Assim pergunta-se: a obra de Arte é intuitiva!? Será?
Achamos que sim e que não!
É: para os mais sensíveis e verdadeiros artistas.
Não o é: para os que são muito menos criativos e informados. Ou também, os muito menos sensíveis que por isso têm que aprender a sentir e a ser intuitivos. Frequentam as escolas e instituições de ensino artístico para saberem fazer as sínteses que aparentemente são simples, e o simples resultado de uma intuição; a qual depois de estar interiorizada é mais fácil de usar (e de aplicar nos trabalhos) de modo operativo.
Isto é, aquele modo «activo e dinâmico» que faz sentido (caracterizado pela vivacidade criativa) e que até uma maquette - ou modelo reduzido da nova realidade que se está a pretender criar - serve para se trabalhar nele: e nesse modelo simular a obra a realizar.
Assim, os projectistas experientes, mas sobretudo os alunos que vamos ensinando - e que estão a querer adquirir hábitos trabalho - é desejável que não estejam nos ateliers encolhidos, com frio, com o corpo tolhido em rigidez muscular, e colados ao computador. É que assim ninguém é criativo...
Parecerá que chegámos agora a um ponto diferente daquilo com que acima começámos: mas não é, trata-se do mesmo. O facto de sabermos que, por exemplo, algumas obras de Nadir Afonso (ele que falou de um saber intuitivo) estão repletas de figuras geométricas básicas - as que vários programas e software desenham instantaneamente (embora o computador seja zero em «vivacidade»*).
Imagens que, em geral, são também as mesmas figuras (que se podem autonomizar) que atravessam os Estilos Medievais, os do Renascimento e Barroco, mas também nas Artes Populares.
Na sua «operacionalidade intuitiva» Nadir Afonso conseguiu trabalhar com esses elementos - os mesmos de que Miguel Ângelo também usou e abusou** - ambos sublinhando, em simultâneo (nas obras que cada um fez) o seu carácter matemático e de rigor.
E assim Nadir Afonso fez obras de um cunho híbrido, que dificilmente sabemos classificar:
Se são modernistas, actuais ou antigas, por recorrerem aos «Ideogramas» ancestrais?
Mas, é opinião geral, são bonitas, simpáticas e cheias de cor, como aqui não se conseguiu ter...
Copiar atalho ou visitar:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=30&did=132360;
http://primaluce.blogs.sapo.pt/76081.html
http://www.arquitectos.pt/?no=2020494683,154
http://www.arquitectos.pt/imgs/imagens/1386956474F0cEU3oy5Vb52VH5.jpg
*Claro que os computadores - utilíssimos - são zero em Figuras de Estilo, em Metáforas ou Anáforas; Aliterações ou Analogias, ou ainda na imensa vivacidade que uma Ekphrasis exige. Nada disto é fácil, por isso a criatividade exige intuição (que pode ser simples e já estar na mente de alguns); ou, em alternativa exige muito saber, que talvez consiga substituir e completar a mais fraca intuição? Um Saber que, como Rem Koolhaas explicou, não é o ingrediente bastante para fazer projectos: por isso em geral as escolas não o ensinam, e (na prática) pouco conhecem o processo: sendo praticado, principalmente por quem exerce actividade projectual (e exercita as «sínteses projectuais»).
Assunto de um próximo post sobre alguns aspectos da SÍNTESE referida por Rem Koolhaas.
**Apesar de ser a nossa opinião, aqui e ali encontram-se informações que a corroboram, como neste caso (conhecido): "Le premier tiers du XVIe siècle est «un temps des génies », une ère des synthèses, comme l’a bien montré André Chastel, le mythe de la Renaissance s’est cristallisé à Rome sous la forme de quatre projets grandioses auxquels architectes, peintres, et sculpteurs, appelés dans la capitale furent associés : le Nouveau Saint - Pierre commencé par Bramante ; le mausolée de Jules II, dessiné par Michel Ange ; le « miroir historial » peint par Michel-Ange au plafond de la Chapelle Sixtine ; enfin, le « miroir doctrinal confié à Raphaël dans la Chambre de la signature."
http://revistas.ulusofona.pt/index.php/revlae/article/download/1856/1673


