Num tempo em que tanto se discutem os conceitos de Público e Privado; ou ainda de Serviços/Prestação de Serviços, públicos e privados - passando esta «discussão» pelas mais variadas áreas de actividades - assim, lembre-se que podem existir especificidades próprias do Ensino Público e do Ensino Privado*.
Melhor dizendo - embora esta discussão deva ser a de toda uma sociedade - julgamos que pode haver temáticas mais específicas para cada um dos sistemas: i.e., pode acontecer que o Estado nunca deva ou possa abandonar o ensino de matérias que são, como verdadeiras ferramentas, cruciais: que não podem estar em falta, devendo percorrer transversalmente as sociedades. Entregues a agentes cuja idoneidade não seja posta em causa, e com interesses transparentes: o verdadeiro amor ao Ensino e ao Conhecimento!
Matérias a serem distribuídas/disseminadas, adequadamente - tendo em vista as necessidades sentidas, pelo conjunto da sociedade (ou das pessoas do país), e as diferentes comunidades por que esta é constituída:
Referimo-nos muito especificamente, ao Ensino da Filosofia, da História (ou até mesmo do Latim e do Grego?). Já que se tratam de Conhecimentos - cujo carácter é semelhante ao dos «números», da aritmética e da matemática; ou da língua e da imagem (cujo desenho rigoroso é definido pela geometria): porque esses dados estão - são essenciais, e como tal devem fazer parte integrante, e indispensável - na raiz do pensamento.
Normalmente, toda a gente o sabe..., alguns destes mesmos dados chegam-nos muito cedo, em tenra idade, pelos sentidos. Mas, deverá ser apenas assim? Os indivíduos serem deixados à casualidade das normais relações de convívio (que é também formação), de uma qualquer criança, no seio da sua família? Isto é: um indivíduo pode crescer em «formação ocasional»?
Parece..., sabemos que não chega**.
Como pode não chegar, ao nível do conhecimento da imagem e da Cultura Visual própria de cada país - ou de cada «Cultura» - a simples constatação da existência dessas imagens: de uma maneira basto superficial, apenas incluídas na imagética (e nas temáticas) das Artes Decorativas.
Em suma, aquilo de que estamos a escrever hoje, disto os nossos dois blogs estão cheios***!
Sendo que o melhor exemplo que podemos dar, constata-se/vê-se, muito claramente, nos Escudos da Bandeira Nacional. Os quais não podem ser tratados, apenas, na lógica (levezinha, superficial e como motivo de "dilleto") do que hoje são as Artes Decorativas, e onde a mesma iconografia prolifera.
No exemplo que demos, esses desenhos ou «padrões decorativos» foram antes Imagens Simbólicas, inscritas nas armas e adereços da dinastia fundadora da Monarquia Francesa: os Merovíngios. Isto é, as referidas imagens já existiam no século V-VI, tendo depois, no século XII e seguintes, passado às Armas de Portugal:
Como...? Porquê...?
(clic na imagem para legenda)
Que hoje este assunto não interessa às Universidades Privadas, é «quase-demasiado» óbvio!
Assim, pergunta-se: não deveria o tema interessar, obrigatoriamente, ao Ensino Superior Público, que a Nação paga e o Estado tem que garantir?
~~~~~~~~~~~
*Note-se que, apesar dos termos empregues, dificilmente nós consideraremos o Ensino uma mera «Prestação de Serviços».
**Faltando depois definir o grau ou o nível de Conhecimentos, Cultura e Civilização, que se pretendem atingir: para o indivíduo e para a sociedade a que nos estamos a referir.
***Revejam, leiam em:
http://primaluce.blogs.sapo.pt/90534.html; http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/52937.html; http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/52671.html; http://primaluce.blogs.sapo.pt/14818.html; http://primaluce.blogs.sapo.pt/5733.html;
Post inspirado no tema da lição de Maria João Neto em 7.11.2013:
“As artes decorativas nos interiores do Palácio de Monserrate”.
Maria João Neto é autora - entre outros estudos - de:
Memória, Propaganda e Poder, O Restauro dos Monumentos Nacionais (1929-1960); FAUP, Porto 2001