Slide de uma Conferência: as duas imagens superiores são de Sienna (século XIII); as três fotografias inferiores foram feitas em Londres, e referem-se a obras do século XIX, concebidas e construídas depois do Palácio de Monserrate, como as respectivas datas confirmam: pois o Palácio de Sintra terá ficado terminado, como se supõe, depois de 1864, tendo sido projectado em 1858.
Uma das conclusões importantes a retirar destas associações de datas, é que a obra de Sintra, que podemos dizer ser um victorian gothic revival, comparativamente com os principais exemplos londrinos é, extremamente precoce. Praticamente, ainda essa corrente estilística não existia (ou ainda estava relativamente indefinida), e já se estava a construir em Sintra. Não admira! Acontece que o promotor (hoje diz-se assim...) dessa obra de Sintra - Francis Cook - era então o detentor da 3ª maior fortuna de Inglaterra. E os arquitectos que foi buscar, ficaram para a história:
Os Knowles, o pai e o filho tinham o mesmo nome - ambos foram baptizados James Thomas (Knowles). O primeiro J. T. Knowles, pai, nasceu em 1806; e o filho, Sir James Knowles, morreu em 1908. Como se percebe esse «negócio de família» acompanhou grande parte do reinado da rainha Vitória. O curioso - para os que escolhemos e temos o maior gosto na profissão que exercemos - é que para o Knowles filho tratava-se de um negócio igual aos outros: «In 1846 James Knowles junior was articled to his father’s office and family progress seemed set to follow the lines of those other Victorian architectural families (…) as Dr. Metcalf tactfully suggests – architecture had at rest the taint of trade, and his profession became, in his own phrase, ‘bread and cheese getting’.»* Isto é: um verdadeiro ganha-pão, ... com queijo, claro!
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*Artigo de C. L. BROOKS - James Knowles: Victorian Editor and Architect by Priscilla Metcalf - The Review of English Studies, Oxford University Press, New Series, Vol. 33, No. 130. May, 1982, pp. 226-228.