Como tudo está ligado, e sempre esteve - é importante não o esquecer - um arquitecto ou um designer tem dificuldade em fazer escolhas. Hoje abrimos o catálogo da 2ª Exposição de design português realizada pelo INII em Março de 1973.
Escolhemos uma página da sensibilização que então foi feita para a importância do Landscape Design, por Júlio Moreira; um artigo que inicia na página 18. No desenho seguinte, retirado desse livro, estão já patentes as possíveis derivas, que hoje são uma certeza. Infelizmente, e essa é a nossa opinião, o Landscape Design (tal como todo o design - industrial, ambientes, arquitectónico) não conseguiu ou não pode, chegar a todas as áreas e a todos os territórios. Chegar para organizar, conservar e manter, por exemplo, os "habitats naturais", que, tantas vezes, fruto das políticas desenvolvimentistas, e, sobretudo, exploradoras dos recursos, estes foram devastadíssimos (e não repostos). Todos sabemos disso!
Nós próprios, durante anos ensinámos a disciplina de Higiene e Conforto, definindo, para que os alunos os conhecessem, e viessem depois a aplicar nos seus projectos, os principais parâmetros do conforto ambiental: passando pela definição das necessidades para os espaços interiores, de luminotecnia, acústica, ventilação e climatização. E passando, implicitamente (claro), pela cubicagem dos espaços - ou na prática, em edifícios escolares, por exemplo, a definição do nº de alunos por metro cúbico - assim como, as decorrentes necessidades de renovação do ar, caso houvesse excessos de ocupação, etc., etc.
Pois tal como na Natureza, sobre a qual muito se escreveu e ensinou, ou, até, particularmente, sobre o Ordenamento do Território em Portugal - da necessidade de não desertificar o interior - sobre tudo isto se ensinou nas universidades, as portuguesas incluídas, desde há bem mais de 30 anos. Porém, e como está patente, quase sempre (são raras as excepções), o lucro sobrepôs-se à lógica, às normas legais, ao bom senso, e às boas intenções: incluindo (pasme-se - quando hoje se quer dar tanta voz à investigação e às universidades!) as intenções mais ensinadas, nos próprios estabelecimentos e institutos de ensino superior.
Essas intenções, ou estão ainda bem escondidas, em recantos muito exíguos de algumas mentes e de algumas almas: é uma esperança! Ou, porque sempre se ouviu dizer "que de boas intenções está o inferno cheio", podemos deduzir para onde se terão mudado?!
Claro que, e continuando na metáfora, não nos parece nada, que esse seja o melhor lugar para encher de «boas intenções» (ou, de boas práticas): queremo-las ao nosso lado...
Relembre-se -----» este é «um escrito» de 1973
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Sobre «outros escritos» - os de J. Mattoso sobre o Escudo de Afonso Henriques - não os esquecemos, mas exigem uma análise atenta, para deles se poder retirar o que é muito interessante: o modo como o funcional serviu o simbólico. Mas, também se poderia dizer ao contrário: como o simbólico determinou, e deu forma, ao funcional. Aliás, foi isso que se passou no desenho da Catedral Gótica, e das chamadas Ogivas. E, Prima Luce (este blog), foi feito para fazer essa divulgação: para preparar, e ir dando sinais evidentes, de uma outra visão da História da Arquitectura. Uma visão que nos parece ser mais correcta, estando, em vários casos, apoiada pela Etimologia. E, portanto, em parte, já há muito «ancorada», de uma maneira quase natural, na mente de todos nós*. O Paradoxo, não é apenas aquilo que é surpreendente... O Paradoxo em Ciência é muito mais do que uma surpresa, ou uma contradição. Pois se é algo que surpreende, em nossa opinião, pode também exigir um enorme esforço, para uma «re-colocação das bases», com que fazemos os nossos raciocínios. Isto é, sobre as quais (bases) assenta o Pensamento.
A título de exemplo, note-se que é muito mais complicado do que mudar de casa: sobretudo, quando nesta ainda não sabemos dos novos locais, aonde estão as coisas de que constantemente precisamos?
É a teoria dos loci (locais) ou topoi (topos, a mesma palavra de tópicos e de topografia); enfim, é a Teoria da Memória explicada por Frances Yates.
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* Lembre-se Laurent Gervereau, e a frase, com que abre um livro: «Imagem» é uma palavra.