Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Dez 10
publicado por primaluce, às 09:39link do post | comentar

Na sequência dos últimos posts, da cultura visual passa-se à cultura patrimonial, e hoje introduz-se uma «reelaboração e actualização» de algumas ideias que deixámos em Monserrate, uma nova história. Livros Horizonte, Lisboa, 2008*: “…este tema é fulcral, devendo ser visto com profundidade, e as entidades várias – da Administração Central à Local – deveriam implementar medidas, no sentido de mudar a situação. É conhecida a falta de uma Cultura Patrimonial, mesmo entre as elites (no contexto da falta de cultura em geral, e contemporânea). É conhecida a pouca exigência dos cidadãos, face às obras de Arquitectura. Finalmente é também muito conhecido, o afastamento do nosso país, relativamente a médias Europeias, no que diz respeito à recuperação e re-utilização do património antigo.”

Em Setembro de 2004 (data em que escrevemos o trabalho sobre Monserrate), num Estudo que foi divulgado pelo Ministério das Cidades e Habitação, a média nos países da U. E. relativamente à recuperação dos edifícios antigos, era de 33,2 %, enquanto em Portugal essa recuperação se situava então, apenas, em 5,6%. Apetece perguntar que evolução houve? Que número é este hoje, no fim do ano de 2010, quando tudo o que se vem a passar – com a designação geral de Crise (financeira, internacional, iniciada em Setembro de 2007) – já deveria ter levado a uma mudança de postura e de comportamentos?

Estamos quase certos que pouco terá mudado, e que apesar das lições vindas de outros países – que, rapidamente, compreenderam, face à Crise, que havia que apostar no Património (mais do que já faziam…), investindo e dando trabalho na recuperação e restauro de edifícios antigos – em Portugal é provável que se esteja a investir quase só na recuperação do Parque Escolar (?).

Essa política, como escrevemos em 2004, tem tardado. Pois considerando a «capacidade» existente neste sector, desde o número de profissionais já implicados, e logo depois o número de pessoas que dependem da actividade, mesmo indirectamente, qualquer investimento no sector é benéfico, tendo importantes repercussões: quer na qualidade dos cenários em que vivemos; quer na possibilidade de se criar emprego e aumentar o rendimento dessas famílias.  

Ainda na Rua da Boavista em Lisboa fica o Palácio Almada-Carvalhais, um edifício que é Monumento Nacional (MN), embora, como se vê no local e mostram algumas fotografias, mais pareça uma ruína verdadeira!

http://ruinarte.blogspot.com/2009/11/palacio-almada-carvalhais-lisboa.html

 

 

A aprovação pela CML, no passado dia 21 de Dezembro, do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina é uma óptima notícia. Esperam-se e desejam-se evoluções, que são essenciais; e que um dia cheguem a toda a cidade.

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=7535

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* Redacção terminada em Setembro de 2004. Ver op. cit. pp. 151-152 e 195.


30
Dez 10
publicado por primaluce, às 00:33link do post | comentar

Nos tempos que se vivem, fazer as opções certas é extremamente difícil. Em menos de dez anos, quase tudo mudou e os dirigentes, a todos níveis, não estão preparados – não têm formações transversais, nem informação – para, quase por magia, fazerem aparecer as soluções que se impõem.

Algumas receitas são antigas, como o voltar à terra e produzir aquilo que se consome e sem dúvida todos precisamos. Outras, por exemplo, passam por saber avaliar aquilo que temos, e definir prioridades, com vista à sua salvaguarda. Como se deve fazer com o património herdado – tangível e intangível – tentando que o mesmo não se perca. Na nossa área profissional (ou no plural – nas nossas áreas profissionais), esses caminhos há muito estão definidos e conhecidos. Falta apenas pô-los em prática (sobretudo aqui em Portugal).

Mas isto que é fácil enunciar enquanto princípio geral, e no plano das ideias, divide-se depois, ao actuar, em inúmeras tarefas a atribuir a um muito maior número de profissionais especializados. É pois uma área vastíssima, da qual, no fim – se houver trabalho bem desenvolvido por todos (devidamente coordenados) – então haverá bons resultados.

Neste caso é com o maior gosto que chamamos a atenção para uma obra de renovação e recuperação urbana (é um bom exemplo), feita na Rua da Boavista, em Lisboa; num edifício onde está instalado o IPA – uma escola de estudos superiores. Se já tínhamos reparado no seu enorme interesse, como sendo um edifício de qualidade, e a precisar de obras urgentes, agora pudemos perceber que foi limpo e renovado.

Destacamos o facto de, inteligentemente, terem sido poupados os caixilhos de madeira, e os seus desenhos. Embora nos pareça, que quem dirigiu a obra deveria ter tentado ir mais longe: é que pela nossa experiência, ainda há hoje os carpinteiros (e as carpintarias), capazes de fazerem o restauro dos “pinázios”, repondo o material em falta. Ou, fazendo de novo, igual ao original.

Mas, pelo que observámos - na forma como os vidros estão colocados (pelo exterior!*) - talvez se trate ainda de uma solução provisória? Aguardamos, pois o edifício é merecedor de uma intervenção correcta…   

 

 

Imaginamos que os leitores notaram que ainda nos estamos referir à mesma iconografia: quadrifolios, "culots", losangos de lados arredondados, etc., etc., etc? Várias Imagens que foram geradas por uma «malha polissémica», que há dias apresentámos.

Se não notaram, confirma-se que vemos "aquilo que ninguém vê", incluindo os especialistas da Imagem! Confirma-se que todos se tornaram especialistas de letras, e de textos escritos, incapazes de lerem as imagens. Seria (é) um retrocesso imenso: a perca primeiro, do "património intangível". Depois, como seu corolário lógico e consequência, a perca completa do património material ...

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*Ou tratam-se de chapas de acrílico, ainda numa situação de obra, e portanto é uma solução provisória? 


29
Dez 10
publicado por primaluce, às 09:07link do post | comentar

Continuamos em torno da mesma iconografia - gerada por círculos que se intersectam - vinda da tracerie visigótica, e, geralmente capaz de criar significados específicos. Na foto abaixo excerto da igreja de S. Cristóvão de Rio Mau, no Concelho de Vila do Conde. Essa cruz que encima a fachada frontal é, simultaneamente, uma “cruz pátea”, mas também um “quadrifolio”. Depende como é lida: se a forma, se o fundo (ou até o prolongamento dos arcos que não foi desenhado, e se subentende).

A acentuar estas possibilidades de leitura, está um pombo abrigado no vazado que é folha (ou pétala?) do “quadrifolio”.

Acontece, como terão notado, que a forma a que estamos a dar esta designação surge, com frequência, associada à Ordem de Cister, sendo aparentemente contemporânea da sua formação. Em francês toma a designação de “culots”.  

 

Embora se possa encontrar em todo o país, no próximo post, vamos ver a sua aplicação nos vãos de um edifício na Rua da Boavista em Lisboa.


28
Dez 10
publicado por primaluce, às 09:47link do post | comentar

Na imagem que muda referimo-nos ao "logo" da Art City de 2009, que foi Amsterdam.

E se admitimos que se tratam de imagens que são facilmente aceites, em parte isso prende-se com a sua simplicidade, mas também, supõe-se, pelo facto de serem imagens que há muito estão "ancoradas" nas nossas mentes.

 Ver site do Museu Boymans-van Beuningen

 de Roterdão: 

http://www.boijmans.nl/en/

 

Mas ainda sobre tudo aquilo "que há muito está ancorado nas nossas mentes" podendo por isso integrar um suposto «inconsciente colectivo», o qual, por ser inconsciente, nem sempre nos apercebemos (e que por isso é «explorado» por alguns...). Ora na perspectiva de passarmos a conhecer melhor o passado que herdámos e integrámos, em muitos sentidos, incluindo o seu lado visual, aconselha-se um trabalho de Jacques Attali, que é - a começar pelo título da colecção - muito acessível e de leitura agradável. Trata-se do Dictionnaire Amoureux du Judaïsme, da Plon/Fayard, publicado em 2009.

Dedicamos esta informação a todos os que se sentem mais «agitados» com os nossos melhores posts. Talvez, porque neles sobressai (?) - temos que o reconhecer - a vasta bibliografia em que nos temos baseado. Em suma, dir-se-ia que esse trabalho de Jacques Attali é um óptimo portal, para entrar, e ir conhecendo melhor a Cultura Hebraica. A qual se complementa, depois, com outros livros, alguns antiquíssimos...


27
Dez 10
publicado por primaluce, às 10:29link do post | comentar

Porque o prometido é devido, acrescentámos umas poucas informações à Natividade de Master Francke, colocada no post anterior. Pode parecer que da Arquitectura passámos para a Pintura. Não é isso, há algumas reflexões a fazer: porque se as técnicas, os meios e os materiais eram outros, no entanto a mensagem a passar podia ser a mesma. 

E nalguns casos aconteceu aquilo que o exemplo (post do dia 24 de Dezembro) tão bem demonstra: imagens geométricas, ou abstractas - que muitos têm julgado, como algum «secretismo» (ou tendo um «carácter secreto») - que eram habitualmente mais empregues na arquitectura, com algumas adaptações e alterações, também estiveram presentes noutros suportes: estão em obras de escultura e pintura, ou ainda em muitas outras formas artísticas, como acontece na ourivesaria. A ler e ver, atentamente, é o que sugerimos.

Notando que muitas vezes a representação do Espírito Santo foi feita pelo «8» deitado - símbolo do Infinito - como está abaixo desta coluna de texto: o modelo que os Blogs do Sapo nos ofereceram, e agora oferecemos aos leitores: a explicação necessária para poderem ir mais longe!

Enfim, histórias e informações que se contam, precisando disto:

serem conhecidas, para não se criarem mais equívocos...


26
Dez 10
publicado por primaluce, às 10:34link do post | comentar

Por isso sugerimos de Fernando Pessoa, o Poema do Menino Jesus

recitado por Maria Bethânia

http://www.youtube.com/watch?v=gWI1gs0dJYk&NR=1

Se tiverem tempo gastem esse pouco, vão sentir que o ganharam...


24
Dez 10
publicado por primaluce, às 18:20link do post | comentar

Alguns de nós, quando contamos histórias, ou até mesmo quando damos aulas, sabemos que haveria um «mundo» de elementos, interminável, que seria necessário continuar a elencar. Necessário para que a história ficasse completa, ou, para que os alunos ficassem totalmente informados sobre determinado assunto. Então a quantidade de informação em torno de um qualquer tema, é, por isso,  frequentemente, imensa; «quase infinita»...

Ora em termos práticos (parece-nos?), o melhor é pensar que essa informação é incontável, e passamos logo a resumir.

Umberto Eco  – baseando-se nos seus conhecimentos de Teologia Medieval, e por saber que desde há séculos (muitos) as Escrituras são lidas e interpretadas de acordo com 3 sentidos principais, aos quais alguns autores acrescentaram um quarto sentido  – por isto (que não é pouco, mas tentamos sintetizar)  o autor italiano escreveu a Obra Aberta. Nela mostra que todas as obras estão sempre «em aberto», sendo acabadas pelas diferentes interpretações daqueles que as vêem.  E essas, muitas vezes, são - já eram, e tornam-se assim ainda mais - em verdadeiras exegeses (teológicas): as que cada um entender fazer.

Melhor dizendo, "as que cada um quiser...", mas, claro, dentro de determinados limites. Isto é, dentro dos limites que são definidos pela lógica, pelo senso comum, e, principalmente, os que se baseiam nos parâmetros que os Quatro Sentidos contidos nas Escrituras fornecem (como «regras de interpretação»*).

Master Francke que viveu em Hamburgo, entre c. 1380, e c. 1436, foi o autor da Natividade que escolhemos para evocar a época do ano que estamos a viver.  Ao que é dito**, grande parte da sua obra foi destruída pelos Iconoclastas, durante a Reforma. Tendo sobrevivido, de entre vários trabalhos, os Painéis do Altar de S. Tomás Becket, de que a imagem acima faz parte.

Poderão pensar que já conhecíamos esta obra, e que dela temos mais informações? Nada disso, vimos e escolhemo-la de imediato. Porquê? Pelas cores, e pela simplicidade, que um certo abstraccionismo – também colocado na reunião dos vários elementos – permitiu introduzir na composição. Levando assim a uma síntese, que, tudo faz crer ser fascinante (note-se que o tamanho real é de 0.99X0.89m).  

Cada um fará deste trabalho as suas interpretações; mas, depois de termos constatado que a maioria das obras tenta responder – ponto por ponto – às principais ideias e às noções teológicas que em cada época eram essenciais, e se pretendiam transmitir (devendo acrescentar-se que para o caso do Dogma da Trindade, essa preocupação atravessou todas as épocas). Assim, face a essa constatação, que passou a ser um dado apriorístico de todos os nossos raciocínios, temos que perguntar: onde está, e a que elementos iconográficos corresponde; ou, como se fez na imagem acima, a representação do Espírito Santo?

Ora pelo que vemos, só uma hipótese nos ocorre: será a filactera que se prolonga, e que nessa continuidade desenha um «8» deitado?  

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*Exégèse Médiévale, Les Quatre Sens de l’Ecriture, Henri De Lubac, Éditions Montaigne, Paris, 1959-1962.

** The Yale Dictionary of Art & Artists, por Erika LANGMUIR & Norbert LYNTON, Yale University Press, 2000.

Gótico, Robert Suckale, Matthias Weniger, Manfred Wundram, Taschen, Köln, 2007.

publicado por primaluce, às 12:55link do post | comentar

Quem não é cristão talvez não se aperceba do essencial da mensagem de Cristo? Mas, mesmo assim, temos as maiores dúvidas...

Parece-nos impossível que se viva neste contexto em que estamos todos - e em que estão os leitores deste blog - e não se aperceberem que a principal mensagem de Cristo, e da Igreja - a contida, por exemplo no Apocalipse de João* - é uma mensagem de Esperança: a certeza de ir haver uma libertação!

Com este espírito, e em véspera de Natal, é impossível que não nos lembremos das palavras espantosas de João Paulo II, quando o conhecemos como novo papa, acabado de ser escolhido pelo conclave. Chega à janela, sorridente, com voz forte, até «tonitruante», e grita para a Praça de S. Pedro: "Não tenham medo"!

   

Claro que nós não vivemos sem imagens; e sem elas não somos nada. Algumas traduzem, mesmo que fora de época (e do contexto), muito melhor do que as palavras, as ideias que queremos transmitir.

Vejam então a qualidade das amarras que nos colocamos, ou a força com que estamos presos:    

 

E porque, o seu a seu dono, é importante dizer que esta noção tão expressiva vem de:  

http://twitpic.com/3ehkv0

Onde podem ver, como estou a ver aqui, no dashboard de edição, a cadeira inteira, e também não está presa a nada! 

Daqui vai um agradecimento muito especial à colega e amiga que este ano me ajudou a resolver assuntos importantes. Partilhando ainda, a ideia extraordinária que esta foto resume. É que por ser naturalista, não geométrica - torna-se evidente (sem ser ensinado). Sei de muito boa gente que a vai entender de imediato: felizmente! Ao menos valha-nos isso... 

Obrigada, também a muitos outros que nos têm dado apoio e não deixam desistir. Obrigada aos meus alunos - os mais fantásticos dos "After Eight" - em especial aos que nunca faltam, e ajudam a fazer dos longos serões de 4ª feira o maior dos prazeres!   

Nestes dias não há tempo...

 A Todos

 

 Feliz Natal

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*Poderei indicar a quem estiver interessado, a explicação desse texto por Marie-Françoise Baslez, que, no nosso caso, nos permitiu entendê-lo.


23
Dez 10
publicado por primaluce, às 12:18link do post | comentar

Claro que é Natal, e todos vemos por aí o Pai Natal. Mas o "Santa" da fotografia, tem atrás uma lareira, e nela está uma imagem que ultimamente temos apresentado. Pergunta-se onde é que habitualmente se encontra essa iconografia? É relacionável com algum estilo, com alguma época, ou com algumas marcas?

 

foto vinda de: http://strawberryhill.org/    

Sendo «bom observador», perceberá que é outro o Strawberry Hill, que mais nos interessa. Se tiver curiosidade, ver em:  

http://www.strawberryhillhouse.org.uk/

De certeza que fica mais rico, pois vai ver renovada a casa de alguém - Horace Walpole que viveu entre 1717 e 1797: 80 anos certinhos! Que, por aquilo que lemos, devem ter sido de imenso gozo, e gosto pela vida! A de um verdadeiro "bon vivant", que apesar de ter vivido em França, e aí ter sido, durante alguns anos, o «enviado inglês», nem sequer escrevia bem em francês. Foi alguém que ficou para a história como um excêntrico, mas, sobretudo, também foi alguém que, com uma enorme imaginação, ajudou a dar a volta à linha da História da Arquitectura (criando nela um ponto de inflexão).  

Se lhe parecer bem tire daí «o modelo». Pois, para os tempos que se seguem, parece-nos que o melhor será fazer como ele. É verdade que era o filho mais novo do primeiro Primeiro Ministro inglês, num tempo em que a Inglaterra teve uma ascensão vertiginosa, e criou riqueza de que ainda hoje usufrui. Não terá certamente o muito de que beneficiou o filho de Sir Robert Walpole, mas quando investir, faça como ele: invista em si, de uma maneira inteligente. Faça como ele e os amigos faziam: use as palavras dos mercados, como aliás também fez, pense nas «mais-valias», a que qualquer um hoje se refere. Mas, filtre os excessos dos marketeers! Filtre aliás todos os excessos, e deixe-se levar pela lógica, e pelas lógicas do coração. Deixe-se levar pela afectividade, e pelo que é evidente. Acredite mais nos actos de alguém, do que nas palavras que esse mesmo alguém profere. Não deixe que lhe «leiam a sina», como, até parece, estarmos aqui a fazer... Ou que lhe digam que o próximo ano vai ser a escuridão total! Pense que toda a terra se pode renovar, sempre, se todos formos minimamente lógicos. Se começarmos a exigir uma separação dos lixos, de facto, e por exemplo. Ou, se exigirmos que os alimentos sejam produzidos perto: e não precisem de vir dentro de um contentor, do outro lado da Europa ou do Mundo. Enfim, deixe-se levar por ideias inteligentes, que estão certamente ao alcance de todos nós. Tenha (talvez, se quiser?), uma atitude um pouco semelhante ao que nos aconteceu na Faculdade de Letras em 2002. Quando percebemos, que as ideias instaladas a propósito do Estilo Gótico, estavam longe de baterem todas certas! Sobretudo do ponto de vista construtivo e estrutural: como tudo mais parecia um «monte de balelas», do que as certezas absolutas, que eram proclamadas! Pense que está quase sempre tudo em aberto:

Especialmente aquilo que não se entende!  

Agora veja como o «diagrama», desenhado no que aparenta ser uma grelha de ferro, pendurada no apanha-fumos de pedra de uma lareira - é o mesmo desenho de alguns sêlos do primeiro rei português. Repare como esses sêlos, desenham também o arco quebrado característico do estilo gótico.   

Se andar atento, como na estrada e no trânsito, é bom para todos. Cultive a atenção, tente ser bom observador.  

Num Ano Novo, e para uma vida nova, não deixe a sua inteligência em «mãos-alheias»

...é que as mãos - por muito habilidosas que sejam - ainda não pensam; e as dos outros, muito menos!


22
Dez 10
publicado por primaluce, às 09:06link do post | comentar

Há dias escrevemos aquilo que já ouvimos, várias vezes, meio piada, meio desafio, sobre a maneira de ser dos arquitectos.

Na verdade, muitos sabem que é preciso ter uma boa dose de inspiração, para, num dia e num determinado momento, conseguir dar a volta a tudo o que se analisou e recolheu: qual colecção de formas, de temas, e de exigências funcionais, que é necessário conseguir reunir, de tal forma que concretizem a obra que alguém sonhou e encomendou.

São os elementos de uma ou várias listas, que, de um modo muito analítico - e com cada parte a ter que ser muito bem estudada per si - que, finalmente, são juntos de uma maneira articulada. 

Muitos sabem - e nós sabemos que eles sabem, e respeitam - a tal «inspiração». Aquela ideia que surge, exactamente, quando se tinha decidido abrandar o ritmo, e largar tudo. Para que, com mais calma, e uma capacidade de trabalho renovada, se pudesse então, tentar de novo, e pouco a pouco fazer a junção sintagmática que se impõe: a de tudo o que se tinha vindo a reunir. Mas, muitas vezes a "black box" troca-nos as voltas, e a inspiração começa então a surgir, quando não era esperada.

De qualquer modo, e voltando à necessidade de fazer a junção, ela impõe-se porque é ganha-pão, porque há pressa, e cada vez menos há a vida toda para produzir uma obra. Ou, as várias obras que é necessário ir fazendo ao longo dessa mesma vida!

Se alguns dizem que a capacidade de juntar da maneira certa, da forma que é admirada e agrada a quase todos; enfim, onde houve arte, habilidade e técnica*- se dizem que é 99% de transpiração e 1% de inspiração - esses sabem reconhecer a importância do estudo, e da recolha analítica de dados e informações. 

Esses têm a certeza de que a Síntese não é nunca um acaso, vindo do nada; ou do ficar à espera que a inspiração surja! Esses sabem que qualquer ideia, a primeira que aparece, pode ainda não ser a melhor solução, uma síntese final (definitiva). Ou, a resposta que o criativo tem em mente, para o problema que foi colocado: mas, pode ser um bom ínicio...    

Por isso perguntamo-nos, porque terá Bruegel-o-Velho estudado e imaginado uma primeira Torre de Babel? E porque é que fez a segunda? Sendo as duas do mesmo ano - 1563 - com uma a ter o dobro do tamanho da outra, qual a razão para ter havido esta sequência? 

 

Uma está em Viena (a que apresentámos há dias), ver em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kunsthistorisches_Museum 

A outra, que se apresenta agora, está em Roterdão, e é a menor. Terá sido esta a primeira?

Perguntamos, embora já saibamos a resposta: é que ao contrário daquilo que é normal, quando há séries e sequências, geralmente há um desejo de aperfeiçoar e de ir mais longe. O que pode levar a recriar a mesma obra com mais detalhe, com maiores dimensões, e, sobretudo, com novos enfoques, que na primeira versão não tinham sido integrados. Ora, contrariamente ao que nos parece mais lógico, e de acordo com o Oxford Dictionary of Christian Art, de Peter e Linda Murray, a obra de Roterdão, embora menor, terá sido a mais tardia. De facto, apercebemo-nos de algumas diferenças (iconográficas), que dão outros sentidos, seriam o suficiente para justificar uma recriação? Ficam as perguntas...

Ver site do Museu Boymans-van Beuningen, Roterdão: 

http://www.boijmans.nl/en/

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Sobre outros estudos analíticos, que levaram a outras sínteses, e a muitas sequências ou séries, as quais, em nossa opinião, são absolutamente admiráveis - e estamos a pensar, por exemplo, na obra de Guarino Guarini, concretamente sobre alguns exemplos do seu trabalho - escreveremos um destes dias. Trata-se aliás de matéria já abordada a propósito do Palácio de Monserrate, quando, definitivamente, nos apercebemos da grande questão que passou a fascinar-nos: A certeza de haver Ideogramas, na génese das várias formas estilísticas.

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* Nem sempre é dada a atenção necessária às palavras que se empregam, e, geralmente, Arte e Técnica são vistas como tendo sentidos opostos. Porém, ambas estão perto da noção de habilidade, tomada aqui no sentido de servir para criar a «junção perfeita». Acontece que Ars é a palavra latina; e Technê, é a sua correspondente (ou sinónima) de origem grega. Em suma, se dermos mais atenção à Etimologia, talvez consigamos afinar/sintonizar melhor as nossas ideias.


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