Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
17
Jan 24
publicado por primaluce, às 13:30link do post | comentar

Ontem foi um dia cheio de provas

Ou seja, de provas das nossas ideias e teorias. As mesmas que a Universidade de Lisboa, pela mão de professores catedráticos e orientadores (no mínimo pessoas sem carácter, e inqualificáveis cientificamente...), entendeu deitar fora.

 

Essas provas começaram num post da M Lourdes RB, com uma pintura de Vermeer.

Da nossa parte havia disponibilidade de tempo, e mental, portanto apropriámo-nos dela, e fomos evoluindo; como ficou registado neste post.

E assim ficou (guardado, por algum tempo) material para uma posterior continuação, de explorações e investigações visuais (geométricas), a desenvolver.

Mais tarde, apareceu, também no FB, um outro post sobre Arcas e Baús.

Interessante, ou super-curioso, ver o encadeamento de fotografias. Para uma sequência de leitura (criada pelo acaso, ou não?), que assim nos fez lembrar a associação, incontornável (inevitável para nós), entre arcas - objectos de mobiliário doméstico -, e os «edifícios edificados».

Em que estes, em escalas muito maiores, obrigam/obrigaram, como se percebe, a uma tectónica bastante mais exigente, embora partissem do mesmo modelo: vindo do Livro do Génesis.

Talvez que a fotografia da igreja, fosse apenas para localizar uma cidade ou o país, onde mais um baú foi adquirido, para a colecção de Joaquim de Azevedo? Só que, de impulso, logo escrevi o que sabemos que aconteceu:

"Óptimo exemplo. A igreja romano-gótica provém - como se percebe quando se lêem - dos textos de Hugues de Saint-Victor (que viveu nos séculos XI-XII) conhecidos por De archa Noe.

Na igreja de Fátima em Lisboa, na parede onde está o arco que abre para a capela-mor, é mencionada a arca/barca salvífica. Portanto arcas e baús são peças, como diz a etimologia, arcaicas, mas ainda, também, a génese de muitas igrejas e catedrais."

FB-PauloMorais-2.jpg ampliar

E na legenda acima, falta lembrar Philibert De L'Orme **, que em França, deu ainda muito mais força, à ideia da Arca-Barca, como sendo uma tipologia de edificação.

O modelo que seria o mais indicado, ou o obrigatório?, para as edificações domésticas de reis e de nobres, e não apenas para os espaços religiosos. 

 

imagens superiores: vinda daquivindo daqui

 

Onde, para este último caso, retomando informações essenciais, se escreveu, sobre o tecto (e a consequente configuração arquitectónica do espaço): 

"Vindo dos De archa Noe, de Hugues de Saint-Victor. Assunto para se estudar no dia de S. Nunca; ou de preferência, quando no ensino como na administração pública os professores (catedráticos) deixarem de arrastar os pés, com medo de decidirem..."

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* A expressão é óptima e vem de um socialista. Que ainda bem que o reconhece. Não é o socialismo que cria riqueza. Pelo contrário, os seus agentes na administração pública tendem a destruir e a limitar toda a riqueza. Por inveja e demérito, completamente abusivo,  a universidade (cujos agentes são os professores) por si mesmos, e à revelia de instituições como a FCT, decidem anular, valores imateriais - que são fragilíssimos - logo à nascença... Como é aliás muito normal. [Sempre que escrevemos sobre este assunto, há também um lado cómico e anedótico que vem ao de cima... Que aliás, pode ser muito mais explorado. Sendo que, à medida que vamos evoluindo, e percebendo que estamos perante uma enorme quantidade de evidências, é também cada vez mais risível, e ridículo)

** O nome do arquitecto francês - originalmente Philibert De L'Orme - pode estar nos nossos posts, com diferentes grafias; como aliás muitos têm feito, nem sempre adoptando a mesma. Mas já escrevemos vários posts sobre ele. Se quiserem ler é procurar (ou perguntar)


04
Jun 21
publicado por primaluce, às 23:00link do post | comentar

Um dia aparece...

 

Claro que é admirável alguém como José Gomes Ferreira sair das suas tamanquinhas em prol do país. Como está anunciado,  mas é verdade, nós ainda não chegámos ao livro

De qualquer modo, não temos pressa, já que sabemos, como o tempo vai sempre fazendo o seu papel. Uns e outros hão-de dar notícias.

E a este propósito lembra-se como - no ano passado já o fizemos  - ao descobrir o fake (mais do que deliberado) que existe na National Gallery.

Aqui fica a imagem (que podem ampliar noutro separador):

E mais acima, no link, obtêm outros que lhe estão associados (ver também em Iconoteologia). E assim têm muito para se entreterem, bom fim de semana!


02
Jun 21
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Este presente de Vítor Serrão é para não esquecer, por isso aqui fica

 

Dele quero sublinhar aquilo que não tem outro nome...

AH! Mas, vendo bem, até tem. Em vez da INVEJA, «vejamos» que pode ser designada por invídia.

É o ver de lado, o não conseguir posicionar-se de frente para o que se quer ver, e portanto a visão fica escorça, distorcida, oblíqua.

Os arquitectos fazem rebatimentos para ver em verdadeira grandeza. Os historiadores usam e abusam da perspectiva. 

E até dizem que é simbólica, à maneira de E. Panofsky...

É pena, mas quando queremos ver bem (se de facto o queremos?), o corpo, o pescoço, os olhos rodam, para que as imagens tenham foco na retina, i. e., bem no centro da fóvea.

Voltamos ao título, e ao que a oferta de Vítor Serrão, postada na nossa página de FB disfarça muito mal, ou mesmo nada. PATENTEIA:

trabalhoÁrduo.jpg

A ideia certíssima de que as mulheres têm que ser as mais trabalhadoras: "trabalho árduo a fim de merecer..."  

Já sabemos: que os homens com menos 38% - como está nas estatísticas -, têm o mesmo... Onde está a novidade?

Infelizmente, não só para mim, vimos praticar isto ao vivo. E ouvimos até palavras maviosas como aqui se guardam


15
Mai 21
publicado por primaluce, às 18:30link do post | comentar

Seja na Ciência, ou seja na Arte, o que, felizmente, nós não sentimos acontecer na área da Arquitectura:

Uma área pluridisciplinar em que - é forçoso (ser assim) - se é treinado para a criatividade. 

Se temos chamado Frei Tomás a Vítor Serrão, hoje preferimos fazer outras analogias, concretamente com histórias infantis:

Primeiro porque queremos acabar este post com um texto de G. K. Chesterton sobre São Tomás de Aquino e o seu aristotelismo.

Depois, porque na verdade é como se fora um conto infantil, esta história de pôr a "raposinha-pilha-galinhas", a tomar conta da capoeira.

Essa guarda ficará pouco bem entregue, parece-nos (?), mas é uma ideia nossa... e quem somos nós?

Sinceramente, nunca pensei (desde 2002-2005-2008) que um dia iria ter coragem para isto que agora estou a fazer. 

É que há stress, há o coração acelerado, mas enfim, vem depois uma certa acalmia, a sensação de ter feito o correcto e aquilo que devia. Bom mesmo seria não ter que fazer nada, e poder estar grata. Inclusive e sobretudo grata a Vítor Serrão (como está nos agradecimentos do trabalho publicado); mas o sentimento é, tem que ser, muito ambíguo. E nesta data, ou neste instante, há que não desistir.

Não se trata de vingança, de todo, embora obrigue a ter, e a gastar, uma grande dose de energia. Obriga-nos a conseguir ultrapassar uma qualquer coisa que é difícil de definir: talvez semelhante à timidez? Enfim, é o tomar a palavra, é o conseguir exprimir a imensa incorrecção (alheia), e é principalmente o não ficar calada.

Quanto ao que parece "um lavar de roupa suja" - veja-se que a terminologia não é nossa, nem fomos nós que varremos para baixo do tapete. Embora continuemos a questionar, como é possível, que alguém que tem um CV invejável, supostamente (*2), não ter pensado que barrar/impedir uma investigação - cujos sinais exploratórios já eram então demasiado promissores e óbvios; como é possível esse alguém não ter pensado, previamente, que um dia, no futuro, lhe iria assentar demasiado mal todo esse comportamento? 

Tudo o que eles «barraram» - Vitor Serrão, Fernando António Baptista Pereira, e Maria João Baptista Neto (*3) - depois de 2005, e apesar das nossas imensas dificuldades para conseguir escrever - na verdade, tudo isso não pára de se confirmar. Já que também, pela nossa parte, conseguimos não parar de investigar.

Consequentemente, continuámos sempre a consolidar, e a ampliar as nossas ideias iniciais.  

Se há muito tempo que passámos a ter certezas, o que vamos continuar a fazer - dentro das nossas possibilidades - é a falar de uma Nova História da Arte. Como aliás já ficou esboçado no título do estudo dedicado a Monserrate.

Uma História da Arte, em que os estilos - começando no Românico, Gótico e muitos dos detalhes mais característicos do estilo Barroco  - nasceram em Ideogramas criados na Antiguidade Tardia (cristã) e na Idade Média.

E sobre estes ideogramas, a que vários autores chamam simplesmente Diagramas, um dos textos mais explícitos que conheço - depois dos de Patrice Sicard (a que a bibliografia que Maria João Neto me proporcionou, deu acesso directo...) - é o seguinte. Sem dúvida um texto bastante difícil, mas também interessantíssimo, e a merecer ser lido e relido com toda a atenção, para melhor o entendermos. Vem de G. K. Chesterton e do seu S. Tomás de Aquino, cuja capa está acima (ver pp. 88- 90, Aletheia Editores, Lisboa Setembro de 2012).

Antes de lerem o excerto que se escolheu, lembramos que Gilbert Keith Chesterton viveu entre 1874-1936. Portanto algumas passagens poderão parecer algo estranhas. Embora outras - como são as referências aos diagramas abstractos, e estes em contraposição à verdade intensa que perpassa de muitas imagens do cristianismo - i. e., de imagens não abstractas, e portanto muitas vezes dolorosas, porque são narrativas da Incarnação e da vida de Cristo. Claro que essas outras passagens, nos dizem muito, estando exactamente neste ponto (concretamente no diálogo entre imagens abstractas e imagens naturalistas), aquilo que contestamos, no comportamento de Vítor Serrão (*4)

Ou seja, no facto de não ter aceite que se prosseguisse uma investigação relativa às Origens do Gótico, e a tudo o que nesse estilo - como nos outros -, provém de geometrismos que, desde há séculos, eram significantes:

À semelhança de uma língua: não alfabética, mas ideogramática.

Mas passemos agora ao que G.K. Chesterton explica, e à vontade que S. Tomás terá tido, de tornar a Arte mais naturalista, retirando-lhe os elementos platónicos, de origem gráfica, ou caligráfica (*5):

"O que tornou a revolução aristotélica profundamente revolucionária foi o facto de ser religiosa. É ponto tão fundamental, que julguei conveniente apresentá-lo nas primeiras páginas deste livro: que a revolta foi em grande parte uma revolta dos elementos mais cristãos da cristandade. São Tomás, exactamente como São Francisco, sentiu no subconsciente que a massa da sua gente ia deixando a sólida doutrina e disciplina católica, gasta lentamente por mais de mil anos de rotina, e que a fé precisava de ser apresentada a uma nova luz e encarada por um ângulo diferente. Não tinha outro motivo senão o de desejar torná-la popular para a salvação do povo. Dum modo geral, é verdade que durante algum tempo ela fora demasiado platónica para ser popular. Precisava de algo como o toque sagaz e familiar de Aristóteles, para a transformar de novo em religião de senso comum. Quer o motivo, quer o método se manifestam na controvérsia de Tomás de Aquino com os agostinianos.

Primeiro devemos recordar que a influência grega continuou a fazer-se sentir, desde o império grego, ou, pelo menos, desde o centro do império romano que estava na cidade grega de Bizâncio e já não em Roma. Essa influência era bizantina em todos os sentidos, no bom e no mau. Como a arte bizantina, era severa, matemática e um pouco terrível; como a etiqueta bizantina, era oriental e levemente decadente. Devemos ao saber do Sr. Christopher Dawson muita luz sobre o modo como Bizâncio lentamente se cristalizou numa espécie de teocracia asiática, mais semelhante à do sagrado imperador na China. Mas até as pessoas incultas podem ver a diferença no modo como o cristianismo oriental simplificava tudo, do mesmo modo que reduzia as imagens a ícones que melhor se poderiam chamar figurinos do que verdadeiros quadros com variedade e arte; e isso fez uma guerra decidida e destrutiva às estátuas.

Assim vemos esta coisa estranha, que o Oriente era a terra da cruz e o Ocidente a terra do crucifixo. Os gregos estavam a ser desumanizados por um símbolo radiante, ao passo que os godos iam sendo humanizados por um instrumento de tortura. Só o Ocidente fez quadros realistas da maior de todas as histórias originárias do Oriente.

Eis porque o elemento grego na teologia cristã tendeu cada vez mais para se converter numa espécie de platonismo seco, uma coisa de diagramas e de abstracções, todas elas muitíssimo nobres, sem dúvida, mas que não eram suficientemente tocadas por essa coisa imensa que, por definição, é quase o contrário das abstracções: a Incarnação. O seu Logos era o Verbo, mas não o Verbo feito carne. Por vias muito subtis, muitas vezes escapando à definição doutrinal, este espírito espalhou-se pelo mundo da cristandade, a partir do lugar onde o sagrado imperador se sentava debaixo de mosaicos dourados; e a civilização do império romano nivelou-se numa degradação moral, que preparou uma espécie de caminho suave para Maomé. Porque o islão foi a realização final dos iconoclastas. Todavia, muito antes disso, já havia esta tendência para tornar a cruz meramente decorativa como o crescente, transformá-la num símbolo como a chave grega ou a roda de Buda. Mas há algo de passivo num tal mundo de símbolos; a chave grega não abre porta nenhuma, enquanto a roda de Buda gira sempre e nunca avança.

Em parte devido a estas influências negativas, em parte devido a um ascetismo necessário e nobre, que buscava rivalizar com o padrão tremendo dos mártires, as primitivas idades cristãs haviam sido excessivamente anticorpóreas e demasiado próximas da linha perigosa do misticismo maniqueu. Havia, porém, muito menos perigo em os santos macerarem o corpo do que em os sábios o desprezarem. Admitida toda a grandeza da contribuição de Agostinho para o cristianismo, havia, de certo modo, perigo mais subtil no Agostinho platónico do que no Agostinho maniqueu. Dela proveio uma mentalidade que, inconscientemente, levou à heresia de dividir a substância da Trindade. Pensava que Deus era, de modo demasiado exclusivo, um Espírito que purifica ou um Salvador que redime, e muito pouco um Criador que cria. Eis porque homens como Tomás de Aquino entendiam dever corrigir Platão pelo recurso a Aristóteles, ele que considerou as coisas como as encontrou, exactamente como Tomás de Aquino as aceitou conforme Deus as fez. Em toda a obra de São Tomás, o mundo de criação positiva está perpetuamente presente. Humanamente falando, foi ele quem salvou o elemento humano na teologia cristã, embora utilizasse, por conveniência, certos elementos da filosofia pagã. Mas, como já se disse, o elemento humano é também cristão.

O pânico pelo perigo aristotélico, que passara pelos elevados postos da Igreja, foi provavelmente um vento seco do deserto. Na realidade, vinha mais carregado do medo de Maomé do que de Aristóteles, o que não deixa de ter a sua ironia, porque na verdade há muito mais dificuldade em reconciliar Aristóteles com Maomé do que em reconciliá-lo com Cristo.

Enfim, para nós, e estamos a insistir, a arte, principalmente a arquitectura medieval, e os chamados estilos históricos, nasceram dessa "... coisa de diagramas e de abstracções..." platónicas, que Vítor Serrão insiste em continuar a não ver. Em afastar, em barrar e em dificultar a investigação... Porquê?

Quando todos nós sabemos que as ideias, e o material científico, é, tantas vezes, de uma imensa fragilidade.

Porquê? Quando tudo o que se encontrou foi por mero acaso...?

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(*1) É o titulo mais apropriado para responder de forma clara e abrangente. E se acima partilhamos o post de Vítor Serrão é para que se veja que não desistimos

(*2) Porque o é, e talvez muito?, ainda por cima alicerçado no imenso trabalho já desenvolvido pelo seu pai - Veríssimo Serrão. O que nada tem de errado, lembrando-nos por exemplo Oleg Grabar, que deu continuidade a uma certa «linha de investigação» que já vinha do seu pai - André Grabar. 

(*3) Embora continue a achar que a orientadora dos nossos estudos - Maria João Baptista Neto (a quem devo o desenvolvimento e o imenso interesse que lhes conferiu, logo no começo, em Nov. de 2001) - também ela, talvez?, continuamos nós a achar, terá sido igualmente vítima... Mas se sim ou não (?), em definitivo, não sei. O que sei, é que com outras ajudas (concretamente do SPGL) outras lutas, que nos pareciam bem mais difíceis do que esta, em boa parte, já se  resolveram.

(*4) É verdade que Vítor Serrão, no contacto próximo é sempre extremamente correcto e se desfaz em atenções simpáticas, como é absolutamente normal. No entanto deixa de ser normal, sobretudo na posição institucional que ocupa, um permanente medir de forças, ou o estar em comparações típicas de quem precisa de se afirmar. Não querendo fazer o seu retrato psicológico - o que fica para um biógrafo (!?) -, mais uma vez considerando o seu CV, que «construiu a pulso», custa-nos a crer, mas parece ser real: que a qualidade dos trabalhos que podem sair do Instituto de História da Arte da Fac. Letras da Universidade de Lisboa, tenham que ser marcados pela afirmação pessoal de uma personalidade, que, afectiva e invariavelmente actua como um hiper-carente?    

(*5) Esta espécie de discussão - ou jogo de ténis como já uma vez lemos algures - entre (adeptos de) platonismo e aristotelismo é bem interessante, obrigando a esta nota que é afinal mais uma reflexão. Porque, não temos dúvidas que as «abreviaturas da fé», a que muitos chamam símbolos, eram formas de uma escrita rápida, para esquematizar ideias. Como muito bem explica Rudolph Arnheim em Visual Thinking e de que já escrevemos algumas vezes ( como este é um desses exemplos)

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Não esquecer que este nosso post  nasceu aqui


20
Abr 18
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Uma recensão que é um óptimo resumo de dois livros de Mary Carruthers*.

 

Sendo que o segundo - Machina memorialis -  conheço melhor e considero da maior utilidade para compreender e corroborar as  ideias a que cheguei, depois dos estudo iniciados com Monserrate.

Como é dito são obras de enorme densidade, eruditas, que dificilmente estão  ao alcance da maioria.

O que claramente nos entristece já que se tratam de teorias que explicam o Pensamento e as Artes, muitíssimo apoiadas nas neurociências. Portanto ideias que dificilmente podemos conversar ou compartilhar com os que estão mais perto de nós...

Aliás, sobre os trabalhos de Mary Carruthers já escrevemos vários posts, destacando agora este

Mas se procurarem neste blog com a palavra Mary Carruthers, encontrarão outros.

Para já aqui fica, vindo de: https://halshs.archives-ouvertes.fr/halshs-01343990, sendo a recensão de Éric Palazzo

1 CESCM - Centre d'Etudes Supérieures de Civilisation médiévale

Résumé : L'année 2002 a vu paraître deux ouvrages majeurs pour la médiévistique internationale et que l'on doit au même auteur, Mary Carruthers, professeur à l'université de New York. Parus en anglais, le premier, Le livre de la mémoire, en 1990, et le second, Machina memorialis, en 1998, ils apparaissent à bien des égards complémentaires l'un de l'autre, à huit ans d'intervalle. Ou bien encore, on peut affirmer que celui traitant de la Machina memorialis prolonge sur bien des points les enquêtes menées par M. Carruthers dans Le livre de la mémoire. Dans les deux ouvrages, l'A. aborde de façon particulièrement stimulante la façon dont la mémoire, mot pris ici dans une acception très large, a fonctionné dans la pensée chrétienne de l'Antiquité et du Moyen Age occidental. Sans rien négliger des acquis de l'historiographie du sujet et des travaux d'autres chercheurs venant d'horizons fort variés, M. Carruthers propose une lecture et une interprétation du phénomène de la mémoire qui dépassent largement le seul cadre de la sociologie historique marquée notamment par les recherches de l'école allemande de Munster sur la memoria. Ainsi, dans Le livre de la mémoire, M. Carruthers ancre solidement son propos historique dans des bases relevant de la neuropsychologie mais fondée sur une connaissance très sérieuse des auteurs de l'Antiquité et du Moyen Âge qui ont écrit sur la mémoire. Dans ses deux livres, M. Carruthers sonde au plus près la façon dont les philosophes et les théologiens appréhendent la mémoire et ce qu'elle dit de l'homme face à lui, à son image, à son passé, son présent et son avenir. Dans Le livre de la mémoire, l'A. démontre avec brio et de façon convaincante que la transmission du savoir au Moyen Âge, et ce depuis l'Antiquité, s'opère essentiellement par un phénomène d'accumulation de savoirs qui finissent par constituer un véritable réservoir de mémoire. De textes sacrés en textes profanes, d'auteurs de l'Antiquité, Aristote en tête, aux grandes figures de la théologie médiévale, plus particulièrement de la théologie scolastique, la mémoire du savoir et de la connaissance se construit pour former une pensée. Dans des pages absolument remarquables, M. Carruthers expose le fascinant processus de « généalogie de la pensée ». Étant donné la nature de la culture à laquelle s'intéresse l'A., le christianisme, c'est la « généalogie » de la pensée chrétienne qui s'offre à la découverte du lecteur de M. Carruthers. On ne sera pas surpris de trouver saint Augustin au cœur du propos de l'A., celui qui le premier a comparé la mémoire humaine aux différentes pièces d'un vaste palais. La métaphore augustinienne constituera d'ailleurs une référence majeure tout au long de l'Antiquité et du Moyen Âge pour tous ceux qui tenteront d'affiner, voire de préciser la pensée de saint Augustin. À ce stade de la démarche de M. Carruthers, il faut insister sur l'importance pour elle de la mnémotechnie ; selon elle, la pensée médiévale fonctionne tel un vaste système mnémotechnique au sein duquel les idées s'appellent et se répondent en permanence. Dans Le livre de la mémoire, l'A. postule dans un premier temps que le livre, en tant que support des idées et objet par excellence assurant la transmission du savoir, n'a pour ainsi dire pas de fin en soi mais qu'il est avant tout un relais, un support matériel. Dans un second temps, M. Carruthers affine son propos sur le livre en tant qu'objet. Dans des chapitres d'une grande densité intellectuelle et d'une réelle richesse documentaire, l'A. montre que le livre, à son tour, réactive l'appareil mnémotechnique principalement par la réflexion menée sur la mise en page des textes. Une mise en page souvent savante, surtout pour des textes philosophiques et théologiques, où la glose, le commentaire, entraîne la pensée, la mémoire, vers des domaines nouveaux. Au final, M. Carruthers conclut à l'importance du visuel dans le processus de mémorisation amenant à considérer l'écrit et les images de certains manuscrits médiévaux comme des « peintures mentales ».

Dedicado ao mais fantástico dos reitores da melhor escola de design de Lisboa, de Portugal, da... , e porque não dizê-lo abertamente (?), sem vergonhas ou pudor (+ toda a ironia que essa ideia merece):

 

Da melhor escola de design do mundo!

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*E depois de 2002 - data da tradução para francês dessas duas obras de Mary Carruthers - alguém viu, em Portugal os avanços feitos na área científica da História da Arte? E ainda, face à importância do cruzamento da História das Imagens (que a História da Arte é), com a do pensamento projectual alguém por aqui viu mudanças a chegarem ao Design? Por nós só vemos como Maria João Baptista Neto, altamente conhecedora do nosso trabalho, como mais de 10 anos depois de o termos feito ela começa a «exibir-se» com a grande volta que nós demos aos conhecimentos que existiam em 2001, em torno do Palácio de Monserrate. Como (por exemplo) sabendo nós «alguma coisita de acústica» não precisámos de ir perguntar aos descendentes dos Cook a razão de ser de uns panos suspensos no tecto da Casa de Jantar...

Ou ainda, por sabermos contar (1, 2, 3, 4...), e estando a escrever sobre Mary Carruthers, como logo em 2004 (ou ainda antes?, mas já ficou publicado) percebemos o sentido do Quadrifolio. Moldura/Imagem falante, que foi inventada pelos extraordinários inventores de Imagens (les Imagiers), que eram os membros do Clero medieval, como tinha ficado preconizado desde 787, no IIº Concílio de Niceia (ideias que em Trento foram revalorizadas e reforçadas.

P1010032-d.jpg

Razões para nos fascinarmos com mais este Quadrifolio, feito para ensinar - de certeza, pois está escrito na legenda... - os mais importantes valores, próprios dos príncipes e dos nobres!


12
Mar 18
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Comece-se pela frase abaixo (ver nota*1), referindo-se uma Professora da Faculdade de Letras - que por acaso é Maria João Baptista Neto, que foi nossa orientadora de Mestrado:

"Esta professora da Faculdade de Letras está há sete anos a estudar o palacete no tempo da família Cook, encabeçada por um homem de negócios “recatado, pacato”, que só em 1886 recebeu um título no Reino Unido, o de baronete (D. Luís I deu-lhe o de visconde de Monserrate)."

Pena que o jornal O Público não tenha querido informar-se melhor para fazer um trabalho de mais qualidade (como também não fez a RTP): concretamente da «originalidade» que pode ser crime, e tem nome: Plágio. Que é os Professores da Faculdade fazerem-se donos dos trabalhos dos seus (ex-)alunos. E se nalguns casos pode vir a haver avanços científicos úteis, noutros, também há recuos e incompreensões, do que eles supõem estar a desenvolver (?).

Ou, também porque deliberadamente, passaram a querer marcar como propriedade intelectual sua - o que, em parte, ou no todo, nem sequer compreenderam! Sobretudo, e enfim, o que eles conseguem é baralhar, porque «no seu copiar», apenas estão a desvirtuar e a degradar o trabalho original...

Mas, passemos ao que de facto aconteceu, e há muito mais do que os "7 anos" do jornal O Público:  

Na verdade desde 2001 que Maria João Baptista Neto acompanhou o nosso trabalho, que, sempre quisemos fosse sobre Monserrate. Apesar do que também começámos a descobrir, quer sobre "As Origens do Gótico", sob a «sua batuta», evidentemente, de um tema que era seu e nos impingiu*2: matérias que ficaram no Capítulo I (mas a um nível já razoavelmente desenvolvido, e sem dúvidas sobre o que foram de facto as tão badaladas Origens do Gótico - que M.J.N. não largava!).

Quer depois, no Capítulo II - continuando a aparecer ligações e ideias de que não se tinha desconfiado. Capítulo que por isso também se desenvolveu com razoável originalidade (face ao que até então existia), relativamente à importância e a influência do Aqueduto das Águas Livres sobre a Arquitectura Inglesa.

[E aqui também, foi este capitulo motivo para Vítor Serrão incomodar e pressionar, para que escrevêssemos e estudássemos «de preferência» o Aqueduto, como registámos no nosso trabalho. Chegando a querer que o seu Barroco,  de um dos «guias da Presença», fosse a nossa bíblia; mas onde aí, vários «errozitos» serviram apenas para nos desinspirar do referido tema. Pois o Aqueduto, comparado com a riqueza da composição (sintagmática)  dos Knowles, é apenas colossal. O que, para jóia arquitectónica, comparando com a delicadeza da casa de Monserrate, achámos curto!]

Finalmente no Capítulo III do nosso estudo - que está publicado -, também abrimos caminho e colocámos questões inovadoras (principalmente para Portugal e não para os ingleses que há muito tempo sabem disso*3): sobre a influência, claríssima, da Arquitectura Italiana que os ingleses viajantes do Grand Tour, e depois os amateurs (arquitectos), romanticamente importaram para o seu país. Designando até essas obras com a palavra Italianates.

Porém, PARA NÓS, no artigo do Público são igualmente muito curiosas outras frases (assim como os seus autores):

“A nossa ideia é reconstituir, tanto quanto possível, o interior da casa quando os Cook aqui passavam férias. Queremos fazer deste palácio um museu, à imagem da Pena”, diz ao PÚBLICO António Nunes Pereira, que acumula a direcção de Monserrate com a do palácio sonhado pelo rei D. Fernando II, marido de D. Maria II.

CasaDeJantar-Monserrate-cadeiras.jpg

(excerto da casa de Jantar de Monserrate*4)

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*1 - Como chegar às informações vindas do Público: 

https://www.publico.pt/2017/12/01/culturaipsilon/noticia/monserrate-a-casa-de-um-milionario-ingles-que-quis-ganhar-ao-rei-de-portugal-1794585

*2 - Só que depois, ficando verdadeiramente aflita com o que se descobriu «mandou-nos» esconder e pôr para trás, no próprio trabalho. E assim aliás, ficou na publicação - tirando nós partido da lógica da sequência de imagens (que em Arte é a melhor forma de abordar as questões). Bem diferente do que sempre se faz na Faculdade de Letras, mesmo em História da Arte! Porque, o conhecimento e a disciplina mais básica, em Arte, e para todas as imagens, chama-se Geometria. Assunto que na Fac. de Letras de Lisboa corresponde à brancura total das mentes (ou a uma completa ignorância no tema....)

*3 - Curioso é que Maria João Baptista Neto que acompanhou o nosso trabalho, como mais ninguém, de 2001 a 2005 (podendo até dizer-se que esteve quase «dentro da nossa cabeça»...). Como é que alguém que teve esse «espectáculo», até o privilégio de assistir de perto e por dentro, tendo visto a maioria das ideias a nascer..., vem dizer agora que provámos - "será pelo mérito de ter dois olhos treinados no ver"...? - que a cúpula de Monserrate provém do Duomo de Florença? De facto é verdade. Sim pusemos as duas cúpulas lado a lado (talvez em 2003-4?). Mas, anedoticamente, ficámos agora a ter que saber (porque o escreveu) que pouco conhecia da influência da Itália romântica sobre a Arquitectura victorian. Como também não sabe, o muito mais que continuámos a encontrar: De onde vêm (num trabalho quase arcaico), os  vãos bífores que são agora as janelas deste palácio sintrense...

*4 - Imagem que em 2004, na FLUL, nos fez ouvir um tão estranho remoque (mas que actualmente está explicado): "Porque é que ainda antes, ninguém tinha visto isto?" E desvalorizando o trabalho da aluna (do qual, formalmente é co-autora, embora se comporte como quem nada tem a ver com essa autoria), lá foi à procura de quem, muito mais antigo - e não a aluna que destacou esse pormenor, para não ter que lhe dar razão... -, explicasse o motivo de os Cook terem suspenso, sobre a mesa de refeições, um enorme pano?! Porém, o pano é mera e a mais simples solução para um problema acústico Como no IADE durante 30 anos adorei ensinar (para o bom design ambiental de um espaço de refeições, de modo a que não «virasse cantina»!). 

Por fim, o que se pode aconselhar, que é ensinar: Leiam e informem-se, para com algum esforço e menos plágio conferirem consistência ao que «lhes aparece feito»...

 

T. HUNT-Primaluce.jpg

de Tristram Hunt - Building Jerusalem, The Rise and Fall of the Victorian City


02
Mar 18
publicado por primaluce, às 18:00link do post | comentar

Em 2.03.2002, quando era suposto continuar a ser projectista de um Cemitério em Carnaxide, para a CMO; «solucionadora» de problemas nalguns edifícios com Patologias construtivas (ou provocadas pelo desgaste normal).

 

Quando era ainda suposto continuar a ser prof. de Design de Interiores e arquitecta (de exteriores - ficando os interiores mais para os amigos...). Por essa altura (dirão alguns!?) - passámos a fazer o contrário do que seria normal. Mais, os "hands on" e até outras actividades dos Amigos de Monserrate (AAM) eram para esses mal-dizentes, um disparate e a verdadeira perca de tempo...

Mas, tinha sido meses antes, depois do Verão de 2001, na casa (e para a casa) que é «a mãe de todos os disparates», que para fugir aos problemas que estavam a ser criados pelos novos "arrivés"*, que decidimos ir fazer um mestrado na FLUL.

Foi aí então que, indo eu para a Fac. de Letras com a temática de Monserraste, Maria João B. Neto entendeu que tínhamos que descobrir  a fonte dos Arcos Quebrados!?

Na verdade a sua terminologia era outra, chamando-lhe  "As Origens do Gótico". Porém, bem cedo nos apercebemos que se tratava de uma fonte, e de uma questão associada à água. Ou seja, de algo de onde «brotavam» - todos de seguida - vários, muitos arcos quebrados.

Enfim, percebemo-lo, ou quase instantaneamente fizemos todas estas associações (aparentemente sem lógica e quase tontas?!**) dada a semelhança entre o arco que está no centro da fachada (SETEAIS) e os maiores arcos do Aqueduto no Vale de Alcântara.      

AQued.-desenhoCustódioVieira.jpg

Semelhança que, se sinceramente não a virem, ou até se não concordarem com as nossas constatações, talvez tudo isso não tenha mesmo importância nenhuma?

Porque quem passa no Vale de Alcântara sob as arcadas, provavelmente não memoriza, um-por-um, o desenho diferente de cada um dos arcos? Quem passa recolhe como que uma impressão geral (que é aquela que de facto memoriza), fruto da variedade que se apresenta aos olhos de todos. 

Enfim, encurtando razões, o dia de hoje é para nós muito especial: porque há 16 anos vimos na imagem de cima uma fusão (ou confusão?) dos arcos que estão na imagem inferior.

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*Melhor dizendo: "Les vrais arrivistes - masculin et féminin identiques" como está no Wiktionnaire.

**A fazer lembrar um brainstorm: quando, depois de «provocado« o cérebro se consegue que torrentes de ideias, ou de imagens, possam assolar a mente daqueles que procuram soluções para resolver problemas

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Re-publicado em 3.3.2023 pode-se acrescentar que fomos ressarcidos, parcialmente, de muitos dos "harassment" - que deviam ter sido evitados - por quem tinha que o fazer. Novas estórias que esperamos, em data oportuna, vir a contar... 

 


14
Fev 17
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... porque é deles o Reino dos Céus".

 

E o do sono, acrescentamos nós!

arcadas-entrelaçadas-EGAS MONIZ.bmp

Porque cada vez que vemos esta imagem ela é para nós uma das mais pacificadoras. Embora também nos lembre que Martin Kemp escreveu sobre a mesma, que é insignificante*.

Acontece que, considerando esse autor e a sua influência para a historiografia da Arte, vemos, como é nítido e necessário que uma Nova História da Arquitectura (de preferência com influência e contributos vindos de Dana Arnold) se venha a afirmar.

Ou seja, e como defende a arquitecta/historiadora inglesa (contrariando G. Vasari) pretende que os autores sejam vistos - incluídos e submetidos - às principais tendências da época em que viveram: i. e., de acordo com um Zeitgeist de que já escrevemos vários posts

Procurem-nos, para captar o que Dana Arnold defende, e as ideias com que se está de acordo...

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*Como é MOUCO um MEC que dorme 


24
Out 16
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

... os «plágios» de MJN ainda não incomodaram: pois vendo bem, pelo que se lê, até está a ampliar as nossas ideias, em temas e em terrenos que já tínhamos marcado, de várias formas, previamente.

Fica contentinha a repetir o que escrevemos, de outra maneira?

Ainda bem

 


23
Out 16
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... por tanta bondade. Genuína (mesmo sem ironia!) e na sua melhor expressão.

 

Quem sabe como se forma a palavra símbolo, e depois simbolicamente - o advérbio de modo; então esse alguém também sabe de diálogos e de diacronias. Do que se diferencia e agita, e parece querer baralhar exprimindo-se por um simples di, ou dia (feito prefixo há séculos ou há milénios?).

Ou seja, o diabo (diábolo, diabinhos, etc.) não existe. E se há muitos - tantos ou imensas pessoas (o que é um número e uma óptima questão para ser definida pelo «sujeitinho« da quantidade de informação!); é que se há inúmeras pessoas que nas suas vidas vão tentando encontrar, e procurando Deus, mais as provas físicas e positivas da sua existência, então (mas isto é para nós) faz ainda menor sentido que haja quem queira expulsar demónios, ou fazer exorcismos...

É assim que pensamos, à luz de primaluce: para nós diabo é um prefixo, acrescentado a um bolo. Um prefixo que significa a falta de convergência, a des-sintonia, a divisão, a baralhação... (como acontece com sincronia e diacronia).

E se existe a vontade de alguém em criar tudo isso, pode não ser apenas uma pessoa, mas um conjunto bem orquestrado (por quem?).

Veja-se Maria João Baptista Neto a publicar livros com base no nosso Monserrate, a cuja génese mais do que assistiu, pois guiou, intrometeu-se como lhe competia, e aqui e ali fez bem. E também fez mal, e teve dores (no fundo do braço), querendo continuar a fazer o maior mal.

Que continue, deseja-se imenso êxito!

Fernando António Baptista Pereira, idem aspas, fez imenso bem, pôs-nos questões interessantes e óptimas, e também fez questão de se portar vergonhosamente.

Dele temos vária correspondência, onde ressalta, nas últimas mensagens de 2012 a promessa que iria ler o nosso trabalho: diferentes, porém convergentes (quantos?) documentos que lhe fomos entregando desde 2006 (e que segundo afirmou em 2012, ainda não tinha tido tempo para ler...) Desde ou a partir de 2006, quando 30 anos depois regressámos a Belas-Artes, que entretanto deixara de se chamar Escola Superior - a que frequentámos até Dez. 1976, quando acabámos a licenciatura, e que passou depois a ser Faculdade.

Temos depois o IADE, a nossa instituição a cujos quadros pertencemos desde 1976. E onde em 2008, por isso mesmo, por razões que sempre soubemos serem mais afectivas do que de ordem racional; em Junho de 2008 - e, SIMBOLICAMENTE, a coincidir com o dia em que deixou de estar presente, e foi substituída, a primeira administração: que tinha fundado o IADE! Nesse belo dia, que o foi como bem nos lembramos, a editora Livros Horizonte lançava o nosso estudo sobre Monserrate, com o titulo uma Nova História.

Titulo que resultou de várias conversas com Rogério Mendes de Moura, o editor que me deu o imenso prazer de publicar o meu estudo, praticamente sem alterações, mas acrescido das «revisões» (que não eram fáceis) mas tiveram a máxima qualidade.

Diabinhos é da nossa gíria - pois não há que acreditar no diabo. Aqui há antes um Deo Gratias como está no título, embora haja e continue a haver uma «maltosa concertada», cada um deles com os seus objectivos, a retirar do nosso trabalho:

Maria João Neto, a aproveitar e a reciclar ao máximo, tudo o que ficou no IHA da FLUL, julgando que eu morri? E como se faz na Cortiça ou no Porco, a não querer desperdiçar um só mg!

Fernando António Baptista Pereira, sempre sem tempo, terá tido pavor que fizéssemos uma História da Arte como (graças a Deus nos disse várias vezes e) repetiu vezes sem conta... Só ele sabe do que vai na sua mente! Por mim, os elogios, de me dizer que estava a querer fazer uma História da Arte, acho que já ficaram agradecidos?

No IADE - o  Carlos Duarte, sabendo do «valor imenso» das suas teses, como elas são lógicas e evidentes; também dos nossos anos de casa e a experiência profissional que temos, fez então o favor de também ter os seus (dele) «pavores»:

Que conseguíssemos acabar o Doutoramento! Que depois de um Mestrado para o qual o IADE nos deu a correspondente dispensa sabática, completássemos um Doutoramento que - e depois de publicado o mestrado, se aquilo só é/era um mestrado - então obviamente esse nosso Doutoramento tinha que ser por todos os meios*, impedida de o conseguir concretizar/terminar...

E aqui terminamos nós este post, a exprimir a nossa fé na não existência do Diabo!

Com a certeza de que o que há são palermas medíocres: tão tão tão medíocres (que nem para badalo de sino algum dia eles dariam!).

Palermas iguais aos Secretários de Estado, aos Primeiros Ministros, e aos Ministros-Adjuntos; ou iguais aos Donos de Bancos e Disto Tudo - que não lhes bastando o que têm, fazem o favor de vender a Alma, em público.

Nuínhos (como a Negra Fulô) e o mais despudoradamente que lhes fôr possível, para que se saiba aquilo que verdadeiramente os habita.

Embora sejam corpos e mentes horríveis, ainda bem - i. e., Deo Gratias - por toda a luz que nos deixa ver, e dá a capacidade para distinguir.

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*Diabolicamente?


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