Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
08
Fev 25
publicado por primaluce, às 16:30link do post | comentar

TG é Thanks God, já que nos compete agradecer o muito que Monserrate nos deu.

Mesmo antes de vir a integrar - e ter sido uma das peças essenciais... - do que hoje se está a querer celebrar como «PH 30» 

 

Tivemos muitas sortes:

E a nossa percepção de que Monserrate era muito melhor do que em geral se pensava, foi uma dessas imensas sortes!

Por isso, agora quando se vêem estes festejos a que estão a chamar PH 30, temos que sorrir.

Sim, sorrir de complacência. Mas também a fazer-nos lembrar aquele provêrbio do - "Guardado está o bocado para quem o há-de comer ".

Felizmente nunca nos lambuzámos, mas temos aproveitado, quiçá como mais ninguém (?), «o fantástico bolo» que encontrámos. E dele tudo o que ainda não parámos de encontrar...

Depois, pelo que lemos, chegámos à conclusão que a obra dos arquitectos James Thomas Knowles, apesar de enfiada ou semi-escondida num espaço rústico português - i. e., não urbano, ainda não badalado, e rodeada de árvores como os quercus suber (anteriores aos arranjos paisagísticos de William Beckford, e aos dos jardineiros de Francis Cook) - é comparável aos melhores edifícios victorian, do centro de Londres. 

DSCN0562-b.jpg

E o nosso estudo feito para o IPPC, datado de 1988, tem (agora) imagens/fotografias que nunca mais se poderão repetir.

Os túmulos Etruscos da colecção de Francis Cook até tiveram uma enorme sorte. Pois foram parar ao Museu de Odrinhas...

Mas, o tecto da fotografia, no tempo que entretanto passou - e estávamos a ver passar sem que rapidamente se conseguisse acudir, para impedir a infiltração das águas pluviais. Esse tecto perdeu-se...

Embora o tenhamos fotografado:

Image0270-d.jpg

Era um trabalho admirável, muito bonito, do habilidosíssimo Domingos Meira. O Afifense, célebre estucador que nalguma bibliografia chega a ser referido como sendo arquitecto. 

A fotografia acima já a apresentámos em post muito anterior,  onde se escreveu sobre algumas das visitas, e as várias informações que em 2002 recolhemos em Viana do Castelo e Afife. 

Os estudos que tínhamos começado depois de um curso de pós-graduação no IST, foram evoluindo, e sucessivamente, «granjeando» e conduzindo-nos a novas informações. 

Sempre a acumular, e sem as deitarmos fora, foi na FLUL que demos o salto qualitativo. A ponto de hoje se perceber - nós percebemos e compreendemos - como alguma arquitectura italiana (de Veneza, Florença, Sienna...) está em trechos arquitectónicos do Palácio de Monserrate.

Como também está em excertos do Palácio da Pena, ou nos mais belos edificios da Londres Vitoriana. E ainda - last but not least (pelo menos para nós portugueses, que podemos compreender melhor esta evolução da arquitectura, que nasceu como sendo arquitectura religiosa) -, na maioria das pequenas Capelas Açorianas, que são conhecidas como Impérios do Espírito Santo.

Se os PH 30 são festejos para os mais jovens - jogos ou rally papers ? - e como anunciam "propostas repletas de aventuras e de mistérios"; tudo muito atraente e muito divertido, como obrigatoriamente tem que ser: um verdadeiro "must", da moda!

SE...?, para nós é bastante mais.

Para nós é fonte de conhecimento! É História da Arquitectura, a sério, que se (nos) vai revelando: aos poucos (e a partir de Monserrate, na prática desde 1987 !).

Lentamente, e deixando ver/compreender aquilo que, até agora, ainda não está nos livros de História! 

Será que os «PH 30» têm energias para isso? Pois seria muito mais útil...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Acrescentar no fim, que a força da designação - PH 30 - nos fez esquecer a palavra Sintra:

PH30 Parques de Sintra


04
Fev 25
publicado por primaluce, às 14:00link do post | comentar

OU...? Pergunta-se: será que ainda temos que arranjar mais tempo, agora para uma nova flânerie?

E flânerie, claro, no sentido de Otium Fecundum. 

 

Ou, também pode ser, de "otium cum dignitate" . Nesse caso com o sentido latino, original, de quem já tendo trabalhado muito - para uns e para outros... - quer, precisa de, descansar dos seus muitos negócios!

Merecendo entreter-se, no nosso caso (e é assim que queremos que seja), concretamente dedicada à Iconoteologia:

Isto é, aos que seriam os assuntos de um doutoramento (verdadeira ilha, porque «bloqueado» por todos os lados!).

Porém, há tarefas que vão aparecendo, e por vezes são necessárias, como é "o despejar gavetas"

As quais - segundo se pensa, e é normal... - também implicam depois, que se dê caminho aos achados (mais propriamente re-encontrados!)

Image0254-c.jpg

Alguém sabe de algum Museu do Brinquedo que queira este (e talvez alguns outros mais...)  "poupon en plastique" ...

O que está acima também dá pelo nome de "Petit Poucet". A designação que aparece no que devem ser (supõe-se?), colecções de brinquedos antigos.


29
Jan 25
publicado por primaluce, às 15:30link do post | comentar

A DAR CONTINUIDADE AO POST ANTERIOR (ou a muitos outros..., já com anos!)

 

Sim (acima) é ainda o título, e o que seria o tema do nosso doutoramento.

Seria feito como se pode ver no documento seguinte (*) na FBAUL, a partir da primavera-verão de 2006.

Aceitação_FBAUL-blog-4.jpg(AMPLIAR)

Se, «quis o destino» (**) que tal não se concretizasse?, aconteceu no entanto que, thanks God, não foi esse mesmo destino que nos impediu de estudar e investigar!

Já que a nossa curiosidade era imensa..., (e portanto muito material ficou para aqui ir publicando.

Ou seja, estudar, investigar e aprofundar as mesmíssimas ideias - mas para ir mais longe - do que já tínhamos deixado  bastante «bem plantadas» nos estudos de um inesperado mestrado. Feito na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Trabalho que, entretanto - i. e., desde 2005 até 2007-8 - estivemos a organizar para publicação. O que veio a concretizar-se em Fev. de 2008, com Rogério Mendes de Moura, e a sua prestigiada editora - a Livros Horizonte.

Da contra-capa e das badanas interiores desse livro, retiram-se agora textos, com as principais ideias, e como as víamos em 2007:

Ficam assim textos alusivos quer ao que se tinha feito (ampliar- a 1ª imagem seguinte), 

quer àquilo que se pretendia vir a fazer (ler - 2ª imagem)

LIVRO-MONSERRATE-BADANA-3.jpg

Em próximos posts do Facebook, incluindo no da BienFaire Et LaisserDire, assim como nos nossos blogs, vamos continuar a publicar materiais que a Universidade de Lisboa (e os seus Professores Doutores) não quis apoiar, por não ver nos mesmos qualquer interesse científico.

Pela nossa parte, e estando nos antípodas dessa visão, continuaremos a fazer como a Bien Faire: 

Completamente desinteressados pelo que digam...  

~~~~~~~~~~~~~~

(*) Com estrelas taparam-se alguns dados mais privados 

(**) Aqui o destino são também os que foram «destinados» a ser desonestos. Os que, quando pelas suas vidas passou algo mais desafiante - que implicava estrutura e integridade profissional -. não souberam ser íntegros ... 


02
Jan 25
publicado por primaluce, às 13:00link do post | comentar

No século XVIII os ingleses insulares precisavam de conhecer o mundo...

 

E foi assim que inventaram o "Grand Tour". Foram os primeiros turistas. Especialmente, claro, os mais jovens, das famílias mais abonadas. Com destaque para os nobres, e os que estavam mais perto do Poder.

Muitas «dessas aventuras» estão hoje, praticamente, desconhecidas. Embora sejam importantíssimas para a História Cultural do Mundo. E particularmente, sem dúvida, para a da Europa!

É neste contexto que se percebe que a Embaixada de Itália se esforce por divulgar a exposição que está na F C Gulbenkian.

ambasciata-monserrate.jpg

(ampliar para ler)

Assim como a nós, também nos apraz divulgar o trabalho que fizemos sobre Monserrate.

O qual, embora tenha tomada a direcção que a nossa orientadora dos estudos - em Arte Património e Restauro - entendeu dever ser-lhes imprimida; na verdade, e apesar dessa direcção «imposta» - para uma exploração de As Origens do Gótico - o cerne da questão era/foi essencialmente o Palácio de Sintra.

Projectado para Francis Cook pelos arquitectos James Thomas Knowles (pai e filho).

Projecto cuja qualidade sintagmática - um assunto que é de Semiótica (muito querida de Umberto Eco, e essencial na aprendizagem dos arquitectos) - foi imensa. Já que os referidos arquitectos ingleses, de uma mestria absolutamente admirável, conseguiram misturar, combinando harmoniosamente, inúmeros estilos. Quer de tempos diferentes, quer de geografias bem distantes

Sobre a base que é, pelo exterior, predominantemente italiana - com influência clara vinda do Palácio dos Doges (de Veneza) - conseguiram realizar «um misto», bastante eclético. Que é em simultâneo muito inglês (georgian), árabe e indiano:

Naquilo que profissionalmente nos habituámos a designar Design de Ambientes Interiores.


30
Dez 24
publicado por primaluce, às 20:10link do post | comentar

Professores que decidem a universalidade do seu Saber, cuja - e agora dando os nomes certos aos bois - essa universalidade do conhecimento (deles), é a verdadeira e mais completa das ignorâncias (*)

 

Como os leitores dos nossos posts podem ler, ou também pela leitura do livro dedicado Monserrate, estamos desde 2004 a defender a importância de imagens e de grafismos para exprimir ideias.

E como esses primeiros grafismos, de certo modo esquemáticos (para fazerem a tradução de uma ou várias ideias), foram ordenados/organizados visualmente, tornando-os «simpáticos para os olhos». Ganharam assim um estatuto. e qualidades visuais, que, enquanto esquemas não tinham.

Tornados portanto um pouco mais agradáveis à vista, passaram a ser considerados convenientes, e adaptados às linguagens visuais da arte. Ou seja, decorosos: i. e., os verdadeiros elementos de décor, ou os comummente designados motivos ornamentais.

De entre esses esquemas visuais percebemos como uma afirmação da teologia cristã - a do Filioque (contraposta ao Perfilium) - esteve na origem da Arquitectura Gótica (**).

A imagem seguinte do nosso caderno do 6º ou 7º ano do liceu (?), de quando na disciplina de Filosofia aprendemos lógica - apenas com 16  ou 17 anos - evidencia a importância do uso dos círculos para se construirem figuras tradutoras de ideias. Leiam (ampliar para ler).

Image0219-circulos.jpg

Porém, mais de 30 anos depois (com a velha a fazer de aluna) - e é a imagem abaixo - foi preciso explicar à orientadora dos nossos estudos na FLUL (à Professora Doutora Maria João Neto - aqui autora dos rabiscos seguintes) como tão frequentemente a imagem fora usada para ajudar a explicar as ideias mais difíceis

(ampliar para ler)

E ainda agora, quando toda esta questão vem ao de cima - porque estando simplesmente a arrumar nos apareceu o caderno de Filosofia de 1966/67. Quando vemos estes esquemas em círculos, como são as figurae de Joaquim de Flora, e tudo o que destes círculos passou a estar integrado nas obras de arte - seja Pintura, Escultura, Arquitectura; Vitrais ou Ourivesaria.

Portanto ainda agora nos perguntamos:

Será que de 2012 para cá alguma coisa melhorou? 

Será que há esperança, que em 2025 se recuperem estes temas? E estas nossas trouvailles essenciais para a História da Arte poder avançar? Ou é para ir para lixo, tão breve quanto possível, logo que nos formos deste mundo? 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) De que deviam ter vergonha e publicamente pedirem desculpa

(**) Resumida nos dois esquemas seguintes, como defendemos desde 2002:

A fig. 1 representa o Filioque - que deu origem ao Arco Gótico, e a fig. 2 representa o Perfilium - que esteve na origem do Arco Ultrapassado dos Visigodos: os que tendo sido vistos como hereges, foram depois chamados Moçárabes, e assim ficaram conhecidos.

POST-15.102024-FILIOQUE-&-PERFILIUM.jpg

Para ampliar abrir noutro separador, ou ler o que era um desejo de Aby Warburg, para o melhor conhecimento da Arte!

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Acrescentando notícias recentes da Artis/IHA da FLUL a que entretanto tivemos acesso

artis-meu-comentário.jpg

(abrir em novo separador)


29
Dez 24
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

Num presépio POP-UP feito há anos (*), tentámos reunir as duas imagens que são mais conhecidas, e de certa maneira, na actualidade, simbolizam o Natal

 

Referimo-nos à Árvore de Natal e ao Presépio, que como se pode ver neste post desde que o criámos  - sem quaisquer limitações (já que nos pertence a autoria) -, temos mudado, mexido e remexido: para introduzir as variantes que tem apetecido experimentar...

17867432_6KZQq-presépioPOPUP-h.jpg

(aqui o original com instruções para cortar e montar)

 

Entretanto vemos que a National Geographic, há anos, explicou a origem pagã e depois luterana/protestante da árvore de natal.

Em Portugal, como é sabido, foi D. Fernando II - primo de Alberto, marido da rainha Vitória - também o responsável pela introdução do Pinheiro de Natal: 

Contribuindo assim para a aproximação entre as imagens mais características do Natal da Europa do Norte, e as da Europa do Sul 

É um artigo que vale a pena ler e guardar

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Ver post de 2014


22
Dez 24
publicado por primaluce, às 21:00link do post | comentar

Sim, do século passado

IMG_20241220_142056-b.jpg

De quando havia paciência e tempo, para em papel de cenário pintar fundos para o presépio e árvore de natal. Este terá sido o último.

Mas feito muito antes de termos percebido que o design arquitectónico dos vãos tinha estado relacionado com a Teologia, e a ideia de um Deus de Luz. 

Como o prova a arquitectura gótica, em cada um dos seus detalhes, com maior destaque para os elementos - como grelhas e vãos - que são atravessados pela luz (que é Deus).

De acordo com as lógicas dessa época

 

No segundo caso ressalta para nós a ideia de um trabalho feito com o aerógrafo - muito provavelmente!

Dizemo-lo porque já nem nos lembrávamos, ... tendo sido uma surpresa o re-encontrar destes desenhos

IMG_20241220_142352-b.jpg

Por fim, a grande árvore!

Desta, talvez por ter sido a primeira vez que fizemos este tipo de trabalho, sim ficou na memória e há fotografias in situ  

IMG_20241220_142225-b.jpg

Mais recentemente passámos aos presépios POP-UP

como este é exemplo


08
Dez 24
publicado por primaluce, às 20:30link do post | comentar

... e a sua gratidão.

 

Hoje, em 1920, há 104 anos foi baptizada na igreja de S. Lourenço, em Portalegre, e por isso achava que este era o seu dia.

Desde então, é a primeira vez em que não está cá, num dia 8 de Dezembro.

Viveu-os, desde 1948, como sendo o dia da Mãe e não aceitando nenhum outro...

Se a sua religiosidade sempre me espantou - talvez porque «nela não havia beatices» ...? -, mas sim uma fé firme, e um positivismo  algures entre S. Tomás de Aquino, e as suas provas cientificas da existência de Deus. Ou, nesse meio termo, apoiada também em ideias e imagens completamente platónicas, descrevendo a Trindade como 3 velas acesas, cuja chama era só uma.  

Dessa maneira, cada vez mais sua e já independente de quem (e como) a tinha ensinado, tentava instilar nos que a rodeavam aquilo em que sempre acreditou.

Na verdade, nos últimos anos, e sobretudo nos últimos meses, com maiores dificuldades de saúde, a tal religiosidade passou a gratidão. Essa tornou-se a sua palavra-chave (e postura). 

Assim, os «ralhetes e raspanetes» que tinham sido durante decadas uma espécie de prova de vida; ou sinal de vivacidade e de saúde mental non stop, de quem diz ainda aqui estou. Cada vez mais perto do fim deram lugar - como síntese e resumo de tudo (pela vida que teve...) -, a um permanente agradecimento.

Image0200-b.jpg

Image0198-b.jpg

Se seguirmos o mesmo caminho? Se conseguirmos .... nada mau!

Gracias a la vida 


18
Nov 24
publicado por primaluce, às 19:30link do post | comentar

Supõe-se!

E a estória de hoje (que depois se torna História) pode ser contada assim:

 

Algures entre Novembro de 2001 e Março de 2002 a minha mãe pôs-me à frente o desenho seguinte. Com uma recomendação:

Restaura e põe-o numa moldura ! (*)

IMG_20241118_120506-c.jpg

(ampliar)

Acontecia que, nessa altura estávamos mais uma vez a estudar Monserrate; desta vez bem instruída, tinham-nos dito: "Você só pode perceber Monserrate, se perceber as Origens do Gótico !"

E - disseram também - "porque no Romanesque ... assim, assim e assim; mais etc., etc., e etc... os Círculos Entrelaçados... etc. etc, etc.", como a imagem abaixo mostra (e com ela a respectiva legenda), estiveram na Origem do Gótico.

Só que, e já agora informa-se ainda, que com ela (a referida legenda) não concordamos, integralmente.

Pois sabemos que a "arcada cega" (ler a seguir) foi posta na construção como se fosse um "lettering". Com o objectivo de traduzir visualmente (como num esquema que qualquer um de nós desenha) uma ideia teológica: a que está contida na definição, que foi dogmática, e que é conhecida como Filioque.

[O que é toda uma outra história, ainda mais difícil de compreender, e que portanto, agora aqui, não vai ser avançada]

Image0192-d.jpg

O excerto acima vem de: How to read buildings. A crash course in architecture, por Carol Davidson Gragoe, Herbert Press, London 2017.

Seguindo-se (abaixo) a fachada de Monserrate, na qual tínhamos passado a ver - depois do briefing da nossa orientadora (em Dez. de 2001) - os ditos círculos entrelaçados, que estiveram na base da composição geométrica.

(ampliar)

[é uma Imagem já empregue noutros posts nossos, e em que se tem contado aquilo que, inesperadamente, nos veio a acontecer. Como por exemplo podem ler neste post de primaluce. de agosto de 2015  , ou neste outro de iconoteologia de uns anos antes, como se tem vindo a contar].

Mas enfim, e repetindo, é toda uma história muito longa, a dos Círculos Entrelaçados na fachada do Palácio de Monserrate (**). E é agora - hoje - apenas o tronco principal de uma história muito mais curta.

O facto de haver muitas Garagens que são também uma espécie de «Sótão da Avó» - cheias de tesouros, e de lixo - com tudo à mistura!

A fazer lembrar o Sub-Consciente, o Inconsciente e também a Psicanálise. Aliás, óptimas metáforas para aquilo que, ao longo dos anos, se quer ter, e pôr, bem longe da vista (***)

Ou seja, um sítio em que, como acontece neste exemplo, nem a própria avó (ou a mãe, ou a tia, ou nós...!) sabia das potencialidades do desenho, que um dia alguém lá encafuou, e que décadas depois, finalmente, houve um outro dia em que foi descoberto.

E embora descoberto (ou encontrado) com apenas algumas, poucas folhas soltas, ele integrou um fascículo de Quadros Históricos de Portugal. Da autoria de António Feliciano de Castilho, editado pela Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis. Lisboa 1838. 

O que, para quem como nós em 2001 andava bastante intrigada «com a conversa da orientadora» - e já tinha percebido que Círculos Entrelaçados existem em profusão, desde que se saibam ler (tal e qual como está no título do livro How to read buildings). Portanto, desde então e com o aparecimento desse desenho relativo aos Monumentos sepulcraes de Egas Moniz e seus Filhos, para nós, o dito achado fortuito veio a tornar-se a verdadeira Pedra de Roseta.

Ou, retomando o nome da Sociedade Tipográfica que em 1838 imprimiu o referido desenho, em boa verdade «a nossa Pedra de Roseta» mostra/prova como os Sótãos das Avós e as Garagens das Mães, podem ser espaços repletos de Conhecimentos Úteis.

Dos quais - a haver alguma inteligência...? - não queremos prescindir: pois são como Pepitas de Ouro!

~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Mas, o triste mesmo desta estória, é que o objecto fantástico (encontrado numa arca na garagem), e portador de noticias antiquíssimas, ainda agora continua no mesmo estado. Ou pior ?! Já que estes materiais quando entram em ruína é sempre a acelerar ...

(**) Círculos que passámos a encontrar em toda a parte, só que nunca ninguém os tinha visto, e menos ainda entendido...

(***) Como aliás todos fazemos com aquilo que é (depois) o inconsciente. Tira-se da frente e tira-se da vista, porque agora não interessa nada! Há sempre outros temas e outros assuntos prioritários.


14
Nov 24
publicado por primaluce, às 16:30link do post | comentar

... dedicado às teorias da conspiração:

As muitas que têm sido criadas à volta da sua curiosidade - que era, como se supõe - completamente genuína!

Image0185.JPG

Mas, dir-se-ia - inesperadamente, ou talvez não...? - do génio biografado, também o biógrafo (Carlo Vecce) mostra alguma distância. Na verdade, parece-nos, é mesmo incompreensão. E por isso a terceira parte do livro é englobada na designação de "o Errante".

Embora, mais acertado, fosse talvez tê-lo considerado como "o Incompreendido" (*) : 

 

"... e por muitas folhas do Codex Atlanticus, do Codex Arundel e do Codex Windsor; com a ansiedade crescente de quem sente que o seu dia terreno está a chegar ao fim, com o tempo a esgotar-se e nunca o suficiente para completar tantas obras inacabadas.

Em Castel Sant'Angelo, realiza experiências de acústica, pensando num tratado De Voce. Em Monte Mario encontra um pequeno depósito de fósseis marinhos, os chamados «nicchi», que confirma as suas teorias sobre as transformações da terra na longa perspetiva das idades geológicas. Nos jardins do Vati­cano existe uma enorme quantidade de gatos vadios, senho­res indiscutíveis de Roma e das suas ruínas: Leonardo pôs-se a persegui-los, em vez dos lagartos, retratou-os em todas as suas contorções, o que o inspirou a escrever um livro sobre os movimentos dos animais, e por vezes, quando os via a lutar, imaginava-os como ferozes feras semelhantes a leões.

Devendo reparar-se, já a seguir, como aproveita as observações dos astros e da lua, para referir as "lunulae". Formas que já conhecemos relativamente bem (tanto como Leonardo não sei?), e a que estamos a chamar Ideogramas (a algumas delas) desde 2004:

A partir de finais de 1513, no terraço de Belvedere, retoma as observações astronómicas, nomeadamente da Lua, com um instrumento ótico semelhante a um protótipo de telescópio: «faz óculos para ver a lua grande».

Leonardo preencheu dezenas e dezenas de folhas com desenhos e diagramas de lúnulas, muitas vezes intitulados De Ludo Geometrico, e relacionados com a sua investigação sobre as relações e transformações de figuras geométricas inspi­radas em textos de Arquimedes como De Quadratura Circuli ou De Sphaera et Cylindro."

(da página 572)

Por fim, há que o registar, foi uma imensa sorte, esta nossa agora.

Como nas 702 pp que o livro tem, tão depressa se ter encontrado aquilo que mais nos entusiasma na obra de Leonardo da Vinci. E de que já escrevemos alguns posts como aqui se pode confirmar. Ou ainda em Iconoteologia, já que essas lúnulas, muitas delas, apesar de consideradas formas abstractas, são verdadeiros ícones teológicos

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

(*) Incompreensão do autor relativamente ao muito maior alcance (ou à verdadeira dimensão) dos conhecimentos de Leonardo. Devendo questionar-se, ou formular esta pergunta que logo nos ocorre: Alguém lhe transmitiu (a Leonardo) informações concretas e especificas sobre os significados e aplicabilidade das referidas lúnulas na arte e na arquitectura? Formas usadas como décor, ou as mais convenientes, e as mais apropriadas para alguns discursos que a obra de Arte, na realidade é?

Ou Leonardo foi deduzindo e chegando a essas «formas polissémicas», de um modo lúdico: a brincar com a geometria, como tantas vezes temos percebido que é possível acontecer? E por isso lhes chamou, como consta no texto que citamos De Ludo Geometrico?


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