relações visuais terão sido muito estudadas, e, verifica-se que houve uma coordenação, entre os desenhos feitos a branco no escuro da vidraça, e outras tantas linhas, que, para além dos vãos, são legíveis nas superficies das fachadas: caso dos cortes na pedra aparente (estereotomia); desenhos e padrões de azulejos; o desenho de platibandas, ou de faixas horizontais de divisão de pisos. Articulando-se estas marcações com os desenhos dos ferros das guardas das varandas; ainda com as pilastras intermédias e de remate, bem como as respectivas molduras; etc., etc.
Já que os edificios se descrevem menos, por palavras, e se desenham muito mais: usando-se setas ou outras referências para chamar a atenção das áreas a destacar...
Neste caso optámos por cortar as fotografias e ampliar as zonas a que nos referimos
No caso seguinte, no Largo do Chiado, um edificio que foi objecto de obras de conservação em 2006: a tela que envolveu a edificação mereceu alguns cuidados, e, em consequência, fez sobressaír a respectiva iconografia - que se pretendia conservar e restaurar.