Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
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Abr 12
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

Vamos hoje celebrar como desde os anos 1985 temos feito. A fotografar, a explicar, a alertar**.

Que haja quem beneficie, como é no caso do Palácio de Monserrate.

Cuja visão passou a ser, agora, não mais a de uma obra «descendente» do Pavilhão Real de Brighton - como J.-A. França em geral divulgou - mas a de uma obra muito influenciada pelos Palazzos Italianos; os «Góticos Tardios» de que Ruskin escreveu em Stones of Venice.

E nisto tudo - felizmente ou não, não se sabe (?) - as entidades tutelares não têm posições rígidas quanto aos bens nacionais, que, como é suposto, gerem e administram. Essas entidades, em geral deixam correr as opiniões e as posições dos estudiosos, que assim têm toda a liberdade de se exprimirem; parece positivo!?

Mas, é sabido, no caso de algumas «artes mais esquecidas» como acontece por exemplo com algumas peças escultóricas, e, bastante, com a ourivesaria, nessas situações então as entidades tutelares, e sobretudo os seus técnicos que com maior disponibilidade olham para as obras todos os dias, nesses casos, produzem documentação técnica, os estudos e contextualizações, a que os de fora  não se dedicam tanto; nem podem. 

Pensamos, não só em Monserrate, mas nos «Painéis do MNAA», que, para alguns (os tais de fora), parecem ser a única Obra de Arte do nosso país, e o único Monumento Nacional (MN)? Como quem insiste, e bate sempre na mesma tecla: ficamos por aqui, não vamos mais longe, pois além da Lisboa macrocéfala, «o resto é paisagem»...

Só que, quanto mais todas as obras forem olhadas e valorizadas, as de todo o país, mais as pessoas se treinam a ver, a gostar e a compreender. Ou vice-versa, sabe-se lá o que é primeiro? 

Mais, talvez um dia alguém o perceba: o quanto da Arquitectura veio da Ourivesaria? Que João Frederico Ludovice, ourives, teria muitas das informações necessárias para dirigir as obras reais?

E que os «alarifes» de que Regina Anacleto tem escrito, no caso da Pena (ou de outras obras), não prescindiam dos que sabiam das «outras artes». As necessárias à sustentação física - i. e., contra a força da gravidade - como eram os conhecimentos de Geologia e Minas que Eschwege (barão de Eschwege, Guilherme von Eschwege - o engenheiro alemão que D. Fernando II contratou), dominava e possuía.

Só há património com todas as artes, todos os conhecimentos e todas informações. É dificílimo que alguém, sozinho, possa dizer que é especialista, sem uma equipa. Aliás, neste nosso cada vez mais suposto doutoramento, essa é a grande pecha: o «desentendimento» da maior utilidade dos nossos estudos. Para todos! Estudos que são um deleite, é certo, mas sobretudo trabalho que é, ele próprio, um valor!   

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*http://www.igespar.pt/pt/

**http://iconoteologia.blogs.sapo.pt/9003.html,

sabem que essa obra é um MN?


22
Fev 12
publicado por primaluce, às 13:30link do post | comentar

...que ao longo do tempo muitos têm visto como uma «máscara» - quase Carnavalesca* - sem se aperceberem da sua enorme semelhança, que a tem, com as obras do Gótico Tardio. Obras que em Portugal são chamadas manuelinas (e julgadas únicas!!!), mas que existem por toda a Europa, mais ou menos ricas em Ideogramas Medievais**. Sejam eles ornamentos ou formas estruturais. 

Toda essa Iconografia são imagens que continuaram significantes (i. e., portadoras de ideias), e que por isso se aplicaram: não só na Idade Média, mas tendo continuado a ser usadas, durante séculos.

É o que acontece nos Açores, na Arquitectura Religiosa, mais tradicional

Há uma Nova História da Arquitectura que está para contar...

e que aos poucos, aqui, há-de ver a LUZ. Intercalada com a nossa própria história, mostrando como a formação mais completa e diversificada, a capacidade de discernir temas - visuais e linguísticos, a par de uma boa prática de transversalidade disciplinar, permitem progredir e compreender o passado***. Uma compreensão que embora nos pareça (a nós) facílima - e talvez também aos que nos incitaram a não desistir? - cada vez mais, com o tempo, vai-se percebendo como revela o enorme desnível cultural, dentro das próprias escolas, entre gerações de professores. Note-se, é muito mais entre gerações, do que entre pessoas da mesma geração, até com formações diferentes...   

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*Ler alguns textos, por exemplo de J.-A. França, que embora muitíssimo perspicaz, nunca deixa de se colocar na posição de quem sabia como ia ser o futuro. Um futuro que não está a concretizar-se, passando a haver uma História da Arquitectura mal contada (com base no "Ornamento é Crime", de Adolf Loos). Porém, não deixem de ler o último parágrafo do trabalho, Monserrate uma nova História, na p. 160.

**Ver em: http://primaluce.blogs.sapo.pt/31804.html

***Como fez Antonio Castro Villaba, autor de Historia de la construcción arquitectónica. Edicions de la Universitat Politècnica de Catalunya. Barcelona 1999


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