Na sequência dos últimos posts, da cultura visual passa-se à cultura patrimonial, e hoje introduz-se uma «reelaboração e actualização» de algumas ideias que deixámos em Monserrate, uma nova história. Livros Horizonte, Lisboa, 2008*: “…este tema é fulcral, devendo ser visto com profundidade, e as entidades várias – da Administração Central à Local – deveriam implementar medidas, no sentido de mudar a situação. É conhecida a falta de uma Cultura Patrimonial, mesmo entre as elites (no contexto da falta de cultura em geral, e contemporânea). É conhecida a pouca exigência dos cidadãos, face às obras de Arquitectura. Finalmente é também muito conhecido, o afastamento do nosso país, relativamente a médias Europeias, no que diz respeito à recuperação e re-utilização do património antigo.”
Em Setembro de 2004 (data em que escrevemos o trabalho sobre Monserrate), num Estudo que foi divulgado pelo Ministério das Cidades e Habitação, a média nos países da U. E. relativamente à recuperação dos edifícios antigos, era de 33,2 %, enquanto em Portugal essa recuperação se situava então, apenas, em 5,6%. Apetece perguntar que evolução houve? Que número é este hoje, no fim do ano de 2010, quando tudo o que se vem a passar – com a designação geral de Crise (financeira, internacional, iniciada em Setembro de 2007) – já deveria ter levado a uma mudança de postura e de comportamentos?
Estamos quase certos que pouco terá mudado, e que apesar das lições vindas de outros países – que, rapidamente, compreenderam, face à Crise, que havia que apostar no Património (mais do que já faziam…), investindo e dando trabalho na recuperação e restauro de edifícios antigos – em Portugal é provável que se esteja a investir quase só na recuperação do Parque Escolar (?).
Essa política, como escrevemos em 2004, tem tardado. Pois considerando a «capacidade» existente neste sector, desde o número de profissionais já implicados, e logo depois o número de pessoas que dependem da actividade, mesmo indirectamente, qualquer investimento no sector é benéfico, tendo importantes repercussões: quer na qualidade dos cenários em que vivemos; quer na possibilidade de se criar emprego e aumentar o rendimento dessas famílias.
Ainda na Rua da Boavista em Lisboa fica o Palácio Almada-Carvalhais, um edifício que é Monumento Nacional (MN), embora, como se vê no local e mostram algumas fotografias, mais pareça uma ruína verdadeira!
http://ruinarte.blogspot.com/2009/11/palacio-almada-carvalhais-lisboa.html
A aprovação pela CML, no passado dia 21 de Dezembro, do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina é uma óptima notícia. Esperam-se e desejam-se evoluções, que são essenciais; e que um dia cheguem a toda a cidade.
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=7535
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* Redacção terminada em Setembro de 2004. Ver op. cit. pp. 151-152 e 195.