A imagem seguinte representa o Esquema, ou Ideograma, que segundo defendemos traduziu o Filioque*. Numa versão (pois houve várias), que ficou inscrita nas obras Românicas, quando a questão do Cisma do Oriente (1054) era já cada vez mais premente: havendo a necessidade - da parte da Igreja do Ocidente - de o proclamar. O que aconteceu de uma forma que foi, crescentemente, mais clara, mais forte, e mais afirmativa. De tal modo que um dia culminou, arquitectonicamente, no Estilo a que hoje todos chamamos Gótico.
Seguindo a classificação de Jean François Félibien (que distinguiu dois Góticos**) esta imagem correspondia ao Gótico Antigo. As áreas que tracejámos tinham que ser especialmente trabalhadas – sobretudo desbastadas na pedra, como se vê no exemplo seguinte – de modo a ser legível uma ligação forte entre os Círculos. Repare-se como essa ênfase posta na «escrita» - que qualquer Estilo é - resulta também muitíssimo decorativa.
Rosácea de Paço de Sousa
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* Desde que editámos este post já houve pedidos de esclarecimentos: ver em Monserrate, uma nova história, op. cit., pp. 27 a 45. Para se ter a noção da complexidade deste tema basta dizer, que, actualmente (nos estudos do doutoramento, em curso) este assunto encontra-se sub-dividido em várias abordagens, ocupando - apenas o cerne da questão - cerca de 40 pp. Sobre o Filioque, aconselhamos uma das melhores sínteses: ver na Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira, LX 1969, v. 8, cc. 837-838.
**Embora sem imagens que a ilustrassem, esta questão já ficou explicada em Monserrate, uma nova história, op. cit., pp. 43 e 44. Sendo também referida (o Gótico Antigo e o Gótico Moderno) a propósito do aqueduto de Tomar, chamado - Pegões Altos; ver na p. 72 e na nota 168.