Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
26
Abr 11
publicado por primaluce, às 09:30link do post | comentar

Sobre Pensamento uno naturalmente todos perceberão a ideia a que nos referimos. Já o Pensamento sincopado pode prestar-se a confusões visto que a analogia vem da música, mas sem estarmos a pensar em ritmos... Quando dizemos Pensamento sincopado referimo-nos aos momentos de silêncio, e aos vazios aparentes, entre as outras realidades mais fortes, que contrastam com o intervalo (síncope ou paragem), mesmo que mínimo, em que pode não haver som*.

Voltemos ao Pensamento uno, que é completamente diferente de «Pensamento único». Em nossa opinião, tal como já referimos há dias, e é isso que nos mostram quotidianamente muitos inexperientes (gostam de ser vistos sábios e doutores...); em nossa opinião a sociedade de hoje vira-se para o que é propagandeado, publicitado e mais falado. E sabe, quase o zero (absoluto a -273ºC, ou 0ºK), de tudo o resto! Não ligam, ou fazem interagir**, as várias noções que devem ter aprendido? Pelo menos supõe-se.

O Pensamento dessas pessoas, verdadeiras caixas de ressonância daquilo que lhes é alheio, não são ideias articuladas; não são realidades conectadas, e com gaps mais ou menos preenchidos: mas são, sim e apenas, ideias soltas. Essas pessoas, de tanto se especializarem, não conseguem formular pensamentos mais ou menos completos, pois não vêem mais nada, e pouco mais conhecem, para além das suas especializações!   

É claro que se há ambientes - a Universidade, e as Empresas - em que isto muito se nota, porém vai afectar a sociedade em geral: a comunidade, o país. Muitos referem por vezes que os governantes e os políticos que vão para a AR não têm experiência de vida, que só viveram dentro dos partidos, onde fizeram carreira... Mas, a verdade é que hoje as nossas sociedades evoluíram para um excesso de especialização, onde não há transversalidade (nenhuma)! A ponto de ninguém se meter nos «assuntos dos outros», como se houvesse barreiras intransponíveis e não fosse possível, ou muitíssimo útil, saber um pouco de tudo?!

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*Aqui ocorre-nos uma explicação que recentemente ouvimos, vinda de António Vitorino de Almeida: como os estilos e os ornamentos da arquitectura vienense lhe foram úteis, ajudando-o a compreender a música. 

**Actualmente temos detectado que se usa e abusa deste verbo - «interagir», que bem usado é inteligente e útil. Mas, quando usado por tudo e por nada, faz de todos nós uns (macaquinhos) básicos: as mesmas ilhas soltas de unidades únicas (próximos das "monades" de Leibniz?)... Assim, os alunos e os mais novos, hoje preferem interagir, em vez de «falar com», ou «conversar», ou «entregar», ou «dar». Até mesmo «ensinar», «aconselhar» e «confratenizar», para muitos é igual a «interagir».

A Páscoa é muito mais do que um Domingo, sobre amêndoas e mandorlas havemos de explicar porque se comem agora; também porque passaram para os escudos, esferas armilares, etc.


04
Dez 10
publicado por primaluce, às 18:19link do post | comentar

Continuamos a tentar divulgar as Primeiras Luzes, de um assunto que é vastíssimo, e com derivações não apenas na Arte e na Cultura, mas também para outras áreas científicas.

De acordo com aquilo que defendemos, a imagem seguinte corresponde a um novo «organigrama» que também traduziu o Filioque: isto é, a "Dupla procedência do Espírito Santo"*. Porém, agora já no contexto do estilo a que hoje se chama Gótico, o qual correspondeu a uma evolução do Românico - proto-gótico, como aqui se referiu há dois dias - para o «verdadeiro gótico». E na terminologia que fora usada por J.-F. Félibien, estamos agora perante aquilo a que chamou o "Gótico Moderno".

Como em geral se pode compreender, e toda a bibliografia o mostra, ao nível da construção houve depois importantes desenvolvimentos estruturais e as edificações do estilo Gótico puderam subir em altura, como até então ainda nunca tinha acontecido. Mas, na génese do estilo (ou o que levou à sua criação) – sobretudo na da sua «imagem de marca», que foi o "arco quebrado" – na origem dessa forma construtiva esteve muito mais uma questão linguística, e uma tentativa de explicitação das ideias a comunicar. Do que esteve, a priori, a vontade de criar um outro estilo; ou, até mesmo, a vontade de inventar um novo arco, que, estruturalmente, fosse muitíssimo mais resistente do que o arco de volta inteira, ou a arquitrave (greco-latina).    

O que no nosso trabalho chamámos um "arranjo e disposição orgânico-relacional, entre as pessoas da Trindade" é a mandorla, que resulta da intersecção de dois círculos. Uma Forma que, dependendo dos autores, tem recebido diferentes designações: mas uma das mais comuns é "mandorla mística".   

Abaixo foto da Rosácea da Iglesia de San Esteban de Ribas de Sil**  

 

Note-se como o desenho das aberturas, executado na grelha de pedra, agora já com a forma de “mandorlas”, é ainda pesado e muito maciço. Quer comparado com o desenho da Rosácea da igreja de Paço de Sousa (ver dia 2.12); quer ainda se comparado com a Rosácea da igreja de Tarouca (imagem seguinte), que é muito mais aberta.

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*Ver in AAVV, Romanico en Galicia y Portugal, Fundación Pedro Barrié de la Maza, Fundação Calouste Gulbenkian, 2001, p. 126.   

** O assunto é vasto e muito complexo, em Monserrate, uma nova história, ler na Introdução a nota nº 14, e depois as várias referências ao Filioque. Jacques Le Goff aborda este tema em vários dos seus trabalhos, por exemplo - Em Busca da Idade Média, Editorial Teorema, Lisboa 2004.  

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