... como descrito*:
"Como se quem o pensou editar quisesse apresentar num único documento o inventário de tudo quanto foi realizado. Certamente para que não perdesse a memória do muito que então foi feito. Falamos então das comemorações e seus resultados, pois o que então se fez foi imenso. Se não vejamos.
O plano então estabelecido era ambicioso, abrangente e convergente. Inclusivo, temática, social, territorial e, mesmo politicamente.
Em 1963, a 7 de Fevereiro, por convite do Presidente da Câmara de então, Engº António Campos de Albuquerque Azevedo Coutinho, autoridades municipais e sociedade civil reuniram-se no Salão Nobre dos Paços do Concelho para reflectir sobre a data e preparar o programa, com a indispensável antecedência, pois pretendia-se que tivesse a maior dignidade possível."
Capa do livro referido no 1º parágrafo citado
Sabemos que essas celebrações do VIº Centenário da Vila de Cascais, um evento imenso, que foi muito amplo e multifacetado, e que durou pelo menos um ano (ou nalguns aspectos até ao fim do mandato?) é hoje visto como uma «Construção da Memória».
Mas, por tudo o que (desde muito cedo) pudemos ouvir e aprender, quer da administração local, quer até dos contactos com o governo central - em tempos que não eram os da democracia (mas não deixaram de ser os da nossa formação...); e sobretudo pelo muito que por esses tempos adiante continuámos a receber: quer como informações essenciais, informais, quer nas aprendizagens formais, como é um curso superior, e particularmente o de arquitectura - tradicionalmente ligado, por «vocação» (e também pela etimologia) às Edilidades, e aos poderes autárquicos...
De tudo isso que aprendemos desde há 50 anos, a começar exactamente pelas aprendizagens feitas em casa, desde então, os nossos olhos e a mentalidade que formámos, fazem-nos (agora) ver essas celebrações não como a dita "Construção da Memoria", mas sim como uma imensa «operação de marketing»! Uma palavra que nos 60 estava longe de se usar, embora nos pareça ser, na actualidade, a mais correcta para designar o que foi também - porque o pretendeu ser - uma operação para «a construção do futuro».
Isto é, o que então se fez foi valorizar um concelho, ou como se usava «fazer propaganda»** à Vila de Cascais.
Por outro lado, se há quem valorize particularmente a produção bibliográfica do município entre 1964-65, nesse ponto também estamos de acordo (sem qualquer dúvida!): pois para os nossos estudos e trabalhos escolares - feitos nos nos anos 60, e principalmente nos 70 - usámos alguns desses livros.
Devendo acrescentar-se o que agora se tornou notório, e acabámos a «descobrir» (dentro de nós um passado, que aparentemente estava longíssimo): alguma influência, inconsciente, que pode ter tido (?) para a escolha da temática do nosso doutoramento, decidida em 2006:
Sinais do Espírito Santo na Arquitectura posterior ao Cisma de 1054, e as suas Sobrevivências***
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*Ver em: http://www.cm-cascais.pt/pessoa/antonio-carvalho
**A designação que era empregue nessa época.
***Ler em Ferreira de Andrade, Cascais Vila da Corte, de MCMLXIV, pp. 459-462, sobre as Festas do Espírito Santo, ou do Imperador, no Concelho de Cascais (Alcabideche), nas primeiras décadas do século XX.