Comentário de Jaime Latino Ferreira vindo por e-mail:
Retive-me, para já, na citação que encabeça o teu blogue, a saber:
A Visão: A melhor coisa que um ser humano pode fazer neste mundo é ver...Ver claramente a poesia, profecia e religião de alguma coisa, tudo ao mesmo tempo.
( John Ruskin )
E apetece-me replicar-lhe:
A escrita: Uma das melhores coisas que um ser humano pode fazer neste mundo é escrever ... Escrever claramente a poesia, a profecia e tudo conseguir, em simultâneo, pela musicalidade nelas contidas, religar!
Obrigada pela Música das palavras, aqui «mora» o gosto de ensinar, tem resposta:
É que se fala em Cultura Visual, mas as pessoas desaprenderam a leitura das imagens, e aquilo de que tratavam. Não sabem que as imagens de hoje, ainda nascem nas de há milhares de anos: entrando pelos olhos alojam-se na mente, com e sem licença dos respectivos donos!
[Hoje, por vezes, diz-se isto da televisão mas antes de existir, já os olhos captavam o mundo assim, e a televisão, como diz o nome, é ampliar essa mesma visão]
Muitos não sabem que as composições visuais (ditas artísticas) também devem ser lidas como «mapas», onde os mínimos detalhes contam: à semelhança dos teus textos escritos. Se rimas com as palavras, podes fazer exactamente o mesmo com as imagens: a Arte em geral, e particularmente a Arquitectura da Idade Média, era isso. Aliás, foi isso que há cento e tal anos divertiu e emocionou J. Ruskin, fazendo-o «martelar» aquelas palavras.
Vai a fotografia do Museu, onde eram os ateliers de Verão. A pintar e a trabalhar com barro, «aprendíamos a ver».
Passados todos estes anos, desde 2002, passei a ver (e aqui o «ver» é compreender) que na maioria das portas e janelas desse edifício – que se diz ser “Revival” – ali, como nas obras medievais, proliferam alusões a Deus. Considerado Luz, eram escolhidos os contornos dos vãos, o seu design, e os guarnecimentos de pedra (sobretudo as vergas), também significantes. Depois, pelos envidraçados, «diafragmas» transparentes e coloridos, redigidos igualmente como verdadeiros textos, toda essa iconografia era valorizada ao ser atravessada pela luz. Os jogos geométricos e luminosos enfatizavam assim, as ideias que os edifícios e os seus donos (ou vice-versa?) pretendiam transmitir.
Este «blogar» é experimental, não tem sentido de posse: juntar textos e imagens, sobretudo ensinar… é o que sei fazer!
Ainda de Cascais, do exterior da Capela de S. Sebastião - um exemplo de música para os olhos