Inspirado na Nova História (de Jacques Le Goff) “Prima Luce” pretende esclarecer a arquitectura antiga, tradicional e temas afins - desenho, design, património: Síntese pluritemática a incluir o quotidiano, o que foi uma Iconoteologia
17
Jan 24
publicado por primaluce, às 13:30link do post | comentar

Ontem foi um dia cheio de provas

Ou seja, de provas das nossas ideias e teorias. As mesmas que a Universidade de Lisboa, pela mão de professores catedráticos e orientadores (no mínimo pessoas sem carácter, e inqualificáveis cientificamente...), entendeu deitar fora.

 

Essas provas começaram num post da M Lourdes RB, com uma pintura de Vermeer.

Da nossa parte havia disponibilidade de tempo, e mental, portanto apropriámo-nos dela, e fomos evoluindo; como ficou registado neste post.

E assim ficou (guardado, por algum tempo) material para uma posterior continuação, de explorações e investigações visuais (geométricas), a desenvolver.

Mais tarde, apareceu, também no FB, um outro post sobre Arcas e Baús.

Interessante, ou super-curioso, ver o encadeamento de fotografias. Para uma sequência de leitura (criada pelo acaso, ou não?), que assim nos fez lembrar a associação, incontornável (inevitável para nós), entre arcas - objectos de mobiliário doméstico -, e os «edifícios edificados».

Em que estes, em escalas muito maiores, obrigam/obrigaram, como se percebe, a uma tectónica bastante mais exigente, embora partissem do mesmo modelo: vindo do Livro do Génesis.

Talvez que a fotografia da igreja, fosse apenas para localizar uma cidade ou o país, onde mais um baú foi adquirido, para a colecção de Joaquim de Azevedo? Só que, de impulso, logo escrevi o que sabemos que aconteceu:

"Óptimo exemplo. A igreja romano-gótica provém - como se percebe quando se lêem - dos textos de Hugues de Saint-Victor (que viveu nos séculos XI-XII) conhecidos por De archa Noe.

Na igreja de Fátima em Lisboa, na parede onde está o arco que abre para a capela-mor, é mencionada a arca/barca salvífica. Portanto arcas e baús são peças, como diz a etimologia, arcaicas, mas ainda, também, a génese de muitas igrejas e catedrais."

FB-PauloMorais-2.jpg ampliar

E na legenda acima, falta lembrar Philibert De L'Orme **, que em França, deu ainda muito mais força, à ideia da Arca-Barca, como sendo uma tipologia de edificação.

O modelo que seria o mais indicado, ou o obrigatório?, para as edificações domésticas de reis e de nobres, e não apenas para os espaços religiosos. 

 

imagens superiores: vinda daquivindo daqui

 

Onde, para este último caso, retomando informações essenciais, se escreveu, sobre o tecto (e a consequente configuração arquitectónica do espaço): 

"Vindo dos De archa Noe, de Hugues de Saint-Victor. Assunto para se estudar no dia de S. Nunca; ou de preferência, quando no ensino como na administração pública os professores (catedráticos) deixarem de arrastar os pés, com medo de decidirem..."

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* A expressão é óptima e vem de um socialista. Que ainda bem que o reconhece. Não é o socialismo que cria riqueza. Pelo contrário, os seus agentes na administração pública tendem a destruir e a limitar toda a riqueza. Por inveja e demérito, completamente abusivo,  a universidade (cujos agentes são os professores) por si mesmos, e à revelia de instituições como a FCT, decidem anular, valores imateriais - que são fragilíssimos - logo à nascença... Como é aliás muito normal. [Sempre que escrevemos sobre este assunto, há também um lado cómico e anedótico que vem ao de cima... Que aliás, pode ser muito mais explorado. Sendo que, à medida que vamos evoluindo, e percebendo que estamos perante uma enorme quantidade de evidências, é também cada vez mais risível, e ridículo)

** O nome do arquitecto francês - originalmente Philibert De L'Orme - pode estar nos nossos posts, com diferentes grafias; como aliás muitos têm feito, nem sempre adoptando a mesma. Mas já escrevemos vários posts sobre ele. Se quiserem ler é procurar (ou perguntar)


17
Set 21
publicado por primaluce, às 10:00link do post | comentar

Este título que circula em rodapé nas nossas televisões: "Comunicação de planos para igualdade de género adiada dois meses por despacho".

 

Na verdade o dito título dá imenso gozo, por patentear a pressa com que querem despachar um assunto, no qual como se sabe, para as entidades oficiais (legisladoras, governadoras, responsáveis, etc) nem sequer convém haver pressa...

Mais o título vai mesmo bem com este outro, tudo em uníssono que é também dos noticiários do dia  

blog-17.09.2021.jpg

*Pois faz lembrar as mentalidades dos Vítores Serrões deste país...

[Os queridos «pastelões» - indespacháveis sempre (nas suas mentalidades arcanas) -, que vivem e sobretudo viverão no futuro, em estado de negação permanente...]


28
Jul 21
publicado por primaluce, às 11:00link do post | comentar

Sempre que algum post interessa mais a alguns (esteja no nosso facebook ou num dos blogs), então há uma «romaria».

 

E assim tem sido nos últimos dias.

Seja a Primaluce,Iconoteologia, ou a Casamarela. 

É verdade que os nomes que demos aos ditos blogs não primam pela beleza; mas - sobretudo em ICONOTEOLOGIA - o que se procurou foi divulgar um conceito que está atrás de uma palavra que, é poderosamente significante.

E, é ainda mais verdade, não ficámos embevecidos a mostrar que sabemos as diferenças entre Iconologia e Iconografia , à maneira dos «adoradores» de Panofsky; ou do que se ouviu/ouvia na FLUL, no início do século XXI. Que é como quem diz, bem mais de 50 anos depois de ter sido escrito (tal a actualidade!).

Diferentemente, aproveitámos o que se aprendeu em óptimos livros da biblioteca da UCP: concretamente sobre a percepção que muitos têm daquilo a que todos chamam ARTE: ou seja, que em geral é uma Iconoteologia.

Porém, se ontem foi assim, nas visitas que tivemos:

  1. Primaluce: Nova História da Arquitectura - 3
  2. Um dos blogs mais bonitos... - 2
  3. Quanto maior a evidência, ou a importância das novidades e valor da notícia... - 2
  4. Sim, sim - "É para o lado que eu durmo melhor!" (só que agora queixam-se) - 2
  5. Sobre a formação do olhar de uma nação, relativamente à sua Arte - 2
  6. Uma elipse não é uma oval, mesmo que muitas destas formas pareçam iguais - 1
  7. É tudo gente honestíssima - 1
  8. Retratos de "Uma Barbárie" - 1
  9. Factos inesperados (isto é, super-inesperados como nos aconteceu desde 2002) - 1
  10. Sempre que surgem informações... - 1

Acontece que a 30 dias (ou a 6 meses) os que procuram este nosso blog - e bem ao contrário do que possa parecer - não são assim tão poucos...

Estastíticas28.07.2021.jpg

Estastíticas.jpg

 

No entanto, o que esses todos são é muito discretos; embora, ou principalmente, possamos dizer que são muito contraditórios!

O que é mais uma razão para continuarmos a escrever, e desta maneira continuando a publicar as nossas ideias.

Sabendo nós que os nossos leitores habituais primam pelo silêncio; ou, se falam do que escrevemos, muitos deles mostram-se desdenhosos, como se fizessem questão em não se deixarem influenciar por aquilo que abertamente eles  apoucam. Como é o caso de Vítor Serrão, Maria João Baptista Neto «e família»... Já que, é este o sentido da palavra desdenhar.  

Mais: se esses forem aos meios de comunicação de maior audiência, o que eles dizem - e se lhes ouve (pois não somos surdos!) - é, ipsis verbis, aquilo que nós escrevemos*: seja aquilo que leram no livro, ou o que muitos vêm ler aqui aos vários posts.

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*Embora, temos que o dizer, também aconteça haver nalgumas citações que vamos encontrando do nosso trabalho, algum erro. Como está no texto seguinte, quando se diz que em Lisboa, um amigo de Gérard De Visme, era irmão de Horace Walpole. Na verdade o erro está em que Robert Walpole - enviado/embaixador do governo inglês - era primo de Horace, e não seu irmão. É esse o erro.

No restante parece-nos correcto, este excerto que encontrámos em O REAL PAÇO ACASTELADO DA PENA EM SINTRA: EDIFICAÇÃO DE CASTELOS NEOMEDIEVAIS OITOCENTISTAS. Da autoria de Joaquim Rodrigues dos Santos (na Escuela Técnica Superior de Arquitectura y Geodesia - Universidad de Alcalá de Henares:

"As relações entre Monserrate e o mundo britânico não ficariam somente pelo seu projectista, pelo seu
proprietário ou pela decisiva influência romântica recebida: segundo Glória Coutinho, existiriam prováveis
relações de proximidade entre De Visme e o escritor britânico Horace Walpole através do irmão deste
último, que estaria por aquela época a viver em Lisboa; inclusivamente tinham sido comprados nesta cidade alguns dos móveis que Walpole possuía na sua residência de Strawberry Hill, provenientes de Goa6.
"Também o novelista britânico William Thomas Beckford viveu em Monserrate entre 1774 e 1799, antes de
voltar ao Reino Unido. Walpole e Beckford foram indubitavelmente dois personagens significativos para o
desenvolvimento dos revivalismos neogóticos no Reino Unido.
Walpole, considerado o introdutor do romance gótico negro no Reino Unido com o seu poema The
Castle of Otranto[…]7, tinha comprado em 1747 a residência de Strawberry Hill em Twickenham, perto de
Londres. Dois anos depois iniciou a sua ampliação apoiando-se num comité de consultoria constituído por
projectistas como William Robinson, John Chute, Richard Bentley, James Essex e James Wyatt. Imbuído
pelo espírito romântico dos ideais cavaleirescos, o excêntrico novelista pretendia transformar a sua residência num castelo, promovendo uma disposição pitoresca do edifício que aludía aos cenários da sua obra
literária. A fantasia e extravagância dos fragmentos góticos, livremente interpretados e incluídos na sua
construção, concediam assim um ambiente de carácter goticista."

Excerto retirado de um pdf a que podem aceder indo por aqui


22
Jul 20
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

Mas que se empregaram pelas mais diferentes razões:

 

As primeiras desconhecidas... dizem alguns*. Como estão na imagem já a seguir- Mausoléu de Santa Constança - e ainda nas imagens seguintes...

StaCostanza-detalhe.jpg

yo4.jpg

CruzPátea-Culots.jpg

Iconografia-minhota-jugo de bois-2.jpg

Que se usaram em fachadas antigas, ou nas de edifícios emblemáticos, recentes - como acontece na Biblioteca de Birmingham.  Empregues, quem sabe, "por alguma reminiscência, ou de sentido vagamente conhecido"? Como no século XVIII escreveu William Chambers,  o arquitecto que foi professor de William Beckford

fachadaBirmingham-2.jpg

Que os vemos num jugo de bois, minhoto (de que data?...)

Minho-JugoBois-detalhe.jpg

E ainda num "colar honorifico" - dizemos nós. Seria condecoração, efectiva, ou apenas uma mera "legenda visual". Enfática, a sugerir o "mérito" daqueles em quem fosse colocada?

ludovico-colar.Argolas-mandorlas

Só que, depois desta imagem lembramo-nos de um monumento português, incontornável e Património da Unesco. Em que nesse caso até existe fivela...**maria-i.jpg

Ou, enfim, em galões multicolores, que, como se explica na legenda acima foram moda no século XVII, entre os nobres... Por isso aqui dizemos - e corrigimos Judith Miller a autora de The Style Sourcebook*** - que no século XVII ainda se usavam, e acreditamos, com a consciencia plena do respectivo significado antigo.

Embora mais tarde, por exemplo no Porto, na casa-atelier que foi do arquitecto José Marques da Silva, numa varanda, estejam lá os mesmos circulos entrelaçados que viu e contactou (como há provas disto) no túmulo de Egas Moniz. Assim como, também em Lisboa, na Av. da Liberdade, se vêem os mesmos círculos - como na Casa de Marques da Silva - a aparecerem num contexto e gosto art déco.  

E onde, note-se, não parece haver qualquer vontade de revivlismo; ou, nem sequer de «heraldização»!

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*Alguns entre os quais se destacam os Historiadores da Arte. Mais propriamente os que ignoram «os ingredientes» de que a Arte era feita. Enfim os que desconhecem que Arte significava, e ainda significa (mesmo que muitos o esqueçam) habilidade:

A habilidade mental que alguns tinham, exactamente para, com imaginação, juntar e trabalhar os referidos ingredientes - ou motivos - como lhes chamava Robert Smith. Ingredientes que, como também lemos, Miguel Metelo de Seixas «quer  agora» que sejam heráldicos.

Quase a concluir este post que é sobretudo visual:  estamos perante Círculos e mais círculos (que ninguém quer entender) - coisa de que alguns têm medo, como se o passado os atormentasse? E por isso, como há dias pudemos ler, pela Connaissance des Arts, também são vistos como Esoterismos

** Ver aqui

***Judith Miller - The Style Sourcebook, ed Mitchell Beazley. London 1998.


16
Jun 20
publicado por primaluce, às 12:00link do post | comentar

Sem sermos historiadores, sabemos que há muita(s) história(s) - que são mais estórias ou estorietas -, e que anda(m) muito mal contada(s):

 

Desde 2002-2004, e do que descobrimos a propósito do estudo do Palácio de Monserrate, em Sintra, passámos também a saber que se erguem monumentos a valores e a ideias que andam deturpados e deturpadas; propositadamente?, quem sabe...

Claro que este não é o tempo de perdermos todas as referências (como alguém que ao mudar de casa deixa de saber para onde mudou os seus pertences e valores)

Claro que a Nova Crise (do novo corona) não devia justificar uma enormidade de desmandos... Nem muito menos o derrube de valores que alguns temos como adquiridos, ao longo de vários séculos.

Mas justifica sim, todos merecemos - e isto não é um derrubar mas é um elevar! – a elevação dos valores que têm um sentido superior: i. e., superior ao das banalidades, e aos das trafulhices que, em Portugal, muitas destas, são quotidianas.

As estátuas de pedra e bronze não têm culpa, estão em pedestais porque outros reconheceram o valor, no passado, das figuras que representam.

Perigosas sim, são as pessoas que ainda agora se armam em estátuas, empoleiradas em tachos e pedestais, de onde actuam como se vivessem, para sempre, em «bases» que mais lembram redutos e castelos (porque, venha o que vier, dali não saem, dali ninguém as tira...)

Os que sem darem oportunidade(s) à verdadeira História, à sua investigação e ao seu Conhecimento pelo maior número – e isto é o que se passa nalgumas universidades em Portugal -, têm fortíssimas responsabilidades pela fraca ou nenhuma Ciência e Cultura, que na área da História não chega a todos:

Pelo contrário, vive-se como se a História, a Cultura e o Conhecimento fossem só para uns, poucos eleitos!   

Aqui, desde 2004-2005, se nos tornámos activistas, não é para derrubar estátuas de materiais inertes, mas é por causas e razões concretas. Mais: se para um arquitecto o direito à habitação é constitucional, estes - o Direito ao Conhecimento e à Cultura – também o são, ao mesmo nível, ou superior*.

Aliás se lerem na Constituição, no artigo 73º, 4., aí consta com toda a clareza a liberdade e a autonomia para a obtenção de novos dados: "A criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica, são incentivadas e apoiadas pelo Estado..."

E não consta aquilo que connosco se passou: não está na redacção da lei constitucional, nenhuma referência às preferências ideológicas dos responsáveis dos departamentos universitários:

Aos gostos dessas estátuas vivas, feitas empecilhos nos caminhos que só eles entendem; ou que só eles sabem por onde é que se pode e deve ir: «feitos sinaleiros»

Não consta na lei constitucional, que é possível haver responsáveis em centros de investigação do ensino superior, que não sejam interdisciplinares; ou que não compreendam, minimamente, as disciplinas e os saberes essenciais, que fazem ou fizeram a Arte. Em suma que rejeitem actualizações e novas visões, incluindo as que vêm de fora.

Se nós em 2002 percebemos a importância do FILIOQUE - e como esta questão mudou o mundo; e mesmo que só tenha acontecido em 2015, que Peter Frankopan se refira a esta mesma questão** (numa obra que é uma óptima actualização da História Mundial), a verdade é que não somos só nós a detectar esta problmática, e a sua imensa importância no decurso da História.

E se P. Frankopan é muito mais novo do que Jacques Le Goff, é no Historiador francês - com quem Vítor Serrão e Maria João Baptista Neto têm a obrigação de ter aprendido -, que esta questão está bem mais explicada, e mais desenvolvida***. 

E culpam-nos a nós, por termos seguido caminhos que a História sabe que existiram..., mas os nossos «profs.» não?

Caminhos que os Historiadores internacionais têm abordado, mas que os historiadores de arte portugueses (na FLUL) querem ignorar. Isto é discriminação pura:

Seja de género, seja científica, seja o seu cúmulo, ou seja o que for!?

É a prova de que há milhares de racismos, numa sociedade que se finge ser muito justa, mas onde pululam inúmeras injustiças.

E onde o ESTADO, por fim, só há-de intervir quando tem que enfrentar as situações extremas...

Portanto, elevem-se, e ajudem os outros a elevarem-se, antes de haver derrube de estátuas.

Não venham lamentar a perca dos Patrimónios Materiais,

quando os Patrimónios Imateriais que os justificam, fazem parte das vossas muito queridas e muito cultivadas ignorâncias.

(como a seguir se prova:)

Image0043.JPGP. Frankopan-p.74.jpg

P. Frankopan-p.164.jpg

JacquesLeGoff-Filioque-p.148.jpg

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*Artigo 65.º(Habitação e urbanismo)

  1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
  2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado: (...)

Direitos e deveres culturais Artigo 73.º(Educação, cultura e ciência)

  1. Todos têm direito à educação e à cultura.
  2. O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e para a participação democrática na vida colectiva.
  3. O Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com os órgãos de comunicação social, as associações e fundações de fins culturais, as colectividades de cultura e recreio, as associações de defesa do património cultural, as organizações de moradores e outros agentes culturais.
  4. A criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica, são incentivadas e apoiadas pelo Estado, por forma a assegurar a respectiva liberdade e autonomia, o reforço da competitividade e a articulação entre as instituições científicas e as empresas. Ver em:https://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/constpt2005.pdf

** Ver em Peter Frankopan, As Rotas da Seda, Uma Nova História do Mundo, Ed. ÍTACA, Lisboa 2018. Nas pp, 74 e 164, a questao concreta da Dupla Procedencia do Espírito Santo (que é designada como Filioque).

*** Ver em Jacques Le Goff, com Jean-Maurice de Montremy, Em Busca da Idade Média, Teorema, Lisboa 2004, p. 148. Mais, quem não ler este livro, definitivamente, não quer compreender a Idade Média. Não quer perceber a dose de «arbitrariedade» que foi instilada no século XIX por Jacob Burckhardt (1818-1897), quando escreveu A Civilização do Renascimento em Itália. A clivagem que assim introduziu no entendimento da História. 

https://www.facebook.com/ObservadorOnTime/videos/929220357242639/?v=929220357242639


19
Set 19
publicado por primaluce, às 17:00link do post | comentar

... assuntos mudados, enigmas desvendados"

 

Podia ser um novo provérbio, vindo ao encontro da necessidade de renovação que vai na Historiografia da Arte.

Não sei se em todo o Portugal?, mas enfim, em certas escolas: das Belas-Artes à Fac. de Letras, tudo isto da Universidade de Lisboa.

Porque, tal como o país, as faculdades da capital funcionam em slow motion. Embora, com "Os Donos de Tudo Isso" muito convencidos de que são moderninhos. Pelo contrário:

E na verdade, como são mesmo donos, só por lá passa quem eles querem, e como eles querem: tão antiquado quanto possível!

Porque o arreigamento, e a vontade que têm (de não mudar nada - lá está a contradição), levam a que pensem que isso é o futuro; do que acham que é só deles, esquecendo-se, propositadamente, de que é do país...

E assim prolongando a mentalidade que tinham, para aí desde 1971, já que essa é a regra!

No entanto, como registámos - há uma ou duas horas, no facebook -, estão aí bem fortes, claríssimas, ideias que têm estado pouco divulgadas (e agora descobriram).

extractFB-19.9.2019.jpg

páginadegloriaazevedocoutinho

E por isso já lá estão, alguns dos acabados de chegar, postos na primeira fila, armados em papistas, a proclamar a mudança*.  Basta vê-los, para se constatar como tudo isto é anedótico... O que mudam de repente...

E essa mudança será o futuro? Uma tradição antiquíssima (facto que ainda escondem - , nem sequer o dominam...), mas agora, e porque dá dinheiro, faz-se novidade total?

Ficam as perguntas, dirigidas à superficialidade vigente, e aos "just arrived", porque a nossa velocidade é a de cruzeiro; a de quem faz o caminho com os seus próprios sapatos, que a cabeça escolhe/escolheu, para o conforto da passada.

E, continuando, vá-se lá saber porquê (esta questão anda connosco há décadas?**), então vamos lá atrás, aos bois e a um postal minhoto dos anos 1990, que o comprámos e escrevemos, pela graça do cenário:

Minho-JugoBois.jpg

Um cenário onde pouco ou nada sabíamos dos detalhes, mas que agora não nos surpreendem:

No detalhe, um jugo de bois - como já JOAQUIM DE VASCONCELOS tinha evidenciado -, com Iconografia Medieval. Isto é, com as mesmas argolinhas de Paço de Sousa e de Coimbra; iguais às do Túmulo de Egas Moniz e às que se vêem na Sé Velha, logo à entrada***.

Minho-JugoBois-detalhe.jpg

E ainda, se repararem com muita atenção, verão que essa ICONOGRAFIA do jugo dos bois é igual à desta janela, que é francesa, como se mostra a seguir em detalhe (com as argolas rodadas), para se verem na mesma posição.

Iconografia-minhota-jugo de bois-2.jpg

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*E se ontem escondiam e não aceitavam, hoje já se armam em mandantes da mudança!

**Damos um prémio a quem explicar a razão...

***Insiste-se, damos um prémio a quem explicar o motivo de estas imagens nos perseguirem.


12
Set 19
publicado por primaluce, às 00:30link do post | comentar

... desde meados de 1987-88, que começámos a trabalhar sobre Monserrate

 

Primeiro na Associação Amigos de Monserrate, depois na Faculdade de Letras (a partir de Out.-Nov. de 2001)

Só que aí começou uma verdadeira saga. Porque investigações feitas a sério, podem trazer resultados inesperados.

E assim foi, embora também a sério, posta fora da FLUL, impedida de aí fazer o doutoramento, e desprezada (por ser de um género menor...) na FBAUL por FABP!*

Enfim, materiais não nos faltam, desde (1) o que descobrimos, a (2) o que outros nos foram mostrando de eles próprios: como personalidade, (falta de) carácter, e as inúmeras razões para a (imensa) mediocridade de um país...

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*Alguém de cujo profissionalismo vamos sempre ter muito para relatar, incluindo as pirosadas que lhe ocorriam, para nos demover dos estudos em que estávamos absolutamente dirigidos. Prova disso o Entrecho que logo produzimos na entrada em Belas-Artes (em Maio de 2006).

 


09
Set 19
publicado por primaluce, às 00:00link do post | comentar

... ou como foi ocupando a nossa vida, desde 1987  [que é como quem diz, já quase vai em metade! (*1)]

 

Se forem ao nosso post do dia 7, e depois sempre a recuar, há muito que se pode e se há-de encontrar, desde Monserrate quando não era mais do que imagens incompreensíveis; até que muito mudou, passando a ser compreensível, e altamente falante.

Começa-se pela fotografia que regista círculos, apostos sobre a fachada do Palácio sintrense:

Os quais, para Maria João Baptista Neto (nossa orientadora de uns estudos feitos num tempo em que devêramos ter juízo, e não ir atrás de «criadoras de balelas»...*2), esses círculos teriam sido falantes; constando daquilo que eram para si (para a dita «sra. prof.», suposta orientadora) "As Origens do Gótico".

Mas enfim, as ditas "balelas", tornaram-se em sucessivas fontes e poços, repletos de informações.

Hoje interessantes e úteis, potencialmente, para todas as áreas da Cultura (e para muitas áreas científicas). Dizemos nós...

E assim podemos continuar - muito à base de imagens - a contar esta história que está cada vez mais longa, e antiga.

Em 2001, naturalmente, e sendo a curiosidade um motor poderoso, decidimos ir ver o que tinham tido, de tão especial, os Godos (Ostrogodos e Visigodos) para isso os ter levado a criar um Estilo.

[Só que primeiro foi um Símbolo, embora não visual, como todos julgam ser o único sinónimo de sinal...].

Foi então (2001-2), que quase sem dar por isso, começámos a ler sobre TEOLOGIA, e também a escrevinhar nas margens dos papéis, e em muitas folhas de apontamentos, dos nossos estudos. Nessa altura valeu-nos a New Advent Catholic Encyclopedia, e a sua explicação do FILIOQUE (sobretudo ao alertar para o nível de abstracção que sempre esteve em causa...)

Já tínhamos feito imensos gatafunhos/garatujos ou doodles - o que lhes queiram chamar. O certo é que, alertada pela New Advent Encyclopedia olhámos para eles. Eram semelhantes aos da imagem seguinte.

Mas nesta, o 1º esquema não é nosso (ver aqui - num post muito recente que dedicámos ao assunto);  acontecendo que o Professor norte-americano que o fez - esse e vários outros esquemas -, de certeza que ignora o modo como estas imagens esquemáticas estiveram na origem das formas dos estilos de arquitectura antiga, e tradicional, europeia, de raiz religiosa.

depoisConcílioNiceia-325.jpg

Porque, e isto parece-nos óbvio, caso não o ignorasse (isto é, se ele o soubesse), então para melhor expor as suas ideias, claro que teria ido buscar as referidas formas da Arquitectura; assim como as que estão em todas as outras áreas artísticas. Para depois, com esse apoio visual, explicar aos seus alunos, as (hiper) subtis diferenças teológicas que existem entre os também diferentes Credos, ou Símbolos da Fé.

Acima as imagens 2, 3, e 4 são nossas, sendo que 2 é uma adaptação de 1.

A nº 3, encontrámo-la em casa, num documento antigo, e quase em simultâneo na edição de 2000, Oxford University Press, do  dicionário de Arquitectura de James Stevens Curl.

Depois a imagem (ou o esquema) nº 4 é um «8» deitado, que a partir de muito cedo - vê-se numa patena francesa do início do século VI - passou a representar Deus, o Infinito.

Mas essa mesma representação do Infinito, como está acima no esquema nº 3, chegou - mais do que certo (e talvez ainda com o seu significado conhecido?) - ao século XX.

É que ao estar no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, no painel Começar, de Almada Negreiros (ver aqui), é inacreditável, nós não acreditamos!,  que Almada desconhecesse o seu significado ancestral.

painel-começar.jpg

Tal como há dias escrevemos, num post a propósito de Sarah Affonso e de uma pintura sua - que podendo parecer muito menos do que é - pois na verdade é anagógica (a elevar, ou como que a puxar para cima); já que era o céu e o infinito que ambos (aqui o casal Sarah e Almada) várias vezes pretenderiam evocar...

Fizeram-no através de registos, tão específicos quanto concretos (ou significantes), que ambos deixaram nas suas obras. Fizeram-no - como muitos outros do seu tempo -, ainda, e neste caso, com o mesmo sentido que tinha sido dado às Ogivas. A designação que é sobretudo associada a uma forma (dita ogival), e não ao verbo latino "augere". Que significa elevar-se, ascender na direcção do auge.

Para isso usaram sinais que alguns designam como sendogeométricos, mas que para outros são designados abstractos. Por fim, e não tardará a acontecer (dizemos nós), para a totalidade das pessoas eles serão, supostamente, insignificantes.

Um dia serão vistos como umas «verdadeiras tralhas» que se punham nas obras, sem que com elas, pouco ou nada se estivesse a acrescentar! (*3

infinito-2.jpg

painel-começar-detalhe.jpg

No futuro, só se entenderá a referência ao FILIOQUE que é feita por Almada Negreiros, na igreja de Fátima, em Lisboa, nos vitrais que são completamente icónicos... Nunca nos Arcos Quebrados - que aliás são o mote estrutural da obra - porque a sua imensa economia visual, de tão resumida se tornou definitivamente abstracta; e portanto incompreensível 

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(*1) Antes, entre muitas outras coisas (é o que hoje se depreende) estivemos a preparar o que se iria fazer depois, anos mais tarde. I. e., a preparar o que exige multidisciplinaridade, prática de visão e compreensão da composição... 

(*2) Mas fomos. Sendo que logo que pôde, «a dita» teve o desplante de nos mostrar o engodo que criou. Pois afinal, depois de encontradas as suas tão almejadas "Origens do Gótico", nunca mais a questão lhe interessou... Até que, numa primeira fase impingiu assunto Monserrate aos mais próximos, chegando à exposição que foi inaugurada em 2017. A qual lhe teria dado muito mais se tivesse treino de visão (mas cada um é como é!). Agora, tão original, e nada premeditada, segue na minha peugada, fazendo-se passar por «conhecedora» da Arte Cristã... E se temos que nos habituar, enfim que espalhe aquilo que tinha na cabeça em 2001, e me pôs a procurar. Sim, mas começando por espalhar a lição que recebeu (em Janeiro-Fevereiro de 2002) sobre a forma de trabalhar de um arquitecto: como as ideias se tornam esquemas e ideogramas. Pois é a chave de toda esta questão

Depois, e para resumir, pergunta-se:

Porque esteve Maria João B. Neto tanto tempo calada (desde 2002)?

As guerras religiosas (que vão pelo mundo) são guerras culturais. Como aliás o percebeu, muitíssimo bem, pela minha tese! Ou a investigação faz-se, os Governos pagam-na, para, havendo resultados, os principais responsáveis ficarem todos calados?

Para, ainda no caso de Monserrate, uns anos depois, ir uma Ministra da Cultura visitar um país do Próximo Oriente, e aí pedir «apoios mecenáticos» para recuperar uma casa que - Maria João Neto sabe-o melhor do que ninguém! - é o resultado das pesquisas dos "antiquários ingleses", dos seus Grand Tours, e dos membros da Diletanti Society.

Mansão que por acaso foi construída em Portugal, por quem era então um dos homens mais ricos da Inglaterra vitoriana.

Sim senhora Professora Maria João Neto, no século XVIII, quando as mentalidades se começaram a aproximar daquilo que são hoje, nesse tempo a curiosidade era diletante; hoje é Ciência. E os países, bem, gastam milhões para se reforçarem cientificamente. Porque a Ciência é útil e necessária. E tal como hoje ninguém despreza a Psicologia, do mesmo modo o que se encontrou ao estudar Monserrate, orientada por si (e bem), deve igualmente ser muito mais útil do que os "Dez reis de mel coado" que vai receber por cursinhos de A Arte Moderna e a Arte da Igreja, na Capela do Rato.

É que, embora toda esta problemática não seja um Assunto de Estado, no entanto é da maior importância!

(*3) No futuro serão vistos como acidentes superficiais, ocorridos nas obras; ou, como verdadeiros "crimes" ! Portanto podemos dizer à maneira (minimalista) de Adolf  Loos : "...que muito se poderia ter poupado no trabalho de ornamentação!"

E se temos que nos habituar (à peugada):               "...Ainsi soit-il!

                                                          Et quand la nuit est nuageuse

                                                 Il y a toujours une lumière qui m'éclaire

                                                         Éclaire-moi jusqu'à demain

                                                         Ainsi soit-il"

 

A um assunto que vai tendo barbas, mas por aqui não se esquece!


08
Set 19
publicado por primaluce, às 15:00link do post | comentar

... QUE É COMO QUEM DIZ, ALGUÉM ANDAR NO MEU LUGAR

Não gosto!

 

E por isso já escrevemos vários posts:

Em 31 de Janeiro de 2018 - https://primaluce.blogs.sapo.pt/a-proposito-de-monserrate-revisitado-405435

Em 28 de Janeiro de 2019 - https://primaluce.blogs.sapo.pt/sobre-aquelas-duvidas-que-ainda-457447

Em 15 de Novembro de 2015 - https://primaluce.blogs.sapo.pt/e-sera-que-os-historiadores-de-arte-ja-293012

Devendo destacar-se a pergunta: Será que os Historiadores de Arte já calçaram «os sapatinhos de Geómetras»?

Por que esperam? Quando vão finalmente perceber que têm que largar as suas «tamanquinhas», tacanhas, e aprender Geometria? (*). 

A DISCIPLINA que foi, como escreveu Hugo de S. Victor : 

"... la source des sensations et l'origine des expressions"

~~~~~~~~~~~~

*Como acha Maria João Neto que pode perceber, por exemplo, a obra de Almada Negreiros?

Por fim, quem julga que a História da Arte Cristã está repleta de segredos que só a Maçonaria conhece - por serem esses os Geómetras -, engana-se, a si e a quem o rodeia.

A solução dos supostos «enigmas» está no Pensamento Visual, ideogramático e cujas regras vêm da Geometria.


26
Ago 19
publicado por primaluce, às 18:00link do post | comentar

E assim por imagens - que depois estiveram na génese de formas arquitectónicas -, este é um resumo visual do que a seguir se desenvolve:

 

Post-1.jpg

As imagens vêm deste site https://taylormarshall.com/2017/09/the-filioque-as-nicene-theology-for-arian-goths-and-the-creed-of-ulfilas.html de um Professor de Teologia que usa o desenho (como aliás sempre aconteceu desde os primórdios do Cristianismo, e como estou a explicar desde que compreendi esta questão a partir de 2002, ao estudar o Palácio de Monserrate, em Sintra) para apresentar as diferentes ideias teológicas.

Em suma, com desenhos, mas sendo as regras as da Geometria (ou o equivalente a uma Gramática como acontece nos textos escritos), estes foram usados para explicar variações, extremamente sensíveis, na redacção (e expressão) do Símbolo da Fé dos Cristãos.
Vamos então de novo a esse artigo, percorrendo-o, e buscando os esquemas explicativos e correspondentes às diferentes concepções teológicas.

Post-2.jpg

Este 1º esquema corresponde à fé de Arius (e de Úlfilas chefe dos Visigodos), e à noção que tinha de Deus.
Ao ser divulgada, prontamente foi posta em causa. Quer por autores do Oriente quer do Ocidente, tendo sido o motivo para a reunião do primeiro Concílio Ecuménico, que aconteceu em Niceia (na actual Turquia), convocado pelo imperador Constantino em 325.
Nessa altura houve uma reacção (musculada) já que o imperador pretendia que houvesse unidade, e a religião não fosse pretexto para divisões internas (num Império que entretanto se tornou extensíssimo, e com uma religião que passou a ser oficial/obtigatória).
O Concílio redige então o que é designado por Símbolo Niceno (que foi o primeiro Credo ou Símbolo da Fé, posterior ao Símbolo dos Apóstolos).

As «correcções» feitas estão expressas (esquematicamente) no 2º esquema (abaixo), que resume as novas especificações teológicas.
E se o primeiro (acima) foi considerado «mais dinâmico» este é aparentemente/visualmente «mais estático» *.

Post-3.jpg

Se nos interessasse apenas a questão da génese do Arco Ultrapassado e do Arco Quebrado ficaríamos por aqui.
Mas interessa-nos também a concepção trinitária (ideias que foram registando a evolução do conhecimento de Deus - ver a seguir o 3º esquema)**.

Post-4.jpg

Mas - e agora usamos uma expressão, quase irónica, que encontrámos em Umberto Eco – “as subtilezas dos teólogos medievais” eram especialmente exigentes... O Deus Cristão, ou melhor dizendo, a Trindade Cristã tinha especificidades!
Nesse caso, o 4º esquema traduz a «concepção nicena», mas de um modo tal que (e o arranjo visual traduz essa ideia), a evolução do Credo de Arius e de Úlfilas, para o Credo latino (que o Ocidente adoptou, definitivamente, com o Imperador Carlos Magno), não corresponde a um grande «salto conceptual»***.

Post-5.jpg

Assim, e em resumo, voltamos agora no fim à imagem inicial, por ser a que melhor sintetiza o que se foi discutindo em sucessivos Concílios , e quando, de certo modo - dizemos nós -, no fim do Concílio de Trento, na sua última sessão, se percebeu que não iriam chegar os delegados dos Países Reformados. Então a questão do Filioque ficou por fim encerrada. Mas só em linhas gerais, pois até João Paulo II abordou o assunto.

[Digamos que foi o fim das maiores querelas e discussões teológicas, embora permaneçam ressentimentos e incompreensões mútuas, que são também de origem linguística, como alguns explicam].

Post-1.jpg

Deste modo também se compreendem muito melhor os designados Revivalismos do Gótico: Por que razão os Países Reformados – diferentemente dos países da Contra-Reforma – tinham na questão do Filioque um tema essencial, de que não prescindiam. Sendo que a sua aceitação como Símbolo da Fé (e como aceitação teológica) os levou a adoptarem, de novo, e depois do Concílio de Trento, a Arquitectura Gótica.
É ainda agora designada Neogótica.
Um estilo de Arquitectura que muitos vêem como uma mera e simples questão de moda; ou como resposta a uma necessidade de renovação estilística, porque estivessem «cansados» dos estilos anteriores…! 
Não lhe tendo sido conferido o direito de uma maior divulgação, até agora (e foi nesse contexto, embora sempre a levantar questões, que ainda escrevemos o nosso trabalho dedicado a Monserrate!). Ou ainda, sem ter sido reconhecida a capacidade deste estilo para responder, e da sua melhor/óptima adequação, i. e., a "conveniência estilística" para traduzir ideias muito concretas de uma religião.
Conveniência, é a palavra a que Vitrúvio chamava Décor. A qual sempre existiu como uma adequação, e uma correspondência essencial, necessária aos objectos, mas também à Arquitectura, própria da liturgia cristã.
Por fim, e neste post bem difícil de escrever (por razões que são óbvias), queremos acrescentar:

Se no título mencionámos as divisões heréticas, que existiram (e foram inúmeras), em boa verdade conseguimos não entrar nelas. Restando-nos insistir que a respectiva tradução por imagens se fez sempre, enfaticamente, com repetições retóricas, e muito decorativas. Isto é, nunca a seco, ou só com a base esquemática das imagens... 
Se aludíssemos a essa base esquemática e essencial, do estilo Gótico, teríamos de dizer que quase só aconteceu com S. Bernardo e os cistercienses: na versão, ou fase estilística do Gótico, que é a considerada mais «iconoclasta».

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

* «Mais dinâmico» e «mais estático» são qualificações que encontrei na enciclopédia da Verbo (VELBC) quando em 2002 este assunto me surgiu. Tendo ficado mais do que surpreendida, verdadeiramente atónita! Incluindo nesse nosso espanto esta adjectivação da Trindade, considerada como sendo “mais dinâmica” ou “mais estática”. Só que, mais tarde, ao encontrar a designação Pericorese então, essa «dança trinitária» já não foi uma grande surpresa…
**No entanto note-se que existe – corresponde ao chamado Credo de Atanásio – um outro esquema interessantíssimo, sobre o qual já escrevemos, e que também esteve na origem de formas arquitectónicas.
***Os povos Germânicos considerados invasores do Império Romano viram sempre em Carlos Magno (o primeiro imperador descente dos bárbaros, e fundador do Sacro-Império) um factor e símbolo de união, que não têm traído...


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