Saudades do futuro, mas também do passado. De muita coisa que pudemos fazer bem, porque tivemos condições para isso, tendo-as aproveitado ao máximo. Tentando sempre aprender mais, e consolidar a nossa formação, mesmo sem estar à procura de obter (atingir ou adquirir...) graus académicos. Por isso, quando há cerca de 10 anos foi preciso ir buscá-los, formalmente, o chamado «canudo», já estávamos preparados para muito mais. Talvez por isso, e de acordo com a Convenção de Bolonha actualmente detemos dois Mestrados (MD ou MA) em áreas diferentes. O que não deixa de ser uma imensa ironia, para alguém que sempre valorizou muito mais os factos: "o Ser", de facto, "o Saber-Fazer" (o "know-how"), e não apenas "o Ter"!
Num dia como o de hoje - em que muitos vão exprimir, através da Greve-geral, a sua indignação pelos direitos que lhes retiram; e como sobre todos nós pende uma péssima governação, de quem não sente, minimamente, a mudança dos ventos da história. De quem deixou que as economias chamadas emergentes - onde não há os mínimos direitos sociais - ficassem a par, e concorressem ao mesmo nível, com as economias estruturadas, há bem mais de um século. Naturalmente, num dia diferente como hoje, é impossível alhearmo-nos daquilo que nos rodeia. Seria impossível não notar, como as aparências, e o superficial - "l'écorce...", como escreveu no século XVIII Madame du Déffand, a propósito de Robert Walpole (sobrinho, e enviado inglês em Lisboa, que provavelmente era muito genuíno, e não de aparências) - têm estado à frente do estrutural.
Deveríamos talvez, ter consolidado a nossa sociedade usando a lição dos construtores medievais, que sabiam muito bem diferenciar o verdadeiro do falso; o superficial do estrutural*?
Hoje, num novo post (que será trabalhado), vamos deixar o resumo das investigações que dedicámos a Monserrate, numa versão em inglês.
É consequência da necessidade de divulgação que nos tem sido aconselhada, mas, já agora (talvez ironicamente...) também uma forma de, para todos aqueles que só valorizam o que vem de fora - ou escrito em inglês - poderem enfim entender os estudos que fizemos. Francamente, é uma «boa saloice», típica dos cuidadores de alfacinhas, que crescem ao redor de Lisboa!
E visto que todos usamos estrangeirismos, serve para aconselhar - a quem quiser conhecer bem o seu país, e a região onde vive - que leia de Orlando Ribeiro, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, e a origem da designação «saloio», que também veio de fora**. Do muito que temos podido fazer ao longo dos anos, ler esse livrinho, foi uma das coisas que nos deu gosto, e, consideramos ser essencial, para a Cultura Geral de qualquer português, independentemente da área profissional.
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*Por isso, se numa primeira fase usaram a mandorla, como elemento superficial esculpido na pedra, mais tarde, colocaram-na num Arco, e no suporte das superfícies superiores e de fecho, fazendo com que o significante «impregnasse», totalmente, o estrutural. Enfim, fundindo um no outro, como Vitrúvio explicara, e fazendo com que o decorativo fosse adequado: i. e., verdadeiro, e estrutural.
** Orlando Ribeiro, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, Editora Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1967, ver p. 60.